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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) uma oportunidade de transformar o exílio em trunfo, de lhe conferir valor criativo. Pois ele pode ser fecundo, não apenas porque obriga a pessoa a recriar o solo que foi perdido, de uma maneira ou de outra, mas também porque coloca em relação culturas diferentes (...)" "Como diz Le Clézio, os grandes inovadores da humanidade foram nômades, que se alimentavam 'da relação e que, a cada vez, transgrediam as regras da territorialidade'" "(...) em certo sentido, todos nós somos exilados, pois nos é preciso, ao longo de toda a vida, levantar âncoras, deixar portos aos quais estamos apegados para chegar em ouros (...)" "A menos que esteja congelada, enrijecida, destinada a uma repetição perpétua, a vida é movimento, deslocamento - sobretudo na época contemporânea, na qual a aceleração das mudanças colocam diante de nossos olhos um mundo constantemente remodelado, que obriga a redefinir, sem cessar, o lugar que nele ocupamos, o

O amor e a eternidade*

Balança a vida Ao doce vento Da brisa tão suave Alegre-se nas idas e vindas Pois o teu primeiro amor Ainda está por acontecer Pois na vida não há Nem um primeiro amor Menos ainda um último Balança e imagina Pois na vida não há Um amor que seja maior Nem outro que seja menor Senão que cada amor É sempre um primeiro É sempre o mais atual... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Há metáforas que são mais reais do que a gente que anda na rua. Há imagens nos recantos de livros que vivem mais nitidamente que muito homem e muita mulher" "Por que exponho eu de vez em quando processos contraditórios e inconciliáveis de sonhar e de aprender a sonhar ? Porque, provavelmente, tanto me habituei a sentir o falso como o verdadeiro, o sonhado tão nitidamente como o visto, que perdi a distinção humana, falsa, creio, entre a verdade e a mentira" "Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo ? O universo não é meu: sou eu" "(...) Sou navegador num desconhecimento de mim. Venci tudo onde nunca estive. E é uma brisa nova esta sonolência com que posso andar, curvado para a frente numa marcha sobre o impossível" "Qualquer coisa, conforme se considera, é um assombro ou um estorvo

Ouvir e compreender*

Não deveria ser tão comum haver tantas pessoas confundindo radicalmente ouvir com julgar. Ouvir é tão terapêutico, é tão regenerativo, é tão necessário, é tão libertador e é sempre uma grande fonte de aprendizado e fortalecimento recíproco. Já julgar é mais fácil, é mais vil, mais instintivo e é ao mesmo tempo a própria precariedade da auto-observação e do autoconhecimento se manifestando e infectando tudo a que consegue tocar. Julgar é a falência do ser cristão ou a decadência de qualquer ser humano. E curiosamente quem já caiu por inteiro nessa armadilha da vaidade e do egocentrismo a cada dia mais potencializa o seu veneno e o seu desejo de punir e condenar a todos e a tudo aquilo que não condiz com os seus caprichos e com a sua hipocrisia. Entretanto, talvez não haja melhor radiografia do caráter de uma pessoa que senão observar se ela é capaz de ouvir ou apenas de julgar. Quem tem a grandeza de ouvir tem o poder da compaixão, da solidariedade, da tolerância e do respei

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) o surgimento da novidade é uma propriedade dos sistemas abertos, o que significa que a organização tem de abrir-se a novas ideias e conhecimentos. Para facilitar o surgimento da novidade, é preciso criar essa abertura - uma cultura de aprendizado que encoraje o questionamento constante e recompense a inovação. As organizações dotadas de uma tal cultura valorizam a diversidade e, nas palavras de Arte de Geus: 'toleram atividades marginais: experimentos e excentricidades que dilatem a sua margem de conhecimento'" "Os artistas e cientistas nos descrevem com frequência esses momentos de perplexidade e maravilhamento, em que uma situação confusa e caótica cristaliza-se milagrosamente para revelar uma ideia nova ou a solução a um problema antes indecifrável. Uma vez que o processo do surgimento espontâneo é totalmente não-linear e envolve múltiplos anéis de realimentação, não pode ser perfeitamente analisado pelo nosso raciocínio linear convencional, po

