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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) uma oportunidade de transformar o exílio em trunfo, de lhe conferir valor criativo. Pois ele pode ser fecundo, não apenas porque obriga a pessoa a recriar o solo que foi perdido, de uma maneira ou de outra, mas também porque coloca em relação culturas diferentes (...)"

"Como diz Le Clézio, os grandes inovadores da humanidade foram nômades, que se alimentavam 'da relação e que, a cada vez, transgrediam as regras da territorialidade'"

"(...) em certo sentido, todos nós somos exilados, pois nos é preciso, ao longo de toda a vida, levantar âncoras, deixar portos aos quais estamos apegados para chegar em ouros (...)"

"A menos que esteja congelada, enrijecida, destinada a uma repetição perpétua, a vida é movimento, deslocamento - sobretudo na época contemporânea, na qual a aceleração das mudanças colocam diante de nossos olhos um mundo constantemente remodelado, que obriga a redefinir, sem cessar, o lugar que nele ocupamos, os pontos de referência que dão sentido"

"A escrita literária é, em si mesma, em larga medida, uma tentativa de agarrar o que está perdido, faltando, ou inacabado, de superar espaços, abolir fronteiras, reunir o que está separado, reconstituir terras desaparecidas, épocas passadas"

"É uma função da cultura nos abrir ao Outro e a horizontes longínquos (...) introduzir outras paisagens, outras literaturas, outras línguas"

"(...) os poetas, como Juan Gelman: 'Há em todos zonas adormecidas que a obra mais inimaginável pode despertar"

"É o inesperado que confere de novo movimento à história do leitor, impedindo-o de se congelar, de se transformar em destino escrito de antemão, imutável, que pode apenas ser sofrido"

"Não é somente um reconhecimento de si que a literatura permite, mas uma mudança de ponto de vista, um encontro com a alteridade e talvez uma educação dos sentimentos"

*Michèle Petit in "A arte de ler". Editora 34. SP. 2010. 

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