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Fragmentos Filosóficos Delirantes*


"A palavra do ser humano é o material mais durável. Quando um poeta encarna sua sensação mais fugaz com palavras adequadas, ela vive nestas por milênios e volta a despertar em todo leitor sensível"

"Todo e qualquer livro importante deve ser lido duas vezes seguidas; em parte porque as coisas são compreendidas com mais facilidade em seu contexto quando lidas pela segunda vez e porque só se entende de fato o início depois de se conhecer o fim; em parte porque, a cada trecho, a segunda leitura fornece um efeito e um estado de espírito diferentes dos que se sentem na primeira, fazendo com que a impressão resulte distinta; é como ver um objeto sob outra iluminação"

"Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: repetimos apenas seu processo mental. Ocorre algo semelhante a quando o estudante que está aprendendo a escrever refaz com a pena as linhas traçadas a lápis pelo professor. Sendo assim, na leitura, o trabalho de pensar nos é subtraído em grande parte (...)"

"(...)Isso explica o sensível alívio que provamos quando deixamos de nos ocupar com nossos pensamentos para passar à leitura. Porém, enquanto lemos, nossa cabeça, na realidade, não passa de uma arena dos pensamentos alheios. E quando estes se vão, o que resta ? Essa é a razão pela qual quem lê muito e durante quase o dia inteiro, mas repousa nos intervalos, passando o tempo sem pensar, pouco a pouco perde a capacidade de pensar por si mesmo - como alguém que sempre cavalga e acaba por desaprender a caminhar"

"A vida real de um pensamento dura apenas até ele chegar ao limite das palavras (...)"

"Apenas uma mente excelente é capaz de oferecer algo digno de ser lido. Pois os demais se limitarão sempre a pensar o que qualquer outro pode pensar. Eles fornecem uma cópia do seu espírito, mas dela todos já possuem o original"

*Arthur Schopenhauer in "Sobre o ofício do escritor". Ed. Martins Fontes. SP. 2003. 

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