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Marionetes*

“Valorize os seus limites e por certo não se livrará mais deles” (Richard Bach) Somos seres complexos e dinâmicos, moldados por circunstâncias e crenças que coexistem e são tão incontáveis quanto as estrelas no céu, que brilham divinamente alheias a nossa vontade. Elas (as estrelas) se infiltram pelas existências como a bruma penetra o vazio e preenchem de sentido o que lhe convém, não necessariamente a favor daqueles a quem iluminam, mas sempre em movimento e com um delicioso toque de mistério no ar. Somos também seres bizarros, suspensos por fios imaginários e à mercê de intenções que vasculham territórios – supostamente invioláveis – invadindo-os e arrebatando-os de sua frágil plasticidade. Ao cavalgar unicórnios delirantes pelas infindáveis e confortáveis redes, avança-se e penetram-se entrelinhas de um cotidiano fluido e surreal, composto de seres ávidos por utopia, que em muitos momentos não se importam em transgredir essências através de superficialidades. Tra

Doente, normal ou eu?*

Uma das discussões mais presentes no cotidiano das pessoas é sobre o que é a doença. Pode-se procurar a definição em diversos lugares, inclusive na internet. Doença é, em resumo, um distúrbio das funções de um órgão, da psique ou de um organismo. Então eu posso ter um coração doente, sofrer de uma doença mental ou sofrer de uma doença física. Parece simples, mas não é.  Quando olho apenas para um órgão e percebo que ele tem um distúrbio, por exemplo, meu coração funciona incorretamente e eu tenho pressão alta, pode-se dizer que tenho um órgão doente. Quando eu sofro de uma mania repetitiva, faço várias vezes a mesma coisa, nesse caso posso ser diagnosticado como transtorno obsessivo compulsivo. Neste caso, considera-se que estou com uma doença psíquica. Quando tenho um distúrbio sistêmico no meu corpo, como uma infecção, meu corpo está doente. O outro lado da discussão é sobre a normalidade. Não há como falar em doença sem falar em normalidade. A definição de normal encont

Perdas e ganhos*

"Não sou a areia onde se desenha um par de asas ou grades diante de uma janela. Não sou apenas a pedra que rola nas marés do mundo, em cada praia renascendo outra. Sou a orelha encostada na concha da vida, sou construção e desmoronamento, servo e senhor, e sou mistério. A quatro mãos escrevemos o roteiro para o palco de meu tempo: o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério." *Lya Luft

Paciência Teórica*

Querido leitor, que você esteja bem.  Hoje vamos refletir sobre paciência teórica.  Uma vez li um pensamento que realmente não recordo a sua autoria, que dizia: “Aprender, aprender, aprender... sempre!” Confesso que achei simples e profundo e nunca mais esqueci. Tanto é que relato ao querido leitor e à querida leitora neste dia. Mas para aprender geralmente é necessária uma gama muito grande de variáveis como estar bem alimentado, ter bons professores e boa escola, ter interesse, vontade, enfim, para aprender é preciso ter paciência. Algumas pessoas, inclusive, falam que a paciência é a virtude dos sábios. E, como sabemos, nesta sociedade de neon, paciência é o que quase ninguém mais tem. Lembro-me que no livro “Compostela – Muito além do Caminho de Santiago”, escrevi um artigo intitulado “Apressaram o mundo”, onde as atividades humanas que deveriam ser feitas com prazer estão virando um frenético repetir, repetir, repetir... sempre! Lenine, na música “Paciênci

Tabacaria*

Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo. que ninguém sabe quem é ( E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus ne

Cotidiano, poesia, filosofia*

Fico a pensar... E a pesar... Tempo sem tempo Excessos e tantas faltas Modelos de saúde perfeita e tanta doença Marginalidade por todo lado Corrupção aplaudida em votos Mundos paralelos no entorno Alienação midiática... Carnaval e futebol para mascarar O desamor fantasiado em amor - Quem é o Homem? - Quem somos nós? *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, escritora, filósofa clinica Juiz de Fora/MG

Literal_idades*

Uma expressão levada ‘ao pé da letra’ gostaria de significar-se sem intermediários. Descrever a alma do autor através das suas palavras, gestos, visões, inspirações. Traduzir estados de espírito tal e qual. Propor sua própria objetividade – nota promissória – da ciência tradicional. O dado literal reivindica a busca por uma intencionalidade sem rasuras. O sentido da autoria num instante, uma fotografia da estrutura de pensamento. Para acessar a região onde a representação tem origem se exige um conhecimento da subjetividade. Um fenômeno assim, em seus aspectos preliminares, requer uma aproximação de maior qualidade. Uma descrição para registrar a essência da linguagem singular. Ao sujeito, em busca de compartilhar-se, nem sempre é possível elucidar suas vontades. Eis um risco da interpretação especialista, a qual, distanciada da fonte discursiva, costuma cegar diante dos rastros da intenção primeira.   A partir dessa correspondência entre pensar e dizer, um querer en

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