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Individuação por integração*

Ao longo da história da Filosofia, uma entre tantas de suas buscas consiste em encontrar receitas que mostrem como o homem funciona, procurando apontar características universais e necessárias de qualquer ser vivente. Mesmo assim, praticamente dois mil e quinhentos anos após o início destes esforços cada vez mais se percebe que o ser humano é único. Sua participação em algumas características mais amplas não faz dele um igual a todos os outros. No entanto, na atualidade o que vem acontecendo com certa rapidez é a diferenciação por massificação. Explico: cada vez mais se busca ser diferente sendo igual. Um sujeito que vive no interior do Estado do Amazonas para ser diferente dos outros de sua cidade busca ter o melhor celular de todos. Esta regra também vale por aqui, ou seja, o sujeito busca ter características divulgadas pela mídia para ser diferente dos que estão ao seu redor. Esta é uma forma de diferenciação feita via massificação, como alguém que compra a me

Nasce o sol, e não dura mais que um dia*

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria.   Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. *Gregório de Matos Guerra

O Homem que Lê*

Eu lia há muito. Desde que esta tarde com o seu ruído de chuva chegou às janelas. Abstraí-me do vento lá fora: o meu livro era difícil. Olhei as suas páginas como rostos que se ensombram pela profunda reflexão e em redor da minha leitura parava o tempo.  De repente sobre as páginas lançou-se uma luz e em vez da tímida confusão de palavras estava: tarde, tarde... em todas elas. Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já as longas linhas, e as palavras rolam dos seus fios, para onde elas querem. Então sei: sobre os jardins transbordantes, radiantes, abriram-se os céus; o sol deve ter surgido de novo.  E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança: o que está disperso ordena-se em poucos grupos, obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas e estranhamente longe, como se significasse algo mais, ouve-se o pouco que ainda acontece. E quando agora levantar os olhos deste livro, nada será estranho, tudo grande. Aí fora existe o

Sobre flores e anjos*

Estava eu com meus botões, fazendo umas pesquisas de trabalho na internet, quando de repente me veio uma avalanche de pensamentos e uma imagem específica veio a minha mente. Como uma flor pode as vezes brotar no meio do caos?  Parei pra pensar sobre ela. Como é interessante o fato de mesmo depois de um turbilhão de acontecimentos, e parecer que se está no meio de furação ainda assim um flor linda consegue sobreviver a todos os fatos e aparecer lá, linda, singela, colorida, cheia de vida onde só há destruição. Ela ignora tudo ao seu redor e não se importante onde está ou quem está ao seu lado ela simplesmente é o que sabe ser: linda, cheirosa, alegre. Não deixa abalar sua essência mesmo quando tudo parece estar de cabeça pra baixo. Ela simplesmente vive, da forma que sabe, da maneira que dá. E isso tudo me fez refletir. Tem momentos na vida da gente que parece que um caminhão desgovernado veio e resolveu nos atropelar e deixar tudo de cabeça pra baixo, mais bagunçado im

As flores*

Que estranha magia devia possuir neste momento a linguagem humana para guindar a frase à altura da magnificência deste certame, a que a natureza pródiga emprestou, na pompa radiosa desta primavera doirada, toda a essência sutil da sua própria alma! E que palavra, por mais ungida que seja de requintado lirismo, por mais nimbada que seja de angelical meiguice, poderá celebrar, com segurança de expressão, toda a poesia infinita que vem de ti, ó flor, que és na missa da natureza, mal levanta a manhã, a hóstia perfumada que a terra agradecida eleva em oferenda ao sol! Companheira inefável do homem, expressão da sua ternura, celebradora dos seus ritos, mensageira do seu amor, canto da sua alegria, selo do seu afeto, tu és a simbolização da própria vida, presente sempre, com a tua fragrância e a tua graça, a tua irisação de felicidade ou a tristeza do teu destino, a toda a nossa existência tumultuária, desde as primeiras rosas, alfinetadas com carinho ao cortinado de um berço, até as de

Sabedorizar*

Querer e poder poder e querer querer e não poder poder e não querer não querer e poder não poder e querer não querer e não poder não poder e não querer querer e querer poder e poder querer e não querer poder e não poder não querer e não querer não poder e não poder salve o “e” e todas as suas possibilidades _/|\_ bem como o início de todas elas *Renata Bastos Filósofa, Mestre em Filosofia, Astróloga Clínica, Filósofa Clínica São Paulo/SP

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