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Sexualidade, uma questão de consciência Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG A vida pulsa por todos os poros nos convidando ao encontro. Somos seres pulsantes desejosos do compartilhar corpo e alma. Para os filósofos pré-socráticos o corpo é alma, para os platônicos e cartesianos o corpo é separado da alma. O foco da sexualidade apenas no corpo e na realização do desejo leva a tornar o corpo e o outro como objeto de uso e de prazer momentâneo, muitas vezes sem vínculo, respeito e pior de tudo, um desprazer no final, um vazio existencial e uma busca compulsiva e ilusória de realização. O corpo almado, pleno em sua inteireza, vive a sexualidade como uma dança, uma poesia, uma celebração, onde o próprio corpo se entrega, sem medo e sem repressão. O outro é respeitado e cuidado com delicadeza e ternura. Sexualidade não se resume ao ato genital, é muito mais que isto, é um movimento onde corpo, alma e espírito vivem a realização plena de um encon
Controle e surpresa Sandra Veroneze Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Repousa sobre nós uma consciência histórica sobre a relevância do controle, especialmente das nossas vidas. É preciso ter um projeto, saber para qual direção a existência avança. O sentido de quem somos, de onde viemos e para onde vamos é rascunhado por metas, sonhos, rotinas, para que não percamos o horizonte, o propósito, o foco... Isso tudo me encanta. Adoro bússolas, agendas, relógios... Com esses instrumentos, e tantos outros concebidos na contemporaneidade dos tempos, conseguimos mensurar tempo, espaço, velocidade, direção, frequencia, intensidade. Conseguimos fazer previsões, avaliar consequências, corrigir rotas. Tudo isso é muito rico quando se trata de promover autogenia e valor em nossas vidas. Navegar, sim, é preciso, como já disse o poeta. Mas viver é impreciso. Por mais que utilizemos instrumentos diversos para mensurar nossos avanços e resultados, sempre existirão os imprevistos. Já reside no
Princípio da humildade Miguel Angelo Caruzo Filósofo Clínico Juiz de Fora/MG O que sei a respeito do partilhante numa consulta? Nada. Como poderei ajudá-lo? Não sei. Quanto tempo levará a clínica? Impossível concluir até que aconteça. O que posso definir a respeito do partilhante então? Nada. A grande incógnita não necessariamente significa impossibilidade de ação. Também não faz do filósofo clínico um inútil. A partir da abertura ao outro propiciado pelas instruções da Filosofia Clínica, o terapeuta torna-se um estudioso do partilhante e acaba aprendendo mais do que ensinando. O mistério do ser humano é sempre um desvelar do que sempre se vela. Sabemos muito pouco do muito que não sabemos. A incompreensibilidade da totalidade do que nos aparece é o reconhecimento de que estamos diante de alguém digno de imenso respeito. Quando os trabalhos iniciam no consultório, pouco se sabe. Quando termina, o pouco tornou-se, muitas vezes, suficiente para ajudar o partilhante no caminh
Me engana que eu gosto Jussara Hadadd Filósofa Clínica e Terapeuta Sexual Juiz de Fora/MG O palco era aquela enorme cama king size completamente branca e macia. A peça era a noite de amor de um casal incandescente de desejo e paixão. E a cena principal era com a mulher que, como protagonista, convencia, como ninguém, o seu amado sobre a existência de uma explosão que no universo feminino muito se fala, mas pouco se conhece de verdade. O tema da peça: o orgasmo feminino. - Ai, meu Deus, você é demais. Assim você me enlouquece. Eu não estou agüentando mais. Ai, ai, ai. Ui, ui, ui, você é maravilhoso. Aiiiii, nossa, fui ao céu e quase não voltei. É mais ou menos dessa maneira que muitas de nós representa o orgasmo em uma relação sexual. E esta representação se dá quando ele acontece, ou não! Os motivos, bom, dos motivos nós vamos falar agora. Talvez não consigamos nos lembrar de todos, mas dos mais corriqueiros, com certeza. Vamos falar também, além da necessidade de representa
