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Fragmentos filosóficos delirantes I* "Havia muito tempo que a pintura linear pura me enlouquecia, até que encontrei Van Gogh que pintava, não linhas ou formas, mas coisas da natureza inerte como se estivessem em plena convulsão." "Há em todo demente um gênio incompreendido em cuja mente brilha uma idéia assustadora, e que só no delírio consegue encontrar uma saída para as coerções que a vida lhe preparou." * Antonin Artaud
Educação do Pensamento Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Há quem divida as coisas de tal forma que o que é visível é educado, penteado, possui vida pública; os invisíveis da vida, como o pensamento, podem ser deixados aleatórios, soltos, selvagens em seus domínios, mal criados. Não é liberdade, é desleixo. Não é autonomia, é descuido. É negligência também. Mas isso somente se estende aos invisíveis. Quando o pensamento se torna visível, segundo a métrica de quem o divide assim, então imediatamente ele se torna educado e solícito, social, mostra urbanidade. O pensamento se torna visível quando a pessoa vai expor um assunto no qual acredita, por exemplo. Mas, ainda assim, em tal caso há dois pensamentos básicos: um é educado segundo os preceitos mais profundos da hipocrisia convencionada; o outro, sincero e desleixado, desmazelado e porco, não aparece. Alguns que dividem as coisas desta forma, pelo próprio estilo alcoviteiro, oculto, esquivo com que moldam ao relent
Pérolas imperfeitas* “Não se evita impunemente uma crise interior.” Cioran Havia um rumor de vida nova naquelas incompletudes. Algo próximo de um vocabulário, talvez. Um teor inovador e de aparente sem nexo oferecido nas possibilidades de descobrir e inventar. Experimentações discursivas e as retóricas da existência apreciam conceder visibilidade por esses jogos de linguagem. Espécie de diálogo contido entre o dizer e o não dizer, quem sabe até conversação entre questões imediatas e últimas. Disputa pela supremacia, um pouco antes de ser alguma coisa. Na estrutura tênue dos convívios, aprender a ver através das aparências pode significar mais. É interessante notar que as vivências mais intensas possuem grande dificuldade para encontrar sua melhor perspectiva. A saga do querer dizer, pode se mostrar antítese as lógicas mais consideradas. Ainda assim, a multidão de personagens e fenômenos sem nome, deixa rastros visíveis nos intervalos da palavra. Os termos agendados possue
Viajando com Paul Beto Colombo Filósofo Clínico Criciúma/SC Temos uma expressão muito comum por aqui: “Viajou, foi pro espaço”. Foi o que aconteceu comigo nessa segunda-feira no Show de Paul McCartney. Na Filosofia Clínica chamamos isso de deslocamento longo. Eu costumo usar esse sub-modo como um auto procedimento quando estou naqueles lugares onde não me identifico: nas esperas de vôos em aeroportos, em viagens internacionais onde preciso dormir sentado numa poltrona de avião e em muitos outros casos... ao contrário nesse caso na categoria lugar do que me aconteceu no Morumbi no show. Quando Paul e sua banda tocou “Hey Jude” o Morumbi inteiro, como num transe coletivo, num coro afinado, acompanhava com harmonia a melodia e com entusiasmo pronunciava cada palavra da letra da música. Eu fechei meus olhos e em êxtase me desloquei para um mundo melhor, sem violência, sem compromissos, sem correrias, sem tristezas, sem dor e ali fiquei ouvindo Paul dizendo: “ Ei Jude não carre
Despir-se de si Miguel Angelo Caruzo Filósofo Clínico Teresópolis-RJ Não fazer do mundo uma extensão de minhas interpretações. Este é um imperativo intrínseco à Filosofia Clinica. Não vamos encontrar isso nos cadernos de estudos nem nas aulas. Isso é um aprendizado da prática. Compreender a Filosofia Clinica na prática é admirar o mundo, as pessoas, as coisas, as situações, sem querer dar a nossa solução ou interpretação para tudo. A Filosofia Clinica nos ensina como as pessoas podem nos falar de si mesmas. Sem interpretá-las, nós aprendemos delas sobre elas. Reconhecemos diretamente da fonte. Interpretações são secundárias. Afinal é melhor ler uma obra do que o comentador dela. Entrar no universo significativo do outro é abandonar, por momentos, meu próprio universo, ainda que em parte. A recíproca de inversão, ato de ir ao mundo significativo do outro, é um exercício nem sempre tão fácil. As significações são tantas, e algumas podem nos confrontar com valores e modos d
A ALIANÇA E O COMPROMISSO* Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Antes de colocar esta aliança em tua mão, preciso te contar algumas coisas sobre meu passado e nosso futuro. A aliança funciona como um símbolo de compromisso do casal, uma representação visível de algo invisível, mas muito real, o nosso amor. O casamento civil também é uma maneira de materializar o compromisso, noivos e testemunhas assinam o documento. De uma forma ou outra, ambos servem para representar esta relação com o transcendente. E por serem visíveis, concretos, reconhecidos publicamente, por vezes acabam por colocar em segundo plano o que foi a sua origem: o compromisso por amor e para amar. Mas que compromisso é esse? Vou te dizer o que significa para mim e se concordares, gostaria de poder vestir esta aliança em nossas mãos com a excitação que este momento pede e com a tranquilidade de saber que esta troca está acontecendo contigo. O compromisso é simples, exige apenas dedicação pa
Nenhuma certeza Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Tudo pode ser ou não ser. Mutação contínua. Duvidar...Mente aberta ao sempre aprender. Espanto, surpresa, novidades. Buscamos certezas como muletas para darmos conta de vivermos com as incertezas. A experimentação muitas vezes assusta. Romper e renovar pode ameaçar. Quantas vezes vestimos uma bandeira radical e fundamentalista, ditando certezas para esconder nossas inseguranças e medos? O que foi hoje pode não ser amanhā. Para que congelar a vida e encouraçar a alma? Abertura as incertezas, porta aberta para as novidades de cada instante poderá nos fortalecer. Controlar, dominar nos protegerá das surpresas que a existência faz acontecer? Buscamos respostas prontas, regras, normas, leis.... Porque e para que? Copiamos pensamentos e nos iludimos com mil palavras. Maluquice.O que é certo ou errado? Onde fica a nossa singularidade e nossas experiências? Temos desejos e vontades, nenhum
Carta de Nova Veneza/SC Aos 26, 27 e 28 de novembro do ano de 2010, reuniram-se no Instituto Sagrada Família filósofos Clínicos de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul para o IX Encontro Sul Catarinense de Filosofia Clínica, com a temática “Filosofia Clínica na Prática”. A abertura do evento se deu às 20 horas do dia 26, com a apresentação do encontro pelo Diretor do Instituto Sul Catarinense de Filosofia Clínica, logo após a diretora do Instituto Sagrada Família apresentou a casa aos filósofos. Também participaram do cerimonial de abertura a secretaria de cultura do município de Nova Veneza, com a apresentação do Carnaval de Veneza e a apresentação do município. Dada a abertura do evento, inicia-se a primeira palestra do encontro com a temática “Filosofia Clínica e Religiosidade”, ministrada por Lúcio Packter, idealizador e criador da Filosofia Clínica. Na palestra Packter mostrou as possibilidades da formação da religiosidade dentro da historicidade de cada pess

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