“Somos uma barragem onde se acumula o tempo, que se precipita em nós mesmos quando surge aquela que esperamos.”
Walter
Benjamin (Passagens)
Faz luz, faça chover, faça bolo, o café acorda antes
de mim,
Faço rímel, risos dos olhos escuros,
Coração guarda um segredo, flanar do mal,
A dor expõe o silêncio da vida, a pele arrepia as
cores.
O equilíbrio das pernas combina mais com o movimento,
O tempo dos braços é tão longe, tão perto do coração,
Distante do vírus de uma modernidade em fuga,
O contentamento do corpo pela casa, pensamento pelo
mundo.
Um convite, um gole, uma filosofia, um vão da alma,
O que escorre é o suor do medo, o tempo acalma,
As mãos tão distantes, o beijo atrás da vidraça,
A lágrima é pura intimidade, vives tão só.
Um Benjamin nos boulevards internos, à margem do rio,
O passante leva consigo o poema, retorno ao mar,
A passage de Montmartre é para além do medo,
O voltar da imagem que desaparece no nevoeiro,
Atravessas países, os limites da vida.
Nada descansa a alma enquanto a liberdade estiver sob
ameaças.
*Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes
Filósofo. Editor. Escritor. Livre
Pensador.
Porto Alegre/RS
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