Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2021

O que é ser saudável ?*

  Se existisse isso de ser saudável e talvez a pessoa dissesse sempre aquilo mesmo que pensa, trabalharia em algo que tem a ver com ela, teria amizades por afinidade, faria amor com quem ama.   Existisse mesmo a pessoa saudável e Deus estaria com ela, os pássaros viriam ter com ela nas janelas e as janelas se abririam para o mundo. As crianças teriam escola e cresceriam com esperança - que não seria mais uma utopia. Os velhos seriam então apenas velhos e os adolescentes teriam a descarga adequada para seus dez mil hormônios.   Haveria ainda solidão, tristeza, medo, ansiedade, é claro, e por que não ? Mas apenas às vezes, e seriam desejáveis porque ensinariam. A pessoa ficaria triste porque ocasionalmente isso é parte da vida, mas não estaria costumeiramente triste.   Existisse a pessoa de fato saudável e eu não precisaria escrever este artigo, não teríamos livros de auto-ajuda nem de hetero-ajuda, as escolas de psicologia virariam respeitáveis museus e os médicos tratariam de con

Quer saber o seu futuro?*

Se você teve a sorte de vir a este mundo, continua vivo e tem condições de pensar, em algum momento vai procurar respostas sobre as grandes perguntas da vida. Como tudo começou, como vai terminar, qual a razão de tanto sofrimento, o que acontece após a morte... E basicamente vai ter dois caminhos para escolher.  Segundo a Ciência, houve uma grande explosão no espaço em que um átomo primordial se expandiu. Teoria do Big Bang. Como resultado da explosão, uma esfera incandescente se resfriou, originando o universo. Reações químicas foram se desencadeando ao acaso formando micro organismos que evoluíram até chegar ao que conhecemos hoje como “Homem”. Segundo a Bíblia, Deus criou o céu e a terra. Durante seis dias foi criando o ar, a água, as árvores, animais e, por último, criou o “Homem”. No sétimo dia descansou. O que Deus fez em seis dias, segundo o Gênesis, a natureza parece ter levado quinze bilhões de anos. A Bíblia conta 5781 anos desde a criação do mundo, a Ciência estima a i

O que é Filosofia Clínica?*

A Filosofia Clínica foi criada pelo médico gaúcho, Lucio Packter que, insatisfeito com algumas abordagens terapêuticas, na década de 80, pôs-se a viajar pelo mundo em busca de novos métodos para conhecer e cuidar o ser humano em sua integralidade. Mesmo conhecendo a filosofia de aconselhamento na Europa e a filosofia prática, nos EUA, iniciou suas próprias pesquisas, resultando no que chamou de Filosofia Clínica. A Filosofia Clínica é uma abordagem terapêutica que visa trabalhar as questões existenciais do paciente que, em Filosofia Clínica, é chamado de partilhante, porque na dinâmica da clínica filosófica, o que existe é uma construção partilhada que se dá através da interseção (modo de relação) de ambos na busca por um conforto existencial. É Filosofia porque parte da inspiração de seu método a partir da pesquisa dos filósofos ao longo da história do pensamento ocidental. E é Clínica porque pretende ser aplicada ao todo do homem, do sujeito que procura a terapia, na intenção de

Só a Gil*

  “Como eu aqui agora Pensando sobre o além Já não haverá o além” Gilberto Gil     Como é bom te ouvir, te ver Gil, é bom ver Gilberto Gil, te sentir, ouvir a voz, sentir o veludo de tua voz da pele na música. Deslizar nos sentidos. Como é bom sentir tua presença, a infinita paixão, o amor quântico, o riso protetor de tua voz, a melodia em meu caminho, o caminhar da tua vida na solidão dos caminhantes. Como é bom te ter, dentro, diante de ti no mais elevado prazer, gozar te ouvindo. Vendo-o cantar, nesses anos todos de minha vida senti mais o humano de tudo que vivi. Como é bom preparar meus dias, ouvir tua voz no fundo, no quarto ao lado, no soluço do amor, na viagem que não acabou, na consideração de um dia ter sido o que sou. Como é bom poder abrir os olhos e saber que existe, que me acompanhou durante esses anos todos que vivi, nos amores que tive, nas fugas que fiz, nos adeuses que sempre te ouvi. Me acompanha na distância da poesia que é onipresente. Passei diante de

