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O hóspede do poeta*

“Se todo tempo é eternamente presente

Todo tempo é irredimível.”

T. S. Elliot

 

O início, a flor da vida, a lua estendida no final da rua,

A infância, o clarão do dia que revela a vida dos olhos,

Depois vem o nascer, do que vem o choro,

Amor puro, a única coisa que preenche a memória nua.

 

O estar dentro no mundo das coisas esquecidas,

E tudo brilha, o turbilhão que nasce, a noite que assusta,

O dia muda, a noite que esquece o lamento do acordar,

A noite que abriga a solidão, estrelas para se beijar,

O chão para rastejar durante o dia é o que sobra.

 

Assim se passa à outra fase: esquecimento é mútuo,

O corpo avança, o corpo descola o tudo, a infância dá adeus,

Depois dorme, renasce no movimento da Terra,

A morte não existe, o vitalismo esconde o medo,

Solidão, a terapia da compreensão dos adeuses.

 

Um dia acordar ao lado de dentro do corpo,

Que aquece, o que se fala, do que se sente,

Tudo é um tocar nas paredes do desconhecido,

Na dança o que move o ser, voa até o ausente,

Na sequência de todos os sons, uma voz em prazer.

 

Afrobeat no coração, amor dos movimentos nas águas,

Os lábios úmidos de tanto sorver o tempo,

Um estribilho das fases da vida, um estilo,

Raízes em todos os lugares, o haver percorre a dor,

O trem aquece o gelo do distanciamento.

Fenda, lugar poético imaginar a morada do filósofo,

Dos esquecidos do mundo material, é o paraíso natural,

O único lugar em que a inspiração transpira na linguagem da pele,

O corpo que se move nas águas no peso dos músculos que já não podem mais abraçar o mundo.

*Prof. Dr. Luis Antonio Gomes

Filósofo. Editor. Poeta. Livre Pensador.

Porto Alegre/RS

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