A casa desprezada*

Uma empresa privada, bilionária, com licenças para explorar nossa terra, por irresponsabilidade de quem quer multiplicar a riqueza a qualquer custo, causa a morte de vidas humanas, animais e vegetais nas proximidades de sua instalação e, por meio dos rios, quem sabe o quão longe a morte chegará. O povo pobre, que vive nos arredores dessa empresa bilionária, pagará o preço. Não é a primeira vez e não sou inocente a ponto de achar que será a última. "Quanto menos estado, melhor", dizem os iludidos com o sonho de um mundo em que todos os grandes empresários são solidários. Não é necessário ser marxista para ver que o que importa para a Vale é o lucro. Quem socorre são os braços do estado: bombeiros, defesa civil, policiais, SUS etc. Ao mesmo tempo, populares se mobilizam para enviar doações. Os que não doam bens, doam tempo, dedicam suas vidas para confortar os sobreviventes. A Vale talvez pague algumas multas, seus representantes chegarão a passar por um tempo f

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) os amigos da humanidade e da perfectibilidade que acreditam que o ser humano almeja a felicidade e a vantagem quando na verdade ele também anseia por sofrimento, essa única fonte do conhecimento, e não deseja o palácio de cristal e o formigueiro da perfeição social, jamais abrindo mão da destruição e do caos" "(...) Há ainda coisas que o homem tem vergonha de revelar a si mesmo, e cada indivíduo vai colecionando uma quantidade bastante grande dessas coisas. Sim, podemos até dizer que, quanto mais correta for uma pessoa, maior será o número dessas coisas" "(...) certas conquistas da alma e do conhecimento não podem existir sem a doença, a loucura, o crime intelectual" "(...) aquilo que resulta da doença é mais importante e estimulante para a vida e sua evolução do que qualquer normalidade aprovada do ponto de vista médico" "A natureza não oferece paz, simplicidade, univocidade; ela é o elemento da interrogação, da

História(s) humanas*

"Madrugada, um céu de estrelas E a gente dorme Sonhando com o dia" Caetano Veloso Cansado da comicidade, da urbanidade na palavra média da média elitizada, estou carente de revolta, estou ansioso, perdido como nunca, em transição permanente livre para refletir, para ouvir Caetano nos complexos dos nexos e ler o que sempre gostei. Estou na leitura, pois como disse Gadamer “pois Ser-humanista significa saber ler”. Atento à leitura a vida fornece a liberdade de ler, a possibilidade ter a crítica na palavra que discorre e revela a imagem. O tempo é de leitura, de pensar, de espedaçar as nuvens que ocultam o disfarce da história, também, é o real olhar desatento. Estou cansado de mentes possuídas, de ideias conjuncionais, o mar é da cor do que é, a cor dos meus olhos é o que é, a roupa que visto é minha pele. Todas as cores no meu Ser. A única tradição que existe em mim é o legado do estar no mundo: a leitura é a prova de tudo.   *Prof. Dr. Luis Anton

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A ideia de literatura, esse vasto e difuso corpus que inclui poemas, contos, romances, novelas sob o título também genérico de ficção, é portanto uma firme e bem cuidada construção histórica, a partir da qual iluminamos o passado, criamos trilhas e inventamos ancestrais" "(...) O escritor tem de saber que a voz que ele escreve em cada instante do texto não pode ser completamente a dele" "É provável que todo escritor trabalhe em graus diferentes de entrega, atendendo a um e outro leitor, em ondas sutis, talvez mais pelo acaso da criação que por uma suposta consciência determinante ou uma escolha objetiva" "Toda leitura deixava essa aura milagrosa da 'transformação'; a simples ideia de literatura que começava a se formar na minha cabeça incluía um excedente existencial que fatalmente mexeria com tudo que dissesse respeito à vida" "(...) Todos tinham algo a dizer mas ninguém tinha nada  para conversar" &q

