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Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXV* CONVITE À VIAGEM Existe um país soberbo, um país idílico, dizem, chamado Cocagne que eu sonho visitar com uma velha amiga. País singular, nascido nas brumas de nosso Norte e que poderia se chamar o Oriente do Ocidente, a China da Europa, tanto pela sua calorosa e caprichosa fantasia quanto por ela, paciente e persistentemente ser ilustrada por sábias e delicadas vegetações. Um verdadeiro país de Cocagne, onde tudo é belo, rico, tranqüilo, honesto; onde o luxo se compraz em se ver em ordem, ou a vida é livre e doce de se respirar; de onde a desordem, a turbulência e o imprevisto são excluídos; onde a bondade está casada com o silêncio; onde a própria cozinha é poética, rica e excitante ao mesmo tempo; onde tudo se parece contigo, meu anjo. Conheces essa doença febricitante que se apossa de nós nas gélidas misérias, essa nostalgia de um país que ignoramos, essa angústia vinda da curiosidade? É um lugar que se parece contigo, onde tudo é b
A Tristeza e os mil tons de azul da Alma* Chegou o momento de refletirmos sobre a loucura deste mundo que espera que todos sejam lindos, perfeitos, saudáveis e heróis. Uma ansiedade fica solta no ar no constante "tem que". Tem que ser eternamente jovem, eternamente bonito, eternamente magro, eternamente potente, eternamente culto e assim por diante. Todos desejam ser o Zeus ou Afrodite do Olimpo! Este é o grande problema, que precisa de muita, muita reflexão. A contemporaneidade é Solar, extrovertida, busca o brilho, o sucesso, o poder e por isto se defronta com tanta frustração e ansiedade. O ego heróico cria asas de cera, como Ícaro, e se derrete ao se aproximar do Sol. Sol demais cega e queima. Chega a hora que a Alma grita e nos impõe enfrentar a vastidão dos mil tons de azul, da tristeza a depressão. Ninguém está livre desta realidade profunda. Um dia, nos vemos mergulhados nos pantanais da alma, na floresta escura, no mar profundo. Neste momento, que vai da
Esclarecimento: Esse espaço artesanal de publicação, estudo, pesquisa, convívio em Filosofia Clínica surgiu da necessidade de democratizar os ensaios existenciais na forma de texto. Tornar acessível a expressividade de colegas, alunos e amigos envolvidos com o sonho da Filosofia Clínica. Novo paradigma terapêutico iniciado por Lúcio Packter, hoje a Filosofia Clínica encontra-se em um momento diferenciado de sua historicidade. Seu crescimento reivindica novos espaços de atuação, olhares, sentires, qualificação, desenvolvimento. Nosso horizonte se expande, ainda mais, com as novas parcerias, a chegada de colegas talentosos de outras abordagens, qualificação bibliográfica, novos eventos. Assim, nossa busca continuará acolhendo, registrando, socializando um conhecimento que vinha ficando de lado: a semiose escrita dos novos alunos, profissionais recém formados, veteranos e demais convidados. Desejamos boas visitas e revisitas! Um abraço fraterno, Coordenação
Luz e Sombra* Queridos leitores, paz! Hoje vamos refletir sobre a luz e a sombra. Inicio meu comentário com um pensamento que é creditado a Bertold Brecht: “Há homens que lutam um dia, e são bons. Há homens que lutam muitos dias e são muito bons. Mas há homens que lutam a vida inteira, estes são imprescindíveis”. O intelectual alemão, neste pensamento, provavelmente se referia ao engajamento político, a movimentos paredistas de contestação ao sistema, ao regime. E não há nada de errado nisso, pelo contrário. Mas quero focar este artigo não para o movimento político, mas para a construção individual, para o autoconhecimento, para autotransformação. Para muitas pessoas, crescer dói e dói medularmente. Não é fácil ser melhor não é? Os apelos são muitos, variados e travestidos de todo tipo de visgo. Essas pessoas precisam lutar um dia, muitos dias, a vida toda. E, provavelmente, será uma jornada difícil, mas recompensadora. Trago agora o psicólogo Carl Jung. Para ele, “não há des
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXIV* Ah! Os Relógios Amigos, não consultem os relógios quando um dia eu me for de vossas vidas em seus fúteis problemas tão perdidas que até parecem mais uns necrológios... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira. Inteira, sim, porque essa vida eterna somente por si mesma é dividida: não cabe, a cada qual, uma porção. E os Anjos entreolham-se espantados quando alguém - ao voltar a si da vida - acaso lhes indaga que horas são... *Mário Quintana
Caminho* Um caminho para cada lugar Tinha cheiro de grama Gosto de festa de riso Brilho sol no olhar Tinha gente vestida de gente Que era gente Tinha canto pintado de dança Tinha gente saindo das pedras Tinha pedras aquecidas e liquidas Tinha vida de todo lugar Tinha beijo e doce na boca Tinha trem e passeio no ar Tinha ponte pra gente passar Tinha sábios pra todo lugar Um caminho no peito que Inflou feito balão em noites felizes de São João De todos e de trilhas que levam ao mar Tinha gente aprendendo a voar e pássaros aterrizando no ar. A circunstancia era o caminho a Filosofia o lugar E o tempo se fez tão suave e desapercebido avisou - Ja é hora de voltar! *Alba Regina Bonotto Psicóloga, filósofa clínica Curitiba/PR
SINTOMAS* Depois de escrever “Sinais”, fui desafiado a continuar no assunto e falar agora sobre os “Sintomas” do amor. Ainda não sou especialista no assunto, mas posso dizer que me dedico, e como sou movido a desafios, vou tentar. Pensei inicialmente em fazer uma divisão didática, semelhante ao que se faz com as patologias em medicina: sintomas leves, medianos e graves de amor. Não deu certo. Amor não é uma doença; paixão talvez seja uma espécie de confusão delirante com exaltação maníaca e por isto acumule tantos sintomas. Quando se trata de amor, este tipo de classificação não funciona. Não dá prá amar um pouquinho ou só de leve ou querer achar um rótulo para classificar. É um amor pobre aquele que se pode medir- Shakespeare. Ou se ama ou não se ama. Lembram do recado do amor? “Não aceitem menos que isto.” Por outro lado, não podemos confundir, existem várias formas e sintomas de amor. Cada individuo tem uma história de vida, uma personalidade e uma forma de amar própri
Estamos todos certos* Surpreende-me a voracidade com que algumas pessoas sentem necessidade de ter suas ideias e opiniões aceitas e compartilhadas. O espaço para troca de ideias, contrapontos e antíteses, para então gerar uma nova síntese, é reduzido a zero. Quando o interlocutor tem o mesmo perfil, a situação se agrava: transforma-se em diálogo surdo a conversa que podia ter sido prenhe de sentidos e pontos de chegada. Surpreende-me ainda mais quando, durante a discussão, surge a expressão: ‘você está errado’. Oras, tão simples é entender que, em toda e qualquer situação, a julgar pelo íntimo e historicidade de cada um, todos estão certos! Gerar uma opinião e posição sobre determinado fato nunca é aleatório, por mais que pareça, para decepção daqueles que gostam de apontar a mídia como formadora de rebanhos. Posicionar-se, mesmo que em cima do muro, exige, mesmo que inconscientemente, uma justificativa. Cada um é único, ímpar, singular, em sua trajetória. Simpatias e antipatia
Percepção...* Sinto-me mais perceptiva, não sei se eu mudei ou foi o mundo que mudou. Olho para o outro e compreendo suas complexidades por mais estranhas que possam parecer à muitos. Talvez esteja compreendendo melhor o meu "Eu" e, de repente, como num susto, o "Eu" do outro é tão meu que não me espanta mais certas atitudes. Talvez esteja me permitindo a dar maior atenção a minha sensibilidade ou talvez esteja passando por um profundo estado de compaixão. Só sei que a vida se torna mais possível quando tentamos compreender os motivos de todas as ações humanas. Por mais que nos pareçam diferentes essas ações há um porquê respeitável para tal. Ando pela rua e olho ao redor. Pessoas passam, riem, falam, brigam. Sinto-me como uma pessoa num grande teatro, onde cada qual, representa seu papel social. Inclusive eu! Mas, nesse momento, leio os sentimentos escondidos de certas personagens que não me passam desapercebidas e como num jogo aleatório quase sinto o "mo

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