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Fragmentos de poesia, filosofia, vida*

"(...) Nesta trajetória, em parte minha, em parte de minhas ficções - já escritas ou ainda nem definidas - ficou-me a certeza de que o bem supremo não é a vida mas uma vida digna; o bem maior não é o amor mas um amor que dê alegria e paz - e que, mesmo se terminar, continuará nos aquecendo na memória. E que há sempre, em algum lugar talvez inesperado, a possibilidade de música e vôo. Não há fase da vida para ser paciente e virtuoso; não há idade para ser belo, amoroso e sensual. De todos os meus livros, este é especialmente uma série de reflexões, em prosa e em poesia, sobre os medos e alegrias, ganhos e perdas que nos traz o amor em suas várias formas. Ele nos faz melhores se tiver sido bom; nos ajuda a aceitar a transformação se tiver sido terno; nos ensina a respeitar a liberdade se tiver sido sagrado.  E se for tudo isso, certamente será um amor demorado, um amor delicado, um digno amor: mesmo doente vestirá seu traje de baile para não perturbar a calma de quem

Primavera*

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega. Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores. Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende. Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primei

Significados*

Minha estranha mania de significar! Olhei para dentro da minha bolsa e vi minha sapatilha. Pensei em retirá-la, mas de repente percebi que não queria. Pensei e pensei. Ora! Por que deixar minha sapatilha de dança dentro da minha bolsa? De minha alma surgiu a resposta, profunda e significativa.  Eu acredito na sorte que essa sapatilha me traz e quão bem me tem feito, depois de anos, voltar a dançar. Parece que se eu retirá-la da minha bolsa do dia a dia, minha vida não estará tão plena como sinto quando danço! Então, depois de muito me questionar, resolvi deixá-la na bolsa, junto com meus pertences mais íntimos e indispensáveis para os meus longos dias. Loucura? Fanatismo? Paixão? Fé? Não! Nada disso! Amor... Sim, amor pela arte do movimento que completa minha vida dando sentido a vários sentimentos escondidos e sufocados por anos. Libertação! Coragem de seguir em frente mesmo que tenham muitos que digam que o que faço e sinto é outra utopia. Será que minha estrutura d

Espacialidade*

Em Filosofia Clínica existe um tópico chamado de Espacialidade. Nele os filósofos estudam os tópicos chamados Deslocamento Curto e Deslocamento Longo, Inversão e Recíproca de Inversão. Destes quatro, gostaria de me dedicar primeiramente a dois deles: Deslocamento Curto e Recíproca de Inversão.  Deslocamento Curto pode ser definido como uma propensão ou característica da pessoa de estar voltada ao ambiente, ou seja, se ela está numa sala ela pode estar atenta às cores, disposição dos móveis, sons, enfim, ela estará conectada ao ambiente. Já a Recíproca de Inversão tem como característica estar voltado para o outro, estar atento ao outro no seu modo de ser. É necessário lembrar que trago aqui definições resumidas, apenas uma introdução. Uma pessoa que apresente abertura para estes dois tópicos ao mesmo tempo está atenta ao ambiente onde está inserida, assim como às pessoas que a rodeiam. Um exemplo simples: andando pelo supermercado com o carrinho de compras, a pessoa presta

Canto a mim mesmo*

Estão todas as verdades À espera em todas as coisas: Não apressam o próprio nascimento Nem a ele se opõem; Não carecem do fórceps do obstetra, E para mim a menos significante É grande como todas. Que pode haver de maior ou menor do que um toque? Sermões e lógicas jamais convencem; O peso da noite cala bem mais Fundo em minha alma. Só o que se prova a qualquer homem ou mulher, É o que é; Só o que ninguém pode negar, É o que é. Um minuto e uma gota de mim Tranqüilizam o meu cérebro: Eu acredito que torrões de barro Podem vir a ser lâmpadas e amantes; Que um manual de manuais é a carne De um homem ou de uma mulher; E que num ápice ou numa flor Está o sentimento de um pelo outro, E hão de ramificar-se ao infinito, A começar daí­, Até que essa lição venha a ser de todos, E um e todos possam nos deleitar E nós a eles. *Walt Whitman

Ser escritor*

Ser escritor é se permitir Mergulhar nos mundos Internos e externos Falar das dores e dos amores Da realidade e dos sonhos Comunicar as multiplicidades Do ser e existir! Sou poeta corre em minha veia Teias! *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, filósofa clínica, escritora Juiz de Fora/MG

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