Dos sentidos da leitura*

                                      Uma obra pode se traduzir em múltiplas direções. Ao reescrever-se aprecia significar, criticar, derivar, tendo como ponto de partida uma autoria. Os sentidos da leitura se deixam encontrar nos recantos da literalidade, onde a história, seus personagens e roteiros convivem com uma mensagem em movimento.    A plasticidade de seu discurso se atualiza na re_visão de cada página. Num enredo deslocável, multiplica-se de acordo com a estrutura do leitor. Ao inexistir um só olhar, é possível desler o teor narrativo do autor inicial. Para superar a primeira vista e reiniciar a obra, muitas vezes, é preciso subverter suas origens, descobrir um não querer ser dito, nas entrelinhas do discurso primeiro. A chance de se reconhecer por inteiro na obra é muito rara, quase sempre restarão acréscimos, discordâncias, críticas à narrativa precursora diante do fenômeno leitor. Um texto, embora possa oferecer uma polissemia hermenêutica, possui uma coerência

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A ciência normal não tem como objetivo trazer à tona novas espécies de fenômeno; na verdade, aqueles que não se ajustam aos limites do paradigma frequentemente nem são vistos. Os cientistas também não estão constantemente procurando inventar novas teorias; frequentemente mostram-se intolerantes com aquelas inventadas por outros (...)" "A ciência normal, atividade que consiste em solucionar quebra-cabeças, é um empreendimento altamente cumulativo, extremamente bem-sucedido no que toca ao seu objetivo: a ampliação contínua do alcance e da precisão do conhecimento científico" "A ciência normal não se propõe descobrir novidades no terreno dos fatos ou da teoria; quando é bem sucedida, não os encontra" "(...) em departamentos de filosofia, dos quais têm brotado tantas ciências especiais" "Como pode tais teorias brotar da ciência normal, uma atividade que não visa realizar descobertas e menos ainda produzir teorias ?"

Uma viagem literária*

Gozo d’alma. Um profundo prazer, Que chega a doer, Ao ler cada linha De bom e rico livro. Quanta alegria, Mesmo na angústia Diante do texto real. Sinto nas entranhas A voz do autor, No seu murmurar Por vezes trágico. Com ele choro e rio, Aprendo e desaprendo. Ele vive em cada palavra, Fortalece em cada página. Somos um, cúmplices, Sem espaço, nem tempo, Eternos na viagem literária. Bem digo-o e o celebro. Quem tem o hábito de ler Sabe da magia de ser Amante voraz dos livros. Não há espaço para solidão. Só falta espaço nas estantes Para os viciados na literatura. Haja tempo para tudo ler! *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica. Livre Pensadora. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos Delirantes*

"A palavra do ser humano é o material mais durável. Quando um poeta encarna sua sensação mais fugaz com palavras adequadas, ela vive nestas por milênios e volta a despertar em todo leitor sensível" "Todo e qualquer livro importante deve ser lido duas vezes seguidas; em parte porque as coisas são compreendidas com mais facilidade em seu contexto quando lidas pela segunda vez e porque só se entende de fato o início depois de se conhecer o fim; em parte porque, a cada trecho, a segunda leitura fornece um efeito e um estado de espírito diferentes dos que se sentem na primeira, fazendo com que a impressão resulte distinta; é como ver um objeto sob outra iluminação" "Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: repetimos apenas seu processo mental. Ocorre algo semelhante a quando o estudante que está aprendendo a escrever refaz com a pena as linhas traçadas a lápis pelo professor. Sendo assim, na leitura, o trabalho de pensar nos é subtraído em grande parte

Terapia é...*

Terapia é um espaço , com uma terra fértil, que ajuda a desabrochar as mais lindas flores. Ao desabrochar se descobre espinhos, folhas mortas e até galhos tortos. Detalhes que compõe uma flor única. Mas são apenas partes que constituem o todo da flor. Terapia é significar, é resignificar, é dançar entre as linguagens que formam o mundo de cada um. É descobrir para onde as tuas asas podem te levar, ou melhor ainda, é poder escolher para onde deseja que tuas asas te levem. Terapia é contato com as suas verdades, é poder brincar com essas verdades e, quiçá, descobrir que o que existe é apenas um espaço infinito de possibilidades de verdades. Terapia é descobrir que você faz parte de um todo, mas também é autônomo e tem as suas próprias escolhas. Fazer terapia é escolher para si mesmo desprender-se das grades de uma prisão, é poder se colocar sem se defender das mesmas e de se mudar para um local no qual lhe traz felicidade existencial. É escolher ser Feliz a ter

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