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As palavras e eu*

Ah, as palavras que eu falava E aquelas que não falava Só eram um convite para a dança Um convite para o canto Ah, minhas palavras Queriam só ser palavras outras De um mundo outro Cansei das palavras cansadas Cansadas de tão reais Ah, minhas vãs palavras Caíram no vazio de um vão De um chão frio. Ah, as minhas palavras Apontavam um mundo que não existe Mas que poderia existir Afinal, quantos mundos existem Além deste único, meio cansado Que fazemos acontecer? Ah, minhas palavras vãs Beijavam os olhinhos dela Última tentativa de tirar as vendas Dos nossos olhos Mas éramos cegos Eu e ela. *José Mayer Filósofo. Livreiro. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"No escritor o pensamento não dirige de fora a linguagem: o escritor é ele mesmo um novo idioma que se constrói, que inventa meios de expressão e se diversifica segundo seu próprio sentido. O que chamamos de poesia talvez seja apenas a parte da literatura onde essa autonomia se afirma com ostentação. Toda grande prosa é também uma recriação do instrumento significante, doravante manejado segundo uma sintaxe nova" "Nossa língua reencontra no fundo das coisas a fala que as fez" "(...) jamais encontramos na fala dos outros senão o que nós mesmos pusemos, a comunicação é uma aparência, ela nada nos ensina de verdadeiramente novo. Como seria ela capaz de nos arrastar para além de nossos próprio poder de pensar, já que os signos que ela nos apresenta nada nos diriam se já não tivéssemos em nosso íntimo sua significação?" "(...) o olhar de minha memória a envolve, bastará que me reinstale no acontecimento para que tudo, os gestos do interloc

Poética do existir*

A gente não precisa dizer o que fez e faz. Cada vez mais viver é o que im-porta de verdade. Im-porta ser sempre aprendiz. Im-porta o carinho amigo. Im-porta o doar amor. Im-porta as coisas simples. Im-porta o agora pleno de histórias. Im-porta abrir a porta da existência E viver as Autogenias transformadoras. Im-portar com o outro que precisa de nossa escuta e presença. Im-portar as estrelas do céu e Pintar os fios de ouro nas estradas do viver. No portar-se como gente In-teira. In-teirando-se com o fogo, o ar a terra e água. Inteirando-se com múltiplas pessoas. Dissolvendo-se na poética do existir. *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Na era moderna, uma das mais ativas metáforas para o projeto espiritual é a Arte. As atividades do pintor, do músico, do poeta, do bailarino, uma vez reunidas sob essa designação genérica (um gesto relativamente recente), mostraram-se um lugar particularmente propício à representação dos dramas formais que assediam a consciência, tornando-se cada obra de arte individual um paradigma mais ou menos perspicaz para a regulamentação ou a reconciliação de tais contradições" "Embora não seja mais uma confissão, a arte é mais do que nunca uma libertação, um exercício de ascetismo" "A história da arte é uma sucessão de transgressões bem-sucedidas" "O silêncio também existe como uma punição - na loucura exemplar de artistas (Holderlin, Artaud) que demonstram que a própria sanidade pode ser o preço da violação das fronteiras aceitas da consciência e, com certeza, nas penalidades (que vão da censura e da destruição física das obras de arte às mu

A palavra mundo*

Uma poética se anuncia num esboço de captura às múltiplas verdades. Nesse horizonte nem sempre coerente, a pessoa encontra um refúgio para integrar suas possibilidades existenciais.   Ao ser a visão de mundo inseparável de uma subjetividade, o teor dos termos agendados denuncia até onde se pode chegar. Um pouco antes dos movimentos de rebeldia, a linguagem, em vias de se ultrapassar, costuma emitir dissonâncias. Uma dessas características é o excesso de equivocidades discursivas, as quais, nem sempre podem ser traduzidas.   O sentido de ser sem sentido surge como afronta, sedução ou promessa, uma expressão para superar anterioridades. Ainda quando transcende na direção de alguém, em busca de acolhimento e compreensão, o sujeito pode se apresentar, inicialmente, fora de foco.   A palavra mundo exibe uma predisposição à vida, sua existência começa, se desenvolve e se conclui com ela. Sua voz se confunde com o sujeito que a pronuncia. Assim, ao reconhecer nesse

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Um comentário filológico dos textos não produziria nada: só encontramos nos textos aquilo que nós colocamos ali (...)" "É em nós mesmos que encontramos a unidade da fenomenologia e seu verdadeiro sentido" "Trata-se de descrever, não de explicar nem de analisar" "Descartes e sobretudo Kant desligaram o sujeito ou a consciência, fazendo ver que eu não poderia apreender nenhuma coisa como existente se primeiramente eu não me experimentasse existente no ato de apreendê-la" "O filósofo, dizem ainda os inéditos, é alguém que perpetuamente começa" "(...) não é preciso perguntar-se se nós percebemos verdadeiramente um mundo, é preciso dizer, ao contrário: o mundo é aquilo que nós percebemos" "O mundo é não aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu estou aberto ao mundo, comunico-me indubitavelmente com ele" "Todas as explicações econômicas, psicológicas de uma doutrina

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