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Ouvir e compreender*



Não deveria ser tão comum haver tantas pessoas confundindo radicalmente ouvir com julgar. Ouvir é tão terapêutico, é tão regenerativo, é tão necessário, é tão libertador e é sempre uma grande fonte de aprendizado e fortalecimento recíproco. Já julgar é mais fácil, é mais vil, mais instintivo e é ao mesmo tempo a própria precariedade da auto-observação e do autoconhecimento se manifestando e infectando tudo a que consegue tocar.

Julgar é a falência do ser cristão ou a decadência de qualquer ser humano. E curiosamente quem já caiu por inteiro nessa armadilha da vaidade e do egocentrismo a cada dia mais potencializa o seu veneno e o seu desejo de punir e condenar a todos e a tudo aquilo que não condiz com os seus caprichos e com a sua hipocrisia. Entretanto, talvez não haja melhor radiografia do caráter de uma pessoa que senão observar se ela é capaz de ouvir ou apenas de julgar.

Quem tem a grandeza de ouvir tem o poder da compaixão, da solidariedade, da tolerância e do respeito as diferenças. Quem tem a fraqueza grande de julgar tem bem grande a covardia da violência principalmente sob aqueles que não podem se defender.

Mas, por outro lado, é surpreendente convir que quase sempre é nos mais feridos que percebemos as maiores aptidões para curar os outros.

Portanto, provavelmente nisso tudo haja uma oportunidade concreta de compreender que esse dom presente em tantos feridos e injustiçados só se justifica mesmo é para nos ensinar que devemos sim é cuidar do que nos prejudica visando a superação, enquanto cultivamos o que nos favorece buscando a sua multiplicação para dividirmos e somarmos. Musa!

*Prof. Dr. Pablo Mendes
Filósofo. Educador. Escritor. Filósofo Clínico
Uberlândia/MG

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