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Compreensão*

“O que seria a vida sem esquecimento.” Hans-Georg Gadamer Que bom envelhecer e esquecer, e que não devemos esquecer de viver, e que todo esquecimento é viver mais um pouco, é lembrar viver mais um tanto outro muito de vida. Porque viver é esquecer um pouco de tudo, é viver um tudo de nada dos poucos instantes vividos.  Viver e não deixar de sentir as imagens, de não deixar de provar o vento como se o olfato fosse um som a cruzar um eterno campo de vida, e nosso voltar para o tempo é cheirar mais um pouco do esquecido, do ar que passa sobre a cabeça. E um vasto oceano e todo movimento a desaguar na vida. E morder a vida com aquilo que o esquecer nos deixou sentir: Viver os últimos dias como se vivesse os primeiro anos de vida, viver por viver sem deixar de cuidar da vida. Viver sem as certezas da exatidão, das verdades, e sentir todas as verdades vividas nesse caminho de vida intensa. *Dr. Luis Antônio Paim Gomes Professor. Escritor. Editor Sulina.  Porto Aleg

Sonhar*

"Será que um sonho, depois de sonhado, acomodará mudanças no sonhador?", essa é uma pergunta intrigante que o protagonista do livro "Quando Nietzsche Chorou" elabora. Longe de responder ou concluir o tema, que penso ter raízes na poesia, gostaria sim perguntar mais, esquadrinhar uma série de dúvidas destinadas aos sonhadores que estão lendo essas linhas. A quem os sonhos são mais que um gosto doce ou amargo ao acordar, mas um alento na dureza dos dias. Penso que o próprio sonho, para alguns, pode ser um submodo, ou seja, uma maneira da pessoa lidar com suas questões íntimas. Ao lembrar e reviver o que foi sonhado, em alguns casos, se encerram questões existenciais, significados são atribuídos, para que a vida tome outros rumos. Mas ainda assim, o que é lembrado e o que é esquecido? Qual o sentimento que cada um traz de um sonho? O que acalenta ou o que atormenta? Como saber o universo de possibilidades em tantos infinitos particulares de quem sonha?

Pensamento vem de fora*

Pensamento vem de fora e pensa que vem de dentro, pensamento que expectora o que no meu peito penso. Pensamento a mil por hora, tormento a todo momento. Por que é que eu penso agora sem o meu consentimento? Se tudo que comemora tem o seu impedimento, se tudo aquilo que chora cresce com o seu fermento; pensamento, dê o fora, saia do meu pensamento. Pensamento, vá embora, desapareça no vento. E não jogarei sementes em cima do seu cimento.   *Arnaldo Antunes

Porque é Primavera*

Da natureza em cores e formas Do esplendor das açucenas De tantas flores De novos tempos Tantos afazeres e desfazeres Desprezamos um amor-perfeito Caminhamos por entre as flores Sem perceber o tempo Desperte minh'alma Para alcançar as rosas Sentir o vento Florescer nesse tempo *Fernanda Sena Filósofa. Filósofa Clínica. Poeta. Barbacena/MG

A Fragilidade dos Valores*

“Todas as coisas 'boas' foram noutro tempo más; todo o pecado original veio a ser virtude original. O casamento, por exemplo, era tido como um atentado contra a sociedade e pagava-se uma multa, por ter tido a imprudência de se apropriar de uma mulher (ainda hoje no Cambodja o sacerdote, guarda dos velhos costumes, conserva o jus primae noctis). Os sentimentos doces, benévolos, conciliadores, compassivos, mais tarde vieram a ser os «valores por excelência»; por muito tempo se atraiu o desprezo e se envergonhava cada qual da brandura, como agora da dureza. A submissão ao direito: oh! que revolução de consciência em todas as raças aristocráticas quando tiveram de renunciar à vingança para se submeterem ao direito! O 'direito' foi por muito tempo um vetitum, uma inovação, um crime; foi instituído com violência e opróbio. Cada passo que o homem deu sobre a Terra custou-lhe muitos suplícios intelectuais e corporais; tudo passou adiante e atrasou todo o movimento,

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