Fragmentos filosóficos delirantes XXXIX* "Teus olhos são a pátria do relâmpago e da lágrima, silêncio que fala, tempestades sem vento, mar sem ondas, pássaros presos, douradas feras adormecidas, topázios ímpios como a verdade, outono numa clareira de bosque onde a luz canta no ombro duma árvore e são pássaros todas as folhas, praia que a manhã encontra constelada de olhos, cesta de frutos de fogo, mentira que alimenta, espelhos deste mundo, portas do além, pulsação tranquila do mar ao meio-dia, universo que estremece, paisagem solitária." "Sou homem: duro pouco e é enorme a noite. Mas olho para cima: as estrelas escrevem. Sem entender compreendo: Também sou escritura e neste mesmo instante alguém me soletra." "Assim como do fundo da música brota uma nota que enquanto vibra cresce e se adelgaça até que noutra música emudece, brota do fundo do silêncio outro silêncio, aguda torre, espada, e sobe e cresce e nos suspende e enquanto
Fragmentos filosóficos delirantes XXXVIII* "Rosas que já vos fostes, desfolhadas Por mãos também que Já foram, rosas Suaves e tristes! Rosas que as amadas, Mortas também, beijaram suspirosas... Umas rubras e vãs, outras fanadas, Mas cheias do calor das amorosas... Sois aroma de almofadas silenciosas, Onde dormiram tranças destrançadas. Umas brancas, da cor das pobres freiras, Outras cheias de viço de frescura, Rosas primeiras, rosas derradeiras! Ai! Quem melhor que vós, se a dor perdura, Para coroar-me, rosas passageiras, O sonho que se esvai na desventura?" "Quando Ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, queria descer ao mar... E, no desvario seu, na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, estava longe do mar... E como anjo pendeu as asas para voar... queria a lua do céu, queria a lua do mar... As asas qu
O relativismo subjetivo é universal em Filosofia Clínica? Pedro de Freitas Junior Filósofo Clínico Florianópolis/SC Quando falamos em relativismo a primeira impressão que podemos ter é pejorativa. Parece que quando “tudo” é relativo as certezas se perdem. Como achar algo que se perde? A Filosofia Clínica responde em uma palavra: singularidade. O se perder no relativismo subjetivo é um dos grandes achados para a Filosofia Clínica. Reconhecer que o intersubjetivo se compõe de subjetivos que não podem ser enquadrados em nenhum universal objetivador da subjetividade. Objetivar e universalizar a subjetividade se mostra uma tarefa impossível em Filosofia Clínica. Cada subjetividade ou traduzindo para termos filosóficos clínicos cada Estrutura de Pensamento (EP) não pode ser classificada em uma universalidade que tenta deixar o desigual igual, o paralelo em serial. O relativismo geral passa a ser uma singularidade que se mostra em universo. O universo da Estrutura de Pensamento que
Discursos da água* “Tanto no líquido derramado quanto nas folhas levadas pelo vento, a desordem existe só para o observador incauto. Águas e folhas movem-se rigorosamente dentro de leis estabelecidas pela natureza.” Donaldo Schüler Uma fonte de matéria-prima se oferece num curso provisório que perdura. Ao ser incapaz de descrever idas e vindas, suas rotas e desvios parecem rumar para lugar nenhum. Um ponto onde tudo começa e se acaba para reiniciar. Sua transparência se dissolve em rastros de horizontes verticais, aprecia contar sobre suas origens ancestrais na confluência entre hoje e amanhãs. Riachos e córregos deságuam em rios a história plural. A interseção mista com as margens alterna a leveza dos passeios com a força dos tsunamis. É possível creditar-lhe a inspiração da vida ao seu redor, embora também ela seja refém de origens desconhecidas. Sendo uma versão sempre outra, se institui transgressora aos frascos que tentam lhe aprisionar, assim apodrece para se reinventa

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