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Fragmentos filosóficos delirantes XXIII* Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio Nem ama duas vezes a mesma mulher. Deus de onde tudo deriva E a circulação e o movimento infinito. Ainda não estamos habituados com o mundo Nascer é muito comprido. Adivinho nos planos da consciência dois arcanjos lutando com esferas e pensamentos mundo de planetas em fogo vertigem desequilíbrio de forças, matéria em convulsão ardendo pra se definir. Ó alma que não conhece todas as suas possibilidades, o mundo ainda é pequeno pra te encher. Abala as colunas da realidade, desperta os ritmos que estão dormindo. À guerra! Olha os arcanjos se esfacelando! ____________________________ Transformar-se ou não, eis o problema. Durar na zona limite da memória, Nos limbos da vontade, Ou submeter a pedra, cumprir o ofício rude, Aprender do lavrador e do soldado. Qual a forma do poeta? Qual seu rito? Qual sua arquitetura? Mudo, entre capitéis e c
Fragmentos filosóficos delirantes XXII* A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo... E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará. ____________________ Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem por
Jairo, o homem conceitual Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica A cada consulta Jairo retornava ao assunto com novo ânimo. Parecia que das vezes anteriores algo fora dito a mais, algo deixara de ser dito, alguma coisa agora pedia reparo. Para ele, muitos homens formulam idéias, armam planos, projetam caminhos com a mente que funciona semelhante a uma fundição de minério de ferro. Cadinho, rampas e cubas, temperaturas alta, peso. Gente que tem na cabeça coisas como calcinações do carvão mineral, coque metalúrgico. Abstrações de cutelaria, cultura que avança pelo corte do aço, batidas repetidas, marretadas de prensas mecânicas. Aço forjado em martelos-pilões. Máquinas de esmerilar. E mais temperaturas altas, acima de mil graus. Enquanto a mente e a vida de gente como Jairo são esquadrinhadas por desenhos sem esquadros, por formas sem peso, densidade zero, várias combinações possíveis, calor e frio juntos, raiz quadrada negativa de um limão, e nada é tanto que necessite fa
Muitos passos em falso são dados ficando-se parado* Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre Depois que os seres humanos conseguiram ficar eretos e andar sobre duas pernas, o mundo passou a ser visto de outra forma. No inicio, em sinal de respeito, os homens curvavam-se somente para os Deuses, que os protegiam. Mais tarde passaram a se curvar também para tiranos, que se julgando semi-deuses, impunham o respeito e a veneração pela força. O tempo foi passando e novas alterações posturais surgiram. Músculos, ossos, articulações tiveram que se adaptar à evolução do intelecto. Os homens inventaram a cadeira e então sentaram. Depois veio a roda e passaram a andar sentados. Confortavelmente em uma poltrona, hoje pode-se voar, conversar via internet e até mesmo governar. O homem busca constantemente seu bem estar e uma melhor qualidade de vida. O habitat humano, sendo essencialmente social, vai exigir relacionamentos, que podem variar da completa rigidez à total flexibilida
Eu amo spam Sandra Veroneze Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Minha relação com a internet é íntima, constante, fiel. Não passo muito tempo sem trocar e-mails, pesquisar sites e conversar através do MSN. Existem informações, inclusive, que prefiro acessar na tela de um computador, bem distante da papelada que se acumula pelas prateleiras e da tinta que mancha os meus dedos e as portas de casa. Posso dizer com garantia que sou quase viciada na rede mundial de computadores, não fosse um pequeno detalhe: quem é viciado deixa de curtir os amigos, dançar, praticar esporte, namorar e outras atividades, pra ficar navegando por horas e horas. E eu, definitivamente, não dispenso um belo passeio, um chimarrão no parque, ou uma sessão de cinema, pra ficar em frente à tela do Sam (é o nome carinhoso do monitor do meu micro). O mundo eletrônico é repleto de maravilhas. O tráfego de informações e produção de conhecimento que ele proporciona eram inimagináveis até alguns anos atrás. Que outr
Existências que se tocam Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Há pessoas que não conseguem ser esquecidas. Por mais que se esforcem não conseguem. São como diamantes raros, belos e multifacetados que concentram em si o sentido da eternidade na qual interferem e transferem ao outro o dom de possuir algo que não deveria nunca ser explicado. Há pessoas que seduzem e impregnam o outro como se fluidos fossem, sem permissão, deixando muitas vezes um legado que se aproxima da perplexidade. Há pessoas que conferem autonomia, poder, reconhecimento pela simples ação da existência, traduzidas pela palavra que se insinua, pela fugaz troca de olhar, pelos sentires intensos. Pessoas assim existem e isso basta! Não há como explicar. E para que explicar o que não se entende? Para que entender o que não se explica? Para que formalizar o que o coração não suporta? Essas pessoas que por serem tão vastas, permanecem um mistério, onde o amor e a admiração muitas vezes se confundem
Cativar Beto Colombo Filósofo Clínico Criciúma/SC O Príncipe encontrou-se com um bichinho em um distante mundo, bichinho esse que ele nunca havia encontrado antes, uma raposa. A raposa lhe disse: - Você quer me cativar? - O que é isso? – Perguntou o menino. - Cativar é assim. – Disse a raposa: - Eu me assento aqui, você se assenta lá, bem longe. Amanhã a gente se assenta mais perto e assim aos poucos, cada vez mais perto... O tempo passou, o Principezinho cativou a raposa e chegou a hora de partir. - Eu vou chorar. – Disse a raposa. - Não é minha culpa. – Desculpou-se a criança. – Eu lhe disse, eu não queria cativá-lo. Não valeu a pena, você percebe? Agora você vai chorar! - Valeu a pena sim. – Respondeu a raposa – Quer saber por quê? Sou uma raposa, não como trigo, só como galinha. O trigo não significa absolutamente nada para mim, mas você me cativou. Seu cabelo é louro e agora, na sua ausência, quando o vento fizer balançar o campo de trigo eu ficarei feliz pens

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