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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Se há trinta anos você tivesse perguntado pelas ruas de Milão: 'Qual é a personalidade mais importante da sua cidade ?", lhe teriam respondido: Pirelli ou Falk. Hoje lhe responderiam que é Giorgio Armani, Silvio Berlusconi ou o Cardeal Martini. Em Milão, os poderosos não são mais aqueles que produzem bens materiais, como Pirelli ou Falk, mas sim os que se relacionam com imateriais" 

"A subjetividade é um fenômeno complexo. Significa que eu possuo uma tal autonomia de julgamento, que posso me permitir uma escolha baseada nas minhas necessidades e recursos, e não no fato de pertencer a algum grupo"

"O coração desta sociedade é a informação, o tempo livre e a criatividade, não só científica, mas também estética"

"(...) derrotar uma doença endêmica do seu sistema, a principal inimiga da criatividade: a burocracia"

"A experiência do nomadismo difuso obriga a nossa mente a uma dupla elasticidade: a elasticidade mental, necessária para perceber e lidar com a diferença entre pessoas, lugares e momentos diversos, para ver a realidade de ângulos diversos e para resolver problemas inéditos. E a flexibilidade prática, necessária para gerir situações que se transformam, para encontrar o fio que serve de guia à ação mesmo num contexto desorganizado, para transformar os vínculos em oportunidade" 

"Com respeito à sociedade industrial, a pós-industrial privilegia a produção de ideias, o que por sua vez exige um corpo quieto e uma mente irrequieta. Exige aquilo que eu chamo de 'ócio criativo'"

"(...) Hoje a identidade é menos ligada ao que possuo e mais ligada ao que sei. Até porque o saber se transformou em fonte de riqueza, de riqueza explicitamente material"

"A identidade depende cada vez mais daquilo que aprendemos, da nossa formação, da nossa capacidade de produzir ideias, do nosso modo de viver o tempo livre"

"(...) Os burocratas tem medo da inovação, os criativos tem medo do imobilismo. As duas posições serão cada vez mais inconciliáveis. Mas vencerão os criativos, porque a sociedade pós-industrial se alimenta de invenções, não tem outra saída, premia a iniciativa e joga para fora do mercado o imobilismo"

"A continuidade cedeu lugar à descontinuidade e a pedagogia pós-industrial deve nos ajudar a adequar, rapidamente, os mecanismos da nossa mente aos contínuos saltos lógicos que o progresso exige"

"(...) E como hoje a inovação está na ordem do dia, quem não foi educado para a descontinuidade vive permanentemente em pânico" 

"A criatividade é, ao mesmo tempo, heteropoiese e autopoiese: isto significa que adquiro materiais dos outros (heteropoiese), mas os reelaboro dentro da minha mente até chegar a uma visão nova (autopoiese)"

*Domenico de Masi in "O ócio criativo". Ed. Sextante. RJ. 2000. 

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