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Invisibilidade*



Ninguém sente, nem olha, a frente é que se pressente,
A imagem distante fica de frente, o tempo que existe,
A lente que perfura o coração exausto, batimentos da vida.
O que nem todos percebem é que o tempo é um tanto diferente.
Ele, sem as rédeas humanas, é o pêndulo dos poetas,
Torna invisível tudo que ata, entre nós, a âncora estende a vida,
Do barco, o mesmo fluxo dos trajetos,
O desconhecido é que está atrás da sincronia do tempo.
E ninguém olha mais por dentro, está tudo do lado de fora,
Em frente, a imagem segue reunindo fome de signos,
Milhões de gente, e nem tudo é vida.
Às vezes mata por não aceitar o Outro.
Ninguém diz mais que a verdade depende da vida,
A vida é um coração frágil.
Nem tudo é visível, o que se alimenta da razão que inventa,
É o real que vira semente do imaginado. 
Nem todo bem é o todo que é, parece ser diferente,
Melhor é a invisibilidade sincronizada do Ser que se refugia no tempo.
Nem toda noite é escura, nem todo dia é dia.
Toda semente há de viver além das forças das mãos que envenenam,
Da água que seca, o fogo que avança e mata mais a frente.
Nem tudo é dor por doer, tem a morte que dribla a vida,
É da vida, esquecer um pouco do fim sem tempo certo para acabar.

“A invisibilidade [...] dá à pessoa uma noção ligeiramente diferente do tempo.” 
                                                  Ralph Ellison

*Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS

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