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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Terreno da liberdade, a crônica é também o gênero da mestiçagem. Haverá algo mais indicativo do que é o Brasil ? País de amplas e desordenadas fronteiras, grande complexo de raças, crenças e culturas, nós também, brasileiros, vacilamos todo o tempo entre o ser e o não ser. Somos um país que se desmente, que se contradiz e que se ultrapassa. Um país no qual é cada vez mais difícil responder à mais elementar das perguntas: Quem sou eu?"

"Para Mário (de Andrade), a lei moral do artista digno era 'se realizar cada vez melhor em sua personalidade'. Ser simples, ou ser confuso, é uma consequência, não uma escolha"  

"Escreveu Marina Tsvetaeva: 'A poesia é a língua dos deuses. O deuses não falam, os poetas falam por eles'. Via também os poetas como seres errantes, em eterno exílio, já que procederiam do Reino Celeste e estariam perdidos na Terra"

"A literatura é um poço profundo, em que o chão nos escapa. Uma vez em seu interior, nada mais devemos esperar. Ficções não existem para fornecer respostas, ou para construir soluções; existem para nos afastar do sono das certezas. Para nos despertar"

"O mundo é grande demais para caber nas palavras"

"Como capturar o foco de alguém que não fica quieto? Seus livros atestam a vocação de andarilho (...)"

"A ficção não põe em dúvida a verdade, ao contrário, realça seu caráter complexo; não descarta a verdade objetiva, ao contrário, enfatiza sua turbulência. Ela não deseja explicar, ou fixar nada; não se interessa por balanços e conclusões. Aposta, apenas, na verdade do singular. Verdade que, a cada vez, é outra verdade"

*José Castello in "As feridas de um leitor". Ed. Bertrand Brasil. RJ. 2012.

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