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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Dizer e ser, palavra e coisa, pertencem um ao outro num modo velado, pouco pensado e até impensável" "(...) tanto o milagre como a quimera valem para o poeta como o que verdadeiramente lhe concerne, mas cujo ser, longe de querer guardá-lo para si, ele quer somente apresentar" "Os trechos nos quais e com os quais medimos a proximidade e a distância como intervalos constituem a sequência de agoras, ou seja, o tempo" "Hermes é o mensageiro dos deuses. Traz a mensagem do destino; é a exposição que dá notícia, à medida que consegue escutar uma mensagem. Esta proposição se transforma em interpretação da mensagem dos poetas que, nas palavras de Sócrates: 'são mensageiros dos deuses'" "Como se pode dar um nome específico ao que ainda se procura ?" "A linguagem da poesia é essencialmente polissêmica e isso de um jeito muito próprio. Não conseguiremos escutar nada sobre a saga do dizer poético enquanto formo

Onde eu moro não existe pecado*

Lá longe onde eu moro Não se fazem casas Fazem-se asas. Lá longe onde eu moro Não se fazem paredes Dorme-se em redes. Lá longe onde eu moro Moramos debaixo do mesmo teto De um céu azul. Onde eu moro, lá longe Não existe pecado Vivemos em estado De graça Uns pelos outros. E se eu não me cuidar Me apaixono de novo Mais forte e mais fundo Do que antes. Onde eu moro, bem distante O teto que nos cobre Se chama bem-querer..!! *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) uma valorização dos devaneios inconfessados, dos devaneios do sonhador que foge da sociedade, que pretende tomar o mundo como único companheiro. Por certo, essa solidão não é completa. O sonhador isolado guarda em particular valores oníricos ligados à linguagem; guarda a poesia própria da linguagem de sua raça. As palavras que ele aplica às coisas poetizam as coisas, valorizam-nas espiritualmente num sentido que não pode fugir completamente das tradições" "Os sonhos que viveram numa alma continuam a viver em suas obras" "Os mitólogos amadores algumas vezes são úteis. Trabalham de boa fé na zona de primeira racionalização. Deixam pois inexplicado o que 'explicam', porquanto a razão não explica os sonhos. Também classificam e sistematizam um tanto depressa as fábulas" "Um instante de sonho contém uma alma inteira" "É preciso que a íris do olho tenha uma bela cor para que as belas cores entrem em sua pupila.

O Homem Nômade: Esqueça as narrativas de iludir razões*

A ebulição que anima o globo é que é também a ebulição do sujeito (pensa Bataille), mas o sujeito em ebulição propriamente dito em total consumo de si. Esse é o passo para o pensamento radical. O pensamento crítico, aqui seria o da acumulação, que busca através do objeto, em pesquisa, o seu valor de “uma operação fria e calculada”. Assim, como em “1919”, Sakamoto contorna esse frio com a atonalidade melódica que vai ao seu excesso até os acordes de um pensar radical na música. O mesmo ocorre na escritura de Bataille e muitos anos antes já parecia estar na parte do liberar de energias no instante eterno das palavras.Assim como a economia se expressa pelo acumulo, mas para Bataille, ela é apenas uma soma calculada e fria que terá seu valor no instante. O instante da comunicação deixa de ser eterno para ser a energia vinda da informação e para melhor fechar a cadeia do conhecimento ela se perde no fragmento da narrativa partida.O que temos é o instante das coisas, a i

Árvore*

Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore. Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho. No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol, de céu e de lua mais do que na escola. No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo mais do que os padres lhes ensinavam no internato. Aprendeu com a natureza o perfume de Deus. Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul. E descobriu que uma casca vazia de cigarra esquecida no tronco das árvores só serve pra poesia. No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas. Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,  envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros. E tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos. Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas. *Manoel de Barros

Beija flor*

"Nem sei se posso dizer isto. Há no ar uma interrogação. Faz-se no ar silêncio. No entre, uma pausa. Desamor pulula no egoísmo. Vaidades tomam o poder. Complexos geram comparações. Julgamentos, revólveres de projeções. Críticas, jogos de saber poder. Fofocas exaltam a inveja dos impotentes. Ressentimentos alimentam mágoas. E, os ventos sopram... Raios rasgam horizontes. Outono queima as matas Num ato intenso de amor Chega o Beija-flor. Em seu bico uma gota de amor. Treme beijando o orvalho. Seduz a encantar e a despertar. Analisa e se desfaz em graça. O mínimo se torna mais, Como mágica acende a lua, Distribui amor sem nada esperar. Entrega-se às flores e goza Na dança de SerAmor,]Amando sem censura. *Rosângela Rossi in " Amando sem censura ". Ed. SerLivre. MG. 2016. Psicóloga. Escritora. Filósofa Clínica. Poeta. Livre Pensadora. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Em seus atos de libertação ele oferece como um presente as possibilidades adormecidas, e apenas quem conhece a palavra mágica é capaz de despertá-las novamente e transformá-las em alegria e festividade" "Não podendo a arte ser nacional em seus momentos de apogeu, segue-se que todo artista, na verdade, nasce em terra estrangeira. Sua pátria não está em lugar algum, situando-se apenas em seu próprio íntimo. E as obras nas quais traduz a linguagem desta terra são as suas mais genuínas" "Cada um de nós recria o mundo ao nascer, porque cada um de nós é o mundo" "(...) Ele permanece pobre, porque é incapaz de revelar a um confidente a existência dos seus tesouros, e segue solitário por não conseguir edificar uma ponte que conduza do seu íntimo para o meio exterior que o circunda. (...) Estes seres caminham pelo mundo, sem tocá-lo, portando em suas almas as estrelas mudas sobre as quais não podem falar com ninguém" "(...) O ho

