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Eternidade ou infinito? Sandra Veroneze Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Vira e mexe a humanidade se ocupa de algum modismo. Uma das ondas da hora é a gestão do tempo. Nos últimos anos, distribuir adequadamente as atividades durante o dia constitui uma espécie de diferencial competitivo no trabalho e na vida. É de bom tom que o sujeito tenha tempo para o trabalho, para a família, para os amigos, para o cachorro, para a prática de algum exercício físico, para o cinema, etc, etc, etc... Existem até consultorias especializadas em ensinar como organizar melhor o tempo. As dicas são diversas. Algumas inclusive bastante óbvias, como prever imprevistos (ótimo isso) e deixar “janelas” de horário entre um compromisso e outro. Outras são mais exóticas, como realizar reuniões de pé, de forma que o cansaço físico faça o cérebro tomar decisões mais aceleradamente. Tempo é dinheiro, não é mesmo? Por mais competentes e criativos que os ‘consultores do tempo’ sejam, a ditadura do relógio
Apontamentos sobre a ótica das lacunas* “(...) o que se encontra lá onde ninguém o tinha ainda encontrado (...).” Jacques Derrida Uma incerta busca para oferecer depoimentos sobre os incríveis momentos na década de 90 me fez acreditar na possibilidade de divulgar, tal qual se apresentavam, os desdobramentos das primeiras sessões. Hoje vejo os eventos de consultório como instantes únicos, irrepetíveis e nem sempre possível de compartilhar. Naqueles dias pensava em ter um registro das primeiras repercussões: críticas e ressentimentos, inseguranças e temores, esperanças e sonhos. Agora consigo ver melhor as desavenças iniciais como aliadas na legitimação do novo paradigma. Longe de desmerecer o método da filosofia clínica fortaleceram a idéia de paradoxo com aquilo que se buscava superar. A conversação com amigos e colegas ia mostrando a melhor resposta para o infortúnio das verdades satisfeitas: trabalho, trabalho, trabalho. Não tínhamos tempo para o famigerado debate acadêmic
Fragmentos filosóficos delirantes XV* "O indizível gera uma poesia que ameaça continuamente ultrapassar os limites do dizível." "Eu queria derrubar a fronteira entre a minha vida e literatura o máximo possível." "O equilíbrio na corda bamba não pode ser realmente ensinado: é algo que se aprende sozinho." "Como tal, Artaud é uma espécie de poeta das origens, cuja obra descreve os processos de pensamento e sentimento antes do advento da linguagem, antes da possibilidade da fala." "Trata-se de um artista que pinta da mesma forma que respira. Ele jamais se limitou a criar objetos bonitos, mas procurou, no ato de pintar, tornar a vida possível para si. Por isso, sempre evitou soluções fáceis e, cada vez que descobriu que sua obra se tornava automática, interrompeu completamente o trabalho."** "(...) a perpétua novidade de sua obra deriva do fato de que pintar não é algo que ele pratique e depois separe de si, mas uma luta ne
Fragmentos filosóficos delirantes XIV* "No jardim das Tulherias, esta manhã, o sol adormeceu sucessivamente sobre todos os degraus de pedra, como um adolescente loiro a quem a passagem de uma sombra interrompe imediatamente o sono ligeiro." "O sol, como um poeta inspirado e fecundo que não desdenha disseminar a beleza nos lugares mais humildes e que até então não pareciam dever fazer parte dos domínios da arte, ainda aquecia a benfazeja energia do esterco, do pátio pavimentado de modo desigual (...)." "A ambição embriaga mais do que a glória; o desejo floresce, a possessão fenece todas as coisas; é melhor sonhar com sua vida do que vivê-la, ainda que vivê-la seja ainda sonhar com ela (...)." "Os poetas que criaram as amantes imortais não conheceram mais do que medíocres empregadas de albergues, ao passo que os voluptuosos mais invejados não sabem de modo algum conceber a vida que levam ou, melhor ainda, que os leva." "A vida é como
À Deriva* "Neste tormento inútil, neste empenho De tornar em silêncio o que em mim canta, Sobem-me roucos brados à garganta Num clamor de loucura que contenho." Florbela Espanca Pensamentos agitados. Nada pára. Tudo é revolto e fora do lugar. Turbulência interna a refletir ansiedades corriqueiras. Os fantasmas interiores invadem o pensamento sem qualquer aviso prévio. Fazem do intelecto um verdadeiro campo de batalha. Sua munição costuma ser uma adição dos inconvenientes passados, recolhidos num sobrevôo sobre a historicidade da pessoa envolvida. Sensação de eternidade vivida em alguns instantes. Queda livre no abismo das idéias complexas. Nessa lacuna, completa solidão. Os devaneios transitam entre o céu e o inferno numa demonstração de força e fraqueza. Pode-se perceber alguns ruídos desse vendaval. Mãos agitadas, respiração ofegante sinalizando o cansaço de um corpo a lutar. O espaço vai ficando pequeno para a expressividade aprisionada. Nesses instantes
O que os outros fazem com nossa saúde Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS A política de saúde pública brasileira ainda não completou cem anos. Antes dos anos 30 quem prestava assistência aos pobres e indigentes eram instituições de caridade e filantrópicas, as famosas “Santa Casas”, ficando sob responsabilidade governamental as eventuais campanhas sanitárias e os asilos para doentes mentais, tuberculosos e leprosos. A partir de 1930 foi implantada a Previdência Social através de seis institutos que ficaram responsáveis pela assistência médica, aposentadoria e pensões para a maioria das categorias de trabalhadores públicos e privados, bem como para seus familiares. Mais tarde, em 1966, foram unificados sob o nome de Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, trocando o nome para Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS em 1990. Durante as primeiras décadas, o sistema público de saúde funcionou razoavelmente bem, porém a partir dos anos 60 não c
Coragem e ação Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Experienciar. Viver cada minuto como se fosse o único. Abrir- se para o vir-a-ser. Enfrentamento diante os múltiplos desafios. Tentar. Permitir-se perder. Aprender. Romper obstáculos. Tremer. Gozar. Ser. ... E o medo? O que fazer com ele. Observar. Enfrentar. Desafiar. Mergulhar fundo nele. Quer coragem maior? O medo está ai. Ou ele lhe engole ou você o devora. Escolha. Ser herói ou perdedor. Ação gera transformação. Deixe o coração bater. Use a adrenalina. Viva. Afinal, cada dia é um milagre.

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