Se você só vê gente
viva e já acha que está de bom tamanho; se o mais próximo que chegou de um
gnomo ou fada foi através de desenhos animados; e se até considera viagem
astral uma ideia bem bolada, mas prefere apreciá-la em relatos alheios, esta
crônica é pra você. Pra você que, assim como eu, também é uma pessoa comum. Ou
seja: nunca viu espírito, não tem o dom da clarividência, não faz ideia de como
se hipnotiza alguém e também não consegue ir muito além do ascendente nas
interpretações de mapa astral.
Somos pessoas comuns,
com nossas limitações, mas também com potencialidades e é sobre elas que quero
falar. Muito embora não consigamos acessar esses níveis mais sutis da
existência, nós, seres humanos comuns, também temos poderes. Super poderes, pra
falar a verdade! Cito quatro, primordialmente: autoconhecimento, autogoverno,
auto-superação e auto-esquecimento.
Autoconhecimento é
olhar com honestidade e franqueza pra si mesmo, analisando virtudes e
qualidades, mas também fragilidades, defeitos, manias... Nada fácil, não é
mesmo? Uma análise de fato realista de si exige poderes incríveis dos seres
humanos.
Autogoverno é, a partir
da consciência dos próprios defeitos, a cada dia que passa aumentar o controle
sobre eles. Ou seja: reconhecer e conviver bem com as fragilidades da nossa
personalidade, não deixando que elas prejudiquem nosso dia-a-dia. Exemplos
práticos: preguiça e timidez.
A autossuperação, com
base no auto-conhecimento e disposição para o auto-governo, é a cada dia
procurar fazer mais e melhor. Utilizando o exemplo da preguiça: não apenas
levantar logo que o despertador toca, como levantar uma hora mais cedo pra
caminhar e estabelecer uma rotina de prática esportiva. Utilizando o exemplo da
timidez: não deixar de contribuir com uma discussão em sala de aula, com medo
de se expor... São esforços que exigem muita força, muita vontade, muito poder!
Por último,
auto-esquecimento, compreendido aqui não como uma vida desperdiçada em função
dos outros, mas sim um tempo da vida dedicado para os outros. Os outros, neste
caso, são as pessoas mais necessitadas, escolhidas e atendidas com
desprendimento e desapego. O auto-esquecimento faz com que as pessoas se sintam
mais comprometidas e responsáveis pelo entorno e menos ligadas à satisfação dos
próprios caprichos.
Quem conseguir, todos
os dias, exercitar um pouquinho desses quatro poderes estará sem dúvida fazendo
do seu cotidiano uma aventura. Uma batalha e tanto, capaz de combater a rotina
e o stress de forma divertida e ainda contribuir pra evolução de consciência no
mundo...
Pensou que só ver gente
viva era coisa pouca?
*Sandra Veroneze
Jornalista. Editora.
Escritora. Filósofa Clínica
São Paulo/SP
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