Em quais parâmetros o filósofo clínico me enquadra?*
O filósofo clínico não
aconselha com teses filosóficas. Seu método foi construído a partir de diálogos
com filósofos. Mas, com contínuo contato com pessoas. O método sistematizado da
clínica filosófica é um caminho para compreender pessoas e as melhores maneiras
de ajudá-las em suas questões. Por isso, não há fórmulas, lista de
diagnósticos, modelo ideal a ser alcançado ou para servir de parâmetro
normativo, muito menos regras para atingir um bem-estar. Ao ouvir a história de
quem procurou seus cuidados, o filósofo clínico compreende o contexto (exames
categoriais), o que constitui a pessoa (estrutura de pensamento) e os meios
(submodos) que ela já possui para atuar existencialmente ou se será preciso
apresentar novas possibilidades. Lidar com pessoas não é uma ciência exata nem
uma adequação a uma proposição universal. Estamos no campo das aproximações, da
sensibilidade, da percepção, da plasticidade.
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Como assim? A filosofia
clínica não tem padrões de procedimentos?*
Em filosofia clínica, não há indicações
padronizadas sobre o bem viver. Algo que é bom para uma pessoa, pode ser ruim
para outra. Essa noção é radicalizada a ponto de constituir o procedimento de
trabalho do filósofo clínico. Há um método construído e atualizado a partir de
atendimentos e pesquisas. Ele oferece meios para compreender o outro e proceder
de modo personalizado, segundo a estrutura constituinte de quem procura os
cuidados do terapeuta. Essa compreensão está na história de vida da pessoa e
seus contextos (historicidade e exames categoriais), nos elementos que a
habitam (estrutura de pensamento) e em seu modo de proceder (submodos).
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A Filosofia Clínica é um
método terapêutico filosófico que tem como pressuposto a noção de que cada
pessoa possui uma representação de mundo. Derivando de noções de Protágoras
para o qual “o homem é a medida de todas as coisas”, atualizado em Schopenhauer
que ensina que “o mundo é minha representação”, Lúcio Packter percebeu que cada
pessoa representava o mundo a partir de seu contexto, historicidade e os
elementos que a constitui estruturalmente. O filósofo clínico é aquele que
busca aproximar-se ao máximo da representação de seu partilhante. Isso ocorre
por aproximação e não por exatidão.
*Prof. Dr. Miguel
Angelo Caruzo
Filósofo. Professor. Escritor.
Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ
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