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A palavra fora de si*


A percepção dos excepcionais arranjos existenciais se movimenta em ritmo de euforia narrativa. Sua estética de viés inacabado contém presságios de reciprocidade com tudo ao seu redor. Seu vislumbre aponta rascunhos de exceção para anunciar regiões desconsideradas.

Um traço de alvoroço criativo antecipa subterfúgios de vida nova. Acrescenta rasuras à máscara bem moldada da definição. Seu aspecto de miragem delirante possui uma fonte inesgotável. Uma nascente multifacetada denuncia o refúgio de onde alça voos e mergulhos ao viver sem pensar.

Seu estado de embriaguez epistemológica sugere a quimera por onde a irrealidade se faz um saber eremita. Sendo evento de rara inspiração, aloja-se nas entrelinhas da vida. Ao desrealizar seu cotidiano, atualiza andanças pelas margens de si mesmo. Em meio à multidão estrangeira de pensamentos, sensações, ideias, o enredo visionário antevê a alquimia das múltiplas narrativas.

Assim, a autoria transborda na esteticidade da palavra fora de si, rumores de singularidade denunciam um discurso fora da lei. Sua dialética faz referência ao sujeito em páginas de grafia inconclusa, tenta descrever os extraordinários eventos desse esboço de travessia.

Um vocabulário inusitado nas mensagens de caráter estranho nem sempre reivindica tradução aos seus devaneios. Nessa fonte de matéria-prima, o espírito aprecia ser um singular experimento da natureza. Sua essência é distorção ao que intenta superar. Seu relance se aloja nas retóricas mal resolvidas, lugar de afinidade e integração de impossíveis.

O teatro das múltiplas representações esgaça os papéis existenciais, com eles a rebelião comunicativa amplia seus horizontes. Nessa linguagem forasteira uma mescla de realidade e ficção se oferece no exílio dos rascunhos, desveste-se dos códigos conhecidos. Ao acessar o sentido dessas originalidades, é necessária uma conversação com o estado de ânimo alterado da pessoa fonte.

A ênfase nos eventos do acaso pode descobrir padrões em um contexto inesperado. Para se aproximar desses refúgios da singularidade, há que se ter uma interseção privilegiada. A geografia desses esconderijos possui critérios próprios para se mostrar. Sua descrição se apresenta num esboço de ensaios para amanhãs.

Um murmúrio de terra distante atualiza a reinvenção das próprias fronteiras. Ao estar fora da linguagem cotidiana, embora dentro do dia a dia, reivindica um olhar deslocado para antever as inéditas verdades. A imersão nesses ensaios, ao relatar absurdos, desenvolve vocabulários, amplia a janelinha das representações. Enredos de ser humano em dialetos de desassossego.

*Hélio Strassburger

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