Fotos históricas*

Boa tarde, A partir de hoje está à disposição, no final da página inicial do blog, nas " contribuições para uma   historicidade da Filosofia Clínica " algumas fotos dos anos iniciais da Filosofia Clínica.  Nossa equipe de produção recuperou antigas imagens de alguns eventos da Filosofia Clínica (anos 90 e começo dos anos 2000). Essa breve apresentação é apenas um recorte tímido. Aconteceu muito mais! Alguns colegas históricos possuem outros tantos acervos dessa época, desejo que também compartilhem.  Um abraço,  Coordenação da Casa da Filosofia Clínica

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"No fundo da prática científica existe um discurso que diz: 'nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar" "Se existe uma geografia da verdade, esta é a dos espaços onde reside, e não simplesmente a dos lugares onde nos colocamos para melhor observá-la" "Antes do século XVIII, a loucura não era sistematicamente internada e era essencialmente considerada como uma forma de erro ou de ilusão. Ainda no começo da idade clássica, a loucura era vista como pertencendo às quimeras do mundo; podia viver no meio delas e só seria separada no caso de tomar formas extremas ou perigosas" "(...) Charcot

Ser filósofo no século XXI*

Quer ser “filósofo” no século XXI? Comece escrevendo artigos e submeta-os a boas revistas nas quais há bons avaliadores. Um filósofo inicia sua reflexão dialogando com outros autores, compreendendo-os e discordando deles quando é possível, como Aristóteles nos ensinou. Acha que o ambiente acadêmico é despreparado? Pior é tornar-se julgador da própria obra ou se valer do julgamento daqueles que pouco sabem a respeito do conteúdo com o qual você lida. Julga algum filósofo ruim? Experimente escrever um artigo refutando-o e envie para algum avaliador que dedicou mais tempo do que você ao estudo desse pensador. Por que um artigo e não um livro? Porque, em geral, até o “menino do Acre” escreve um livro e publica por uma editora que visa unicamente o lucro, enquanto a publicação de um artigo depende da ponderação de editores e avaliadores que não recebem nada por isso e têm apenas a intenção de melhorar a qualificação da revista; e, para isso, precisam publicar bons trabalhos

Amplidão Mínima*

    [...] seu crescimento é doloroso como o de um menino e triste como o começo da primavera.” Rainer Maria Rilke Eu não minto, não meto, Descubro linhas, acerto, perco o tempo, Encontro os pontos, absurdo na meta, Desconto a vida em linha reta. Sinuosidade da morte: Acho o lúdico, súbito, mordo língua, Nado a esmo, lá no fim águas, Olhos vivos nas algas da solidão, Enfio mãos, naufrago em Mar de Espanha.[1] Afundo sonhos, renovo ideias, conto histórias, Faço o cerco, prolongo a narrativa, escapo da morte, Invento mundos, amplio a visão, mato tempo em vão, Encontro espaços entre o Nada e o tempo de viver. Histórias forjadas, atos do pensamento, nada perdido, Livros lidos nunca escritos, sonho noutros lugares, Vivo distante do meu lugar, destino no acaso faz-me errante. Nunca saio do meu canto antes de olhar a fadiga das paredes. O ser não envelhece no tempo, é mais velho que a morte dos pensamentos.      [1] Alusão ao município sem mar, Ma

Ofertas de Aninha*

Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida. Não desistir da luta. Recomeçar na derrota. Renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos. Ser otimista. Creio numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa de fraternidade universal. Creio na solidariedade humana. Creio na superação dos erros e angústias do presente. Acredito nos moços. Exalto sua confiança, generosidade e idealismo. Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente. Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil. Antes acreditar do que duvidar. *Cora Coralina

A palavra fora de si*

A percepção dos excepcionais arranjos existenciais se movimenta em ritmo de euforia narrativa. Sua estética de viés inacabado contém presságios de reciprocidade com tudo ao seu redor. Seu vislumbre aponta rascunhos de exceção para anunciar regiões desconsideradas. Um traço de alvoroço criativo antecipa subterfúgios de vida nova. Acrescenta rasuras à máscara bem moldada da definição. Seu aspecto de miragem delirante possui uma fonte inesgotável. Uma nascente multifacetada denuncia o refúgio de onde alça voos e mergulhos ao viver sem pensar. Seu estado de embriaguez epistemológica sugere a quimera por onde a irrealidade se faz um saber eremita. Sendo evento de rara inspiração, aloja-se nas entrelinhas da vida. Ao desrealizar seu cotidiano, atualiza andanças pelas margens de si mesmo. Em meio à multidão estrangeira de pensamentos, sensações, ideias, o enredo visionário antevê a alquimia das múltiplas narrativas. Assim, a autoria transborda na esteticidade da palavra fora

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Exprimir-se é portanto um empreendimento paradoxal, uma vez que supõe um fundo de expressões aparentadas, já estabelecidas, e que sobre esse fundo a forma empregada se destaque, permaneça suficientemente nova para chamar a atenção. Trata-se de uma operação que tende à sua própria destruição, uma vez que se suprime à medida que se propaga, e se anula se não se propaga. Assim, não se poderia conceber uma expressão que fosse definitiva, pois as próprias virtudes que a tornam geral a tornam ao mesmo tempo insuficiente" "Nossa língua reencontra no fundo das coisas a fala que as fez" "Na terra, já se fala há muito tempo, e a maior parte do que se diz passa despercebido" "(...) Aqui, o cúmulo da sabedoria e da astúcia é uma ingenuidade profunda" "(...) é o preço que se deve pagar para ter uma linguagem conquistadora, que não se limite a enunciar o que já sabíamos, mas nos introduza a experiências estranhas, a perspectivas que

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