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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) um par de anos depois, topei com esse nome nas inesperadas páginas de De Quincey, onde se refere a um teólogo alemão que, em princípios do século XVII, descreveu a imaginária comunidade da Rosa-Cruz - que outros fundaram mais tarde, à semelhança da que ele preconcebera (...)" 

"(...) em vida padeceu de irrealidade (...)"

"Todo estado mental é irredutível: o mero fato de nomeá-lo - de classificá-lo - implica um falseamento"

"São numerosos os sistemas incríveis, mas de arquitetura agradável ou de caráter sensacional. Os metafísicos de Tlon não buscam a verdade nem sequer a verossimilhança: buscam o assombro. Julgam que a metafísica é um ramo da literatura fantástica"

"A base da geometria visual é a superfície, não o ponto. Esta geometria desconhece as paralelas e declara que o homem que se desloca modifica as formas que o circundam"

"Um livro que não inclua seu contralivro é considerado incompleto"

"Inútil responder que a realidade também é ordenada. Talvez seja, mas de acordo com leis divinas - traduzo: com leis inumanas - que nunca chegamos a perceber inteiramente"

"(...) Logo refletiu que a realidade não costuma coincidir com as previsões; com lógica perversa inferiu que prever um detalhe circunstancial é impedir que este aconteça"

"Hladik preconizava o verso porque ele impede que os espectadores se esqueçam da irrealidade, que é a condição da arte"

"Talvez Schopenhauer tenha razão: eu sou os outros, qualquer homem é todos os homens, Shakespeare é de algum modo o miserável John Vincent Moon (...)"

*Jorge Luis Borges in "Ficções". Ed. Cia das Letras. SP. 2007.

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