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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Na Apologia, vê-se Sócrates se apresentar a seus juízes como o mestre do cuidado de si. É aquele que interpela as pessoas que passam e lhes diz: vos ocupais de vossas riquezas, e de vossa reputação e de vossas honras, mas não vos preocupais com vossa virtude e vossa alma. Sócrates é aquele que zela para que seus concidadãos 'cuidem de si mesmos'" "A filosofia está assimilada ao cuidado com a alma (...) e esse cuidado é uma tarefa que deve ser seguida ao longo de toda a vida" "(...) No Tratado da vida contemplativa, Fílon designa assim uma determinada prática dos Terapeutas como uma epimeléia da alma (...)" "Epicuro dizia: 'quando se é jovem não se deve hesitar em filosofar, e quando se é velho não se deve hesitar em filosofar. Nunca é cedo demais nem tarde demais para cuidar da alma''' "(...) não há outro fim nem outro termo a não ser estabelecer-se junto a si mesmo, 'residir em si mesmo' e a

O Estrangeiro*

Não suportamos os que são diferentes de nós porque têm a pele de cor diferente, falam uma língua que não compreendemos, porque comem rãs, macacos, porcos, alho, porque se fazem assim tão diferentes. Na vida, estamos sempre expostos ao trauma da diferença. Algumas vezes na existência, nos deparamos com situações que nos remetem ao olho do furacão, que nos deixam alienados de nossos quereres. Vamos vivendo nossa vida em compasso de espera, numa inércia de sentimentos, à mercê dos acontecimentos, onde o vazio afetivo se torna cotidiano. Habitamos nossa redoma de vidro, sem disposição ou coragem para correr riscos. Essa atitude de inércia desestabiliza nossas defesas, que foram construídas a ferro e fogo. Então, para desafiar nossos paradigmas, surge o estrangeiro, levantando simultaneamente o véu de nossa esperança e de nosso medo. Mas afinal, quem é esse estrangeiro? Consideramos estrangeiro, aquele indivíduo estranho a nós, não familiar, que nos instiga a reações incôm

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) Pessoas que encontram partes preciosas de si não em outras pessoas, mas em livros (...)" "Tudo aquilo que julgamos 'entender bem', quer dizer, dominar e possuir, está fora do literário. A leitura de um grande livro mexe com o que temos de mais instável e de mais sensível, pois joga com o inacessível e o remoto" "Em um mundo obstruído por dogmas e slogans, a função da literatura não é concluir, mas desencadear. Não é fechar soluções, mas descortinar dúvidas e perguntas. Não é oferecer imagens prontas, mas vislumbrar novas maneiras de ver" "Mais do que fornecer respostas, o papel do crítico é o de construir perguntas. O crítico é um construtor de interpretações, que são inevitavelmente parciais, incompletas e transitórias" "Caeiro tem a consciência de que a existência é móvel, é fluída, é infiel. Daí sia aposta no valor da ignorância: é muito perigoso dar um nome ao que está sempre mudando" "De

Recomeços*

Desbravo caminhos que em minha alma acordam com os primeiros raios do sol. No caminho da vida peregrino sem cessar. Contemplo as tardes com saudades das manhãs. O fruto doce das alegrias se mistura ao verde das esperanças. Em cada canto um novo canto que na melodia da alma se faz sinfonia no silêncio dos meus tantos cantos. Alma peregrina que encontra nos portos seguros os mais belos horizontes. Assim é a vida... Um eterno amanhecer que nas tardes de outono sonham com as primaveras que hão de vir. No passado de pretéritos os amores sempre novos com saudades do passado. Sempre caminhar, se perdendo nos encontros e encontrando-se nas perdas. Viver assim como o caboclo que no chão lavra a terra de certezas da chuva sempre incerta. Olhar sem desanimar, e caminhar rumo ao meu avesso que tece esperanças com as estrelas que anunciam o presente das estações. Trilhar... a vida sem medo e mesmo com medo arriscar... Perder-se... Encontrar-se... E perder-se novamente... O que de mi

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Inexperiente perante os variados e infinitos sistemas verbais, crescia-me a certeza de que as palavras me desgovernavam, eram mais fortes que eu. Em especial porque significavam inúmeras coisas ao mesmo tempo, segundo os significados que lhes desse" "A inquietude do artista (...) é inesgotável" "(...) sendo a vida um argumento soberano, cabe-lhe, na narrativa, derramar poções ilusórias, farejar estéticas inovadoras, garantir à arte a sua dimensão real" "(...) Já que a narrativa tem ciência de que a vida, fora dos limites da invenção, perde o caráter transgressor e acomoda-se. E de que, longe da utopia, a controvertida modernidade dos sonhos desvanece-se" "Ancorados neste continente, somos tantos e todos ao mesmo tempo. Polissêmicos e solitários, unos e fragmentados, favorece-nos uma mestiçagem originária do caos do sangue e da memória" "(...) repertório existencial (...) tudo que diz respeito aos que poeti

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