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Fui Sabendo de Mim*

Fui sabendo de mim por aquilo que perdia pedaços que saíram de mim com o mistério de serem poucos e valerem só quando os perdia fui ficando por umbrais aquém do passo que nunca ousei eu vi a árvore morta e soube que mentia *Mia Couto

Caminhantes*

O que acontece Nas sombras? O que acontece Na luz? Somos isto e aquilo! Imperfeitos Em fruição! Nem bem Nem mal Apenas humanos. Meio bicho Meio anjo Caminhantes Peregrinos no existir. Em processo Nunca acabados. Para que complicar Se o que basta É viver? *Rosangela Rossi Psicoterapeuta, Escritora, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Fragmentos poéticos, filosóficos*

Viajar?  Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são. Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir. “Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do mundo”. Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o principio, é o nosso conceito do mundo. É em nós que as paisagens tem paisagem.  Por isso, se as imagino, as crio; se as crio, são; se são, vejo-as como ás outras. Para que viajar? Em Madrid, em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações? A vida é o que fazemos dela. As

Mundos*

Olhando pela janela, dentro de casa e até mesmo dentro de cada um há uma representação de mundo. Quando alguém diz que o mundo é ruim, mau, bom, certo, errado, isso é assim para a pessoa que disse, da maneira como ela disse. Isso pode ser algo que ela construiu a partir das próprias vivências, pode ser algo gravado do que outras pessoas disseram, também pode ser o resultado de uma longa e bibliográfica reflexão e assim será para cada um.  O mundo como uma representação foi uma teoria criada pelo filósofo Protágoras, do qual já se deve ter ouvido falar. Mas outro filósofo mais atual foi além, falou que o mundo é a minha representação, que não existem duas pessoas que vivam no mesmo mundo, assim como não existem duas representações. Sendo assim, em cada um de nós existe um mundo completamente diferente do mundo do outro e é a partir desta visão de mundo que a pessoa se posiciona diante daquilo que a cerca. E é justamente sobre isso que aqui vamos tratar. Algumas pessoas olha

Ainda para as moças*

Não há nada de muito novo atualmente. Só mais tarde, bem mais tarde, as meninas darão conta das escolhas que fizeram, ainda que não definitivamente, quanto ao modo de se comportarem, quanto às amigas que elegeram para frequentar, quanto às prioridades, aos rapazes e a relação com os pais. Não há nada de muito novo atualmente e observo articulações bem parecidas entre as moças de hoje com as das moças de algum tempo atrás. Vejo as moças de hoje e faço análises e comparações com a mocidade que eu vivi. As mesmas armações, ilusões, decepções e batalhas travadas entre ser e ter, ser e ser ou não ser. Ainda se roga por liberdade, ainda se pretende ser diferente e especial. A mais bonita, a mais sabida. Ainda se espera a felicidade, mesmo nos tempos de hoje, onde tão pouco se acredita no futuro, em Deus e na família. Ainda procuram o amor, ainda que disfarçado em autonomia sobre a sua sexualidade. Ainda querem amar e pobrezinhas, divididas entre os conceitos feministas, mal

O sonho*

Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passaram por suas vidas. *Clarice Lispector

A palavra mágica*

Certa palavra dorme na sombra de um livro raro. Como desencantá-la? É a senha da vida a senha do mundo. Vou procurá-la. Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo. Se tarda o encontro, se não a encontro, não desanimo, procuro sempre. Procuro sempre, e minha procura ficará sendo minha palavra. *Carlos Drummond de Andrade

Sobre a origem da poesia*

A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não-poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas. Como se ela restituísse, através de um uso específico da língua, a integridade entre nome e coisa — que o tempo e as culturas do homem civilizado trataram de separar no decorrer da história. A manifestação do que chamamos de poesia hoje nos sugere mínimos flashbacks de uma possível infância da linguagem, antes que a representação rompesse seu cordão umbilical, gerando essas duas metades — significante e significado. Houve esse tempo? Quando não havia poesia porque a poesia estava em tud

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