Pular para o conteúdo principal

Postagens

Sobre os deslizes das margens*

                                   Um cotidiano inacreditável aprecia sorrir enigmas a quem possui apenas certezas. Sua fonte de surpresas faz explodir a lógica bem ajustada dos princípios de verdade. Nesse saber estrangeiro, que se insinua por aí, existe um querer de erudição e pluralidade estética. A dialética dessas expressividades se mostra nas preferências, gosto, atitudes e alternância de papéis existenciais. Pressentir a pedra de toque pode significar uma originalidade em meio ao espírito de multidão. Como uma pátria exilada em si mesma, sua irrealização aprecia reescrever-se para além de uma vida acumulando raízes.  Ao espírito de rebanho, ser singularidade é a maior doença.   Através da linguagem delirante se anuncia uma poética quase incompreensível. Nesse imenso território de dúvidas, contradições, um sujeito ameaça surgir. Seu deslize existencial aprecia contradizer o mundo ordinário. Em meio a esses labirintos da subjetividade que quer a

Sob a Regência de Saturno*

Com sua foice vai ceifando. Mergulhando no mundo de Hades Traz a tona o invisível. Bravamente, se une a Netuno Promovendo manifestaçōes coletivas. Com as armas de Áries Promove mudanças repentinas Fazendo nascer novos ideais. Com o poder de Leão, Que tem a Vênus hospedada, Sai em defesa da liberdade, Da expressão e dos direitos humanos. Velho sábio Saturno, Instigando os pueres A ação transformadora e radical. Velho Sábio... Remove as catacumbas da corrupção Senhor do tempo, sabe que Esta é a hora de reformar O Planeta adoecido. Com os quatro cavaleiros do apocalipse. No triângulo de água Cuida de tudo, Instigando a todos Para inéditas e inovadoras soluções. Este é o tempo de recriar o mundo! Sucesso em seu grande empreendimento Senhor Cronos! Que tenhamos força Para renascer de suas cinzas. *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, escritora, filósofa clínica Juiz de Fora/MG

A realidade do amor*

"(...) Que sempre existam almas para as quais o amor seja também o contacto de duas poesias, a convergência de dois devaneios.  O amor, enquanto amor, nunca termina de se exprimir e exprime-se tanto melhor quanto mais poeticamente é sonhado.  Os devaneios de duas almas solitárias preparam a magia de amar.  Um realista da paixão verá aí apenas fórmulas evanescentes.  Mas não é menos verdade que as grandes paixões se preparam em grandes devaneios.  Mutilamos a realidade do amor quando a separamos de toda a sua irrealidade."    *Gaston Bachelard, in ' A Poética do Devaneio'  

Dançar para fluir no mundo*

Voltei para casa ontem à noite e durante a noite fria questionava o porquê da dança na minha vida. Descobri que cada vez que eu me movimento e sinto a energia de cada alongamento para preparar-me para a aula de dança vou despertando minhas células para a vida. Me sinto vibrante e viva quando danço! Talvez eu nem consiga mais parar de dançar nessa existência, vício que tanto me ilumina a alma! Gratidão por esse encontro tão profundo com o movimento. Minha intersecção com a dança tem sido muito construtiva e reveladoramente positiva. Andando pela cidade percebi a beleza de poder expressar felicidade pelo suor do movimento coreografado! Marcado! Preciso! Muitas vezes repetidos e ensaiado! Quase parece improvisado, mas não! Muita transpiração para aproximar-me da perfeição. De repente, percebi que estava perto de casa e olhei para alguns rostos ao redor. Observei que tantas são as questões que nem mesmo se minha bola de cristal não estivesse quebrado não conseguiria, de fato, des
Louvor do Revolucionário* Quando a opressão aumenta Muitos se desencorajam Mas a coragem dele cresce. Ele organiza a luta Pelo tostão do salário, pela água do chá E pelo poder no Estado. Pergunta à propriedade: Donde vens tu? Pergunta às opiniões: A quem aproveitais? Onde quer que todos calem Ali falará ele E onde reina a opressão e se fala do Destino Ele nomeará os nomes. Onde se senta à mesa Senta-se a insatisfação à mesa A comida estraga-se E reconhece-se que o quarto é acanhado. Pra onde quer que o expulsem, para lá Vai a revolta, e donde é escorraçado Fica ainda lá o desassossego. *Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas' **Tradução de Paulo Quintela
Fragmentos de vida e poesia* "Amo as pessoas. Todas elas. Amo-as, creio, como um colecionador de selos ama sua coleção. Cada história, cada incidente, cada fragmento de conversa é matéria-prima para mim. Meu amor não é impessoal, nem tampouco inteiramente subjetivo. Gostaria de ser qualquer um, aleijado, moribundo, puta, e depois retornar para escrever sobre os meus pensamentos, minhas emoções enquanto fui aquela pessoa. Mas não sou onisciente. Tenho de viver a minha vida, ela é a única que terei. E você não pode considerar a própria vida com curiosidade objetiva o tempo todo..." *Sylvia Plath

Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes*

" (...)Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se levam anos para se construir confi
Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes* "(...) Quem Poderá Calcular a Órbita da sua Própria Alma? As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma? (...)" *Oscar Wilde, in 'De Profundis'

Visitas