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Os pressupostos*

 

A filosofia não nasce como um completo rompimento com a religião, o mito, a arte etc. Desde os primeiros pré-socráticos, por exemplo, indícios dos ensinamentos da religião órfica está presente em algumas noções como a expiação, da qual trata Anaximandro, e alma, como a pensa Heráclito.

Por isso, acusar, por exemplo, os filósofos cristãos de pensarem tendo as verdades de sua fé como preâmbulos e, por isso, seus pensamentos não serem filosóficos é inconsistente. Todo filósofo parte de pressupostos próprios de sua existência. Nem Descartes escapa dessa. Seu método é puramente hipotético.

Na contemporaneidade, desde a ciência moderna, se buscou usar como critério para a investigação de suas verdades: a razão. Inútil ideia de alcance de uma verdade com neutralidade. Pois, toda produção humana, por mais rigorosa que seja, não é neutra. Mas, nem por isso, as contribuições feita por cada indivíduo à humanidade devem ser desvalorizadas.

A filosofia, a arte (poesia, literatura, pintura, dança etc.) a religião, o mito (folclore, sabedorias populares etc.) podem ser complementares para a compreensão do mundo e dos mistérios da alma humana. Mesmo assim, nos adverte um antigo dramaturgo, continuará a haver mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia.

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo

Filósofo. Escritor. Filósofo Clínico. Professor de Filosofia Clínica na Casa da Filosofia Clínica. Autor da obra: “Introdução à Filosofia Clínica”, publicada em 2021, na coleção de Filosofia Clínica da Editora Vozes/RJ, uma parceria com a Casa da Filosofia Clínica. Em 2019, por indicação do conselho e da direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de “Doutor Honoris Causa”.

Teresópolis/RJ

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