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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) a certeza de que as coisas tem outro sentido além daquele que estamos em condições de reconhecer"

"Há uma espécie de loucura da visão que faz com que, ao mesmo tempo, eu caminhe por ela em direção ao próprio mundo e, entretanto, com toda a evidência, as partes desse mundo não coexistam sem mim: a mesa, em si, nada tem a ver com o leito que está a um metro dela - o mundo é visão do mundo e não poderia ser outra coisa" 

"(...) este mundo que não sou eu, e ao qual me apego tão intensamente como a mim mesmo, não passa em certo sentido, do prolongamento de meu corpo; tenho razões para dizer que eu sou o mundo"

"(...) compreender é traduzir em significações disponíveis um sentido inicialmente cativo na coisa e no mundo"

"(...) o segredo do mundo que procuramos é preciso, necessariamente, que esteja contido em meu contato com ele. De tudo o que vivo, enquanto o vivo, tenho diante de mim o sentido, sem o que não o viveria e não posso procurar nenhuma luz concernente ao mundo a não ser interrogando, explicando minha frequentação do mundo, compreendendo-a de dentro"

"Assim, a relação entre as coisas e meu corpo é decididamente singular: é ela a responsável de que, às vezes, eu permaneça na aparência, e outras, atinja as próprias coisas; ela produz o zumbir das aparências, é ainda ela quem o emudece e me lança em pleno mundo"

"Com Valéry: 'a linguagem é tudo, pois não é a voz de ninguém, é a própria voz das coisas, ondas e florestas"

"A filosofia não propõe questões e não traz as respostas que preencheriam paulatinamente as lacunas. As questões são interiores à nossa vida, à nossa história: nascem aí, aí morrem, se encontraram resposta, o mais das vezes aí se transformam; em todo o caso, é um passado de experiência e de saber que termina um dia nesse abismo"

*Merleau-Ponty in "O visível e o invisível". Ed. Perspectiva. SP. 1999. 

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