Pular para o conteúdo principal

Postagens

Arte de ampliar horizontes*

É a arte e não a história a mestra da existência, assim entende Fernando Pessoa. Através da arte é que advêm as manifestações mais densas do indivíduo. É a edificação de uma ponte que vai de um para o outro, encontrando a essência do outro, que se desvela em identidade singular. O contágio propiciado pela afirmação deste diálogo é o fator que alarga a existência, caracteriza o gênio, expande as ideias, como profere Kant. A ressonância criada pelo instrumento que é a arte é o que constitui a história sensível, diversa daquela composta para servir de “exemplo”, agindo como castradora, embotando os indivíduos. Respiramos uma era de transformações, de rupturas paradigmáticas que exigem novos olhares. É chegado o instante de reconsiderarmos nossas prioridades. O indivíduo que abre mão da magia da arte para influenciar no seu destino, não anseia em ultrapassar suas sânies, está condenado a não ver além, originando como consequência primeva a servidão. Ansiamos por um novo mod

O apanhador de desperdícios*

Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios. *Manoel de Barros

Colcha de retalhos*

Desenrolava O novelo de lã Na varanda De sua morada. Tricotava Sua vida Entre os nós Que fazia E em cada retalho Que juntava Ainda lembrava De quanto amara... E no embalo Da rede Do seu coração Costurava Suas saudades Entrelaçava Suas lembranças E de ponto Em ponto Se construía Numa colcha De retalhos... *José Mayer Filósofo. Poeta. Livreiro. Especialista em Filosofia Clínica. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes***

"O poema, ser de palavras, vai além das palavras e a história não esgota o sentido do poema; mas o poema não teria sentido - e nem sequer existência - sem a historia, sem a comunidade que o alimenta e à qual alimenta" "A palavra poética jamais e completamente deste mundo: sempre nos leva mais além, a outras terras, a outros céus, a outras verdades" "Condenado a viver no subsolo da história, a solidão define o poeta moderno. Embora nenhum decreto o obrigue a deixar sua terra, é um desterrado" "O programa surrealista - transformar a vida em poesia e operar assim uma revolução decisiva nos espíritos, nos costumes e na vida social" "(...) a experiência poética é um estado de exceção (...)" "A contradição do diálogo consiste em que cada um fala consigo mesmo ao falar com os outros; a do monólogo em que nunca sou eu, mas outro, o que escuta o que digo a mim mesmo" "O homem é o inacabado, ainda que s

O Viajante*

“Tudo isso é a passagem aos nossos olhos. E nada disso ela foi outrora.” Walter Benjamin Um amor além desta cidade, O verão queima as casas, os telhados brilham, Um amor além deste lugar, A vida é mais que um prato à mesa, É a fome dos fantasmas que vivem nesta cidade. Um verão a mais na vida dos meus planos, Depois desta cidade não existe mais um lugar para morar sozinho. Um amor além desta cidade só com você, Lá na beira do Sena, irei plantar meu sonho, Ele nunca morreu, irei catar lixo para sobreviver de amor. Irei morar em baixo da ponte para pagar o teu doce preferido, um amor além desta cidade é preciso. Vamos envelhecer longe daqui, que ninguém nos ouça: Vamos embora quando findar o dia, o avião não espera ninguém. Partimos!   *Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes Filósofo. Editor. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) este mundo que não sou eu, e ao qual me apego tão intensamente como a mim mesmo, não passa, em certo sentido, do prolongamento de meu corpo; tenho razões para dizer que eu sou o mundo" "(...) compreender é traduzir em significações disponíveis um sentido inicialmente cativo na coisa e no mundo" "O segredo do mundo que procuramos é preciso, necessariamente, que esteja contido em meu contato com ele. De tudo o que vivo, enquanto o vivo, tenho diante de mim o sentido, sem o que não o viveria e não posso procurar nenhuma luz concernente ao mundo a não ser interrogando, explicando minha frequentação do mundo, compreendendo-a de dentro" "A literatura, a música, as paixões, mas também a experiência do mundo visível são tanto quanto a ciência de Lavoisier e de Ampére, a exploração de um invisível, consistindo ambas no desenvolvimento de um universo de ideias" "A filosofia não propõe questões e não traz as respostas que pr

Visitas