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"Na alma branda dos meus quintais"

Córregos de vida e infância ao redor da casa mãe caramanchões versejam remotos gracejos primeiros beijos e a vaga esperança... Pegadas na terra batida marcas de outras cirandas alegria de sujeira boa de espremer jabuticaba nas canções de vida à toa... Luzes por muro cercadas retidas nas atentas heras verdejantes gargalhadas sob austeros olhos maduros e vãos apuros de descobertas veras! Vidouro sonho cambaleante não de vinho ou ouro mas verde úmido musgo de outrora catando pedrinhas em pequeninos esconderijos manchados de amora... Mosaico entalhado de vidas chegadas ou recém partidas na asas do colibri que só quer uma flor mais na alma branda dos meus quintais... *Juliana Brasil Pesquisadora e roteirista na empresa Cine culte français. Mova-se (Movimento Artístico de Subversão e Estética). Musicista. Filósofa Clínica. Curitiba/PR

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) creio que o hábito precoce da solidão é um bem infinito. Ela ensina, até certo ponto, a dispensar as criaturas. Ela ensina também a amar ainda mais as criaturas (...) sou tocada por ela quando observo as crianças: vivem em um mundo que é delas. E tenho a impressão de que eu vivia em um mundo meu (...)" "(...) Ele gostava que se soubesse exatamente o que se sabia, gostava que se julgasse lentamente um livro: se líamos juntos não sei o quê, uma peça de Ibsen, por exemplo, ele queria que nos colocássemos exatamente no lugar dos personagens, que não envolvêssemos nosos próprios sentimentos" "Esses grandes escritores do século XIX eram frequentemente refratários, subversivos, em oposição a toda a sua época e todo o seu grupo, contra toda a mediocridade humana. Ibsen, Nietzsche e Tolstoi eram desses, e foi com meu pai, não obstante, que li os três" "Eu não imaginava nada, mas tinha a impressão de ser alguém importante porque eu exist

O intervalo e a duração*

Os silêncios só não dizem nada para quem ainda é analfabeto em sentir para ler uma alma através de um olhar profundo, de um sorriso sutil ou de um gesto capaz de contar histórias por conter mais de mil palavras. Nós somos feitos de histórias. Desde o átomo até a célula e os complexos organismos, tudo é feito de histórias. As descobertas e as comprovações são histórias que ora precisamos saber como ouvir, ora como contá-las, ora como vivê-las sentido na própria pele. E toda história é feita de intervalos e durações, pausas e emissões com prazo de validade e delimitações na pulsação porque toda a vida é musical demais. Mas há sempre o que fica e prossegue para muito além de nós mesmos. São os legados que não raro em silêncio tocam muitos outros corações seja para comover seja para doer pelo menos enquanto não se compreende mais uma história da qual tivemos participação. Afinal, em toda história há silêncios que podem dizer muito mais do que qualquer narrativa, sobretu

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Nossa língua reencontra no fundo das coisas a fala que as fez" "(...) Seja mítico ou inteligível, há um lugar em que tudo o que é ou que será prepara-se ao mesmo tempo para ser dito" "Na terra, já se fala há muito tempo, e a maior parte do que se diz passa despercebido" "Mas o livro não me interessaria tanto se me falasse apenas do que conheço. De tudo que eu trazia ele serviu-se para atrair-me para mais além. Graças aos signos sobre os quais o autor e eu concordamos, porque falamos a mesma língua, ele me fez justamente acreditar que estávamos no terreno já comum das significações adquiridas e disponíveis. Ele se instalou no meu mundo. Depois, imperceptivelmente, desviou os signos de seu sentido ordinário, e estes me arrastam como um turbilhão para um outro sentido que vou encontrar" "Entro na moral de Stendhal pelas palavras de todo o mundo, das quais ele se serve, mas essas palavras sofreram em suas mãos uma torção se

Pretéritos imperfeitos*

“A experiência trivial do dia-a-dia sempre nos confirma alguma antiga profecia (...)”                                      Ralph Waldo Emerson Existem eventos que possuem um começo sem fim. Perseguem uma in_de_termin_ação futura na travessia pelas antigas pontes. Neles é possível vislumbrar uma sombra suspeita, como algo mais a perturbar a lógica bem ajustada das convicções. Assim a grafia parece se orientar por um ontem a perdurar.   Atitude rarefeita de olhares a perseguir buscas contaminadas. Esse contágio parece querer singularizar a pluralidade de cada um. Aprecia a menção de fatos acontecidos no prolongamento do instante. Aparecem como atuação simultânea de um em outro, seu paradoxo dilui-se numa dialética de integração.      Uma de suas características é realçar fatos no momento em que ocorriam. Essa incerteza quanto ao amanhã, parece coincidir com o desfecho provisório de seu inacabamento.   Nessa terra de ninguém uma infindável trama de acontecimentos se

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