A palavra mágica*

“Vive a tua hora como se gravasses o teu nome na epiderme de um tronco novo. Mas não voltes mais tarde para junto dessa árvore, porque podes não reconhecer o teu nome nas cicatrizes das velhas letras.”                                                                        Felippe D’Oliveira   Sua tez de singularidade maldita refere uma simbologia em viés de encantamento. Na veemência discursiva compartilha uma fatia generosa de paraíso. O sagrado_profano esboça uma íntima convivência com a reciprocidade. Os significados apreciam aliar-se aos papéis existenciais de travessia. Assim o feitiço da palavra como medicamento aprecia as estruturas mutantes envolvidas na interseção. Ao sugerir a cidade das maravilhas, é possível um novo entendimento e relação com o universo interior. Sua fonte de inspiração, muitas vezes, se faz menção em dialetos de esquiva. A magia, um pouco antes de ser representação traduzível, aprecia transbordar nalguma forma de excesso. Uma fenomenologia em aromas

Filosofia Clínica e os rótulos*

  Os Papéis Existenciais são rótulos em Filosofia Clínica. Segundo Lúcio Packter, o tópico estrutural XXII – Papel Existencial diz respeito aos rótulos, aquilo que a pessoa utiliza como princípio de identificação, mas, em alguns casos, esta identificação pode ser uma roupagem.    Como podemos identificar um Papel Existencial? Na historicidade da pessoa aparecem os Papéis Existenciais ou rótulos por nomeação direta, como: “eu sou filho”, “ eu sou pai”, “eu sou terapeuta” e assim por diante. Esta pessoa está dando um parecer sobre uma roupagem existencial com a qual se apresenta em diferentes âmbitos da existência dela. A própria pessoa é quem confere nomes ao Papel Existencial. Ele é atribuído por ela mesma, muitas vezes, para cada circunstância de sua vida. Compete à própria pessoa assumir e ter isso para com ela como um Papel Existencial ou não. É possível um Papel Existencial fazer parte da pessoa, mas sendo atribuído de fora para dentro por outra pessoa, isso via agendamento

Leituras Clínicas*

  “O ponto de vista Partilhante, ao se deixar acessar pelos termos agendados, reivindica um leitor de raridades. O fenômeno terapia aproxima papéis existenciais da clínica com a arqueologia. Sua estética cuidadora, a descobrir e proteger inéditos, mescla saberes para acolher as linguagens da singularidade.”                    Hélio Strassburger   O trecho citado está na obra “A palavra fora de si” do professor Hélio e especificamente no texto dedicado “As linguagens da terapia”. Aqui é essencial dar-se conta de que o veículo que nos faz percorrer caminhos dentro do espaço clínico é a linguagem, e nesse sentido, é papel do cuidador dar espaço de passagem e fornecer proteção às cenas que se revelam sessão após sessão, acolhendo o conteúdo. Durante esses 4 anos de clínica, atendi algumas mulheres (sim, hoje falarei delas). Sou grata pela confiança que depositam no processo clínico, sei dos meus limites de filósofa clínica aprendiz, isso não nos impede de fazer boas construções compart

Anotações e Reflexões de um Filósofo Clínico*

  O que significa dizer que o filósofo clínico é um aprendiz? Embora seja apresentado em cursos que variam entre 18 e 24 meses, o conteúdo da filosofia clínica preencheria tranquilamente uma formação de quatro anos com a carga horária de uma graduação. Ainda assim, continuaria sendo um curso com conteúdos introdutórios. Um filósofo clínico aprende a teoria, realiza a formação da prática, mas precisará continuar seus estudos teóricos e práticos por toda a vida. A alma humana não se esgota em uma formação. O certificado que habilita à clínica é uma autorização e não a comprovação de que não há nada mais a ser aprendido. A filosofia clínica é um aprendizado para a vida toda. Hoje, dez anos depois de ter iniciado minha formação, me vejo tão iniciante quanto meus alunos que estão há alguns meses na formação. Meus professores são os filósofos clínicos com os quais converso, os artigos e livros que leio, os áudios e vídeos que acompanho, e os partilhantes que atendo semanalmente. Ser fi

Conexões Profundas. Precisamos?*

  Ao longo de um dia podem ser dezenas; ao longo de uma vida, dezenas de milhares. Pessoas outras, no mundo, com as quais nos encontrarmos, existem pelo menos sete bilhões. Mas com quantas podemos construir conexões profundas? E por que isso é importante?   As relações superficiais são tão necessárias quanto o ar que respiramos. Cabem no happy hour depois do trabalho, no vôlei de praia aos finais de semana, no café ou chopp de vez em quando. A pauta: amenidades... Falamos sobre o desempenho do time do coração, sobre a adequação na escolha de um determinado ator para determinado papel, sobre o meme que foi sensação das mídias sociais naquele dia.   Por outro lado, as conexões profundas são vitais, pelo simples motivo de que necessitamos, em alguma medida, elaborar nossas questões. Quanto tempo conseguimos fugir, negar, maquiar nossas dores, frustrações, vulnerabilidades, sem um único “eu te entendo”, mesmo que venha acompanhado de um “você sabe que vacilou, não”? Terapeutas estão co

Fiz cinquenta anos, e agora?*

A medicina diz que começamos a envelhecer a partir dos 30 anos de idade. Comigo não foi bem assim. Comecei a envelhecer quando meu filho nasceu. Por coincidência tinha justamente trinta anos. Achava que como pai tinha responsabilidade financeira e gastava todos meus dias trabalhando para sustentar a família. Chegava em casa tarde da noite, acabado de tanto cansaço, mal conseguindo aproveitar o calor de um lar. Voltei a ficar jovem quando nasceu meu neto.    Brincamos juntos todas as manhãs na pracinha do bairro e me renovo todo dia.     Comecei a envelhecer quando me preocupei em esconder os primeiros fios de cabelo branco. Rejuvenesci quando deixei os grisalhos crescerem natural e desalinhadamente por cima das orelhas. Sentia-me um velho trabalhando sem prazer, amargurado, reclamando e só pensando no dia da minha aposentadoria. Depois de aposentado, virei criança. Esta conversa de envelhecer depois dos trinta começava a cair por terra. Pensava que depois de ficar viúvo, a vida não

As Linguagens da Terapia*

O espaço compartilhável da clínica aprecia se constituir num acordo de singularidades. Um desses lugares onde a interseção dos personagens pode acontecer. O veículo capaz de transcrever essa objetividade fugaz é a linguagem. As palavras, ainda quando silenciadas, convidam, pela atualização discursiva, a ingressar nos inéditos cenários. Uma pronúncia das vontades costuma elencar o mundo como representação da pessoa. As palavras escolhidas para dizer, pensar, imaginar, constituem um aprendizado fundamental à atividade clínica do Filósofo. A aventura pessoal descrita na história de vida se utiliza de códigos linguísticos próprios.   Esta página em branco, inicialmente, rascunha-se em borrões. Seu vocabulário vai fazendo sentido na continuidade dos encontros, qualificação da relação, aprendizado da nova língua. Os deslocamentos da introspecção, compartilhados na hora-sessão, convidam a reviver eventos pelo viés atual. No entanto, ainda assim, o interior das palavras aprecia guardar um

Livro dos Dias*

  “...a recordação de certa imagem não é senão saudade de certo instante...”                                                  Marcel Proust   O que resta desses dias, do ano que se extingue, como se simplesmente pudéssemos abrir mão da memória e deixar que o esquecimento decrete o fim? O que ainda existe para terminar, ainda é uma música a tocar, um dia mais, só mais alguns minutos para ir ao próximo ano. De ir acima no voo mais distante, depois voltar lá do alto para as profundezas, num mergulho de resgate, de captar o que de bom está no que já está para acabar, jogar tudo dentro da alma, depois voltar do fundo, na bagagem o peso, a leveza no voo para novamente subir ao próximo dia. A noite será testemunha, o tempo ficou um pouco nebuloso, logo o sol voltará a brilhar, e voar ao desconhecido foi o que mais se fez durante esse tempo todo, entre sonhos, a viagem é poder sentir o som de tudo, do silêncio, o canto do pássaro que acorda junto do corpo que continua emergindo das águas

Agora é oficial! Vai acontecer!

  Em 2021, a Casa da Filosofia Clínica - Escola de Altas Habilidades , abrirá sua primeira turma com aulas on-line . Essa inovação será possível pelos acordos de cooperação entre o Conselho da Casa da Filosofia Clínica, Direção Geral e Coordenação de Cursos. As vagas serão limitadas. Pré-requisito: Graduação concluída em curso superior ou cursar Filosofia. Mais informações e pré-inscrição com a Coordenação de Curso : heliostrassburger@casadafilosofiaclinica.com Porto Alegre, RS, dezembro de 2020.   Direção Geral

Visitas