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Do fim ao recomeço* Não sei…tem horas que bate umas coisas estranhas no coração. Um medo repentino de que todas as últimas escolhas tenham sido erradas. E se foram? Não dá pra voltar atrás. A vida é feita só de ida. Bate um medo de ficar sozinha, medo de ficar sem amigos. Medo de se perder no trabalho. Medo de se achar sem trabalho. O mercado de alto risco é perigoso. Ou se ganha muito ou se perde em demasia. Não sei se tenho corpo e alma nesse momento pra arriscar tanto assim. Ando com o coração machucado, com algumas feridas ainda por cicatrizar. Mas e se minhas apostas tiverem sido altas demais e o risco que corro for realmente elevado? Só o tempo irá dizer… o tão falado tempo… o temido! E enquanto vejo os minutos, as horas e os dias passarem, aguardando um fechamento para essa angústia, o que fazer com esse medo que insiste em gritar? E se foi tudo em vão? E se eu tivesse falado? E se eu tivesse calado? E se eu não tivesse largado? E se eu não tivesse arriscado? Agora não adianta
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXVI* Darwins do amanhã Se você se deixa levar pela fúria da conexão a cada cinco minutos, a chance de obter êxito na sua atividade diminui bastante. O escritor Malcolm Gladwell observa que os níveis de êxito obtidos em determinadas áreas estão relacionados com a pura prática deliberada na qual os indivíduos se envolvem dez mil horas pelo menos. Até os gênios, para serem gênios produtivos, têm que se dedicar. As consequências da hiperconectividade contemporânea começam a ser estudadas. Já sabemos que ela leva as pessoas a uma conexão profusa, mas superficial. Uma superficialidade perversa da qual pouco ainda sabemos. É muito bom precisar de uma informação e obtê-la em dois minutos. Não sei se é tão positivo se "entupir" de notícias, ti-ti-tis, não se aprofundar em nada e não se conectar verdadeiramente com ninguém. Para adolescentes, ajuda a forjar a identidade. Para a humanidade, pode vir a ser perda. O pensamento, para se desen
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXV* CONVITE À VIAGEM Existe um país soberbo, um país idílico, dizem, chamado Cocagne que eu sonho visitar com uma velha amiga. País singular, nascido nas brumas de nosso Norte e que poderia se chamar o Oriente do Ocidente, a China da Europa, tanto pela sua calorosa e caprichosa fantasia quanto por ela, paciente e persistentemente ser ilustrada por sábias e delicadas vegetações. Um verdadeiro país de Cocagne, onde tudo é belo, rico, tranqüilo, honesto; onde o luxo se compraz em se ver em ordem, ou a vida é livre e doce de se respirar; de onde a desordem, a turbulência e o imprevisto são excluídos; onde a bondade está casada com o silêncio; onde a própria cozinha é poética, rica e excitante ao mesmo tempo; onde tudo se parece contigo, meu anjo. Conheces essa doença febricitante que se apossa de nós nas gélidas misérias, essa nostalgia de um país que ignoramos, essa angústia vinda da curiosidade? É um lugar que se parece contigo, onde tudo é b
A Tristeza e os mil tons de azul da Alma* Chegou o momento de refletirmos sobre a loucura deste mundo que espera que todos sejam lindos, perfeitos, saudáveis e heróis. Uma ansiedade fica solta no ar no constante "tem que". Tem que ser eternamente jovem, eternamente bonito, eternamente magro, eternamente potente, eternamente culto e assim por diante. Todos desejam ser o Zeus ou Afrodite do Olimpo! Este é o grande problema, que precisa de muita, muita reflexão. A contemporaneidade é Solar, extrovertida, busca o brilho, o sucesso, o poder e por isto se defronta com tanta frustração e ansiedade. O ego heróico cria asas de cera, como Ícaro, e se derrete ao se aproximar do Sol. Sol demais cega e queima. Chega a hora que a Alma grita e nos impõe enfrentar a vastidão dos mil tons de azul, da tristeza a depressão. Ninguém está livre desta realidade profunda. Um dia, nos vemos mergulhados nos pantanais da alma, na floresta escura, no mar profundo. Neste momento, que vai da
Esclarecimento: Esse espaço artesanal de publicação, estudo, pesquisa, convívio em Filosofia Clínica surgiu da necessidade de democratizar os ensaios existenciais na forma de texto. Tornar acessível a expressividade de colegas, alunos e amigos envolvidos com o sonho da Filosofia Clínica. Novo paradigma terapêutico iniciado por Lúcio Packter, hoje a Filosofia Clínica encontra-se em um momento diferenciado de sua historicidade. Seu crescimento reivindica novos espaços de atuação, olhares, sentires, qualificação, desenvolvimento. Nosso horizonte se expande, ainda mais, com as novas parcerias, a chegada de colegas talentosos de outras abordagens, qualificação bibliográfica, novos eventos. Assim, nossa busca continuará acolhendo, registrando, socializando um conhecimento que vinha ficando de lado: a semiose escrita dos novos alunos, profissionais recém formados, veteranos e demais convidados. Desejamos boas visitas e revisitas! Um abraço fraterno, Coordenação
Luz e Sombra* Queridos leitores, paz! Hoje vamos refletir sobre a luz e a sombra. Inicio meu comentário com um pensamento que é creditado a Bertold Brecht: “Há homens que lutam um dia, e são bons. Há homens que lutam muitos dias e são muito bons. Mas há homens que lutam a vida inteira, estes são imprescindíveis”. O intelectual alemão, neste pensamento, provavelmente se referia ao engajamento político, a movimentos paredistas de contestação ao sistema, ao regime. E não há nada de errado nisso, pelo contrário. Mas quero focar este artigo não para o movimento político, mas para a construção individual, para o autoconhecimento, para autotransformação. Para muitas pessoas, crescer dói e dói medularmente. Não é fácil ser melhor não é? Os apelos são muitos, variados e travestidos de todo tipo de visgo. Essas pessoas precisam lutar um dia, muitos dias, a vida toda. E, provavelmente, será uma jornada difícil, mas recompensadora. Trago agora o psicólogo Carl Jung. Para ele, “não há des
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXIV* Ah! Os Relógios Amigos, não consultem os relógios quando um dia eu me for de vossas vidas em seus fúteis problemas tão perdidas que até parecem mais uns necrológios... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira. Inteira, sim, porque essa vida eterna somente por si mesma é dividida: não cabe, a cada qual, uma porção. E os Anjos entreolham-se espantados quando alguém - ao voltar a si da vida - acaso lhes indaga que horas são... *Mário Quintana

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