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Categoria Tempo*

Não te iluda, isto não é um texto. São tão somente anotações Devaneios, divagações Sobre o tempo interno Aquele que cada um tem o seu Mas o tempo depende do momento Aquele que cada um tem o seu Momento e tempo tomam uma só forma Aquela que cada um tem a sua Mas o tempo depende também da forma E a forma depende dos sentidos Os seis, além dos cinco Tempo momento formam um sentido! Quero que o tempo demore quando vejo beleza Quero que o tempo pare quando estou na natureza O tempo e o momento do brilho no olhar A forma que os sentidos te esclarecem O exato momento da plenitude Acorde da guitarra espanhola Acordando todos teus sentidos… Este é o tempo que quero só meu Momento que de forma alguma divido! Divido com quem tem o mesmo tempo Divido com quem tem a mesma forma De sentir todos os sentidos ao meu tempo Hoje resolvi brincar com as palavras Porque preciso que o tempo se apresse Que o tempo encontre alguma forma De apress

Ser Poeta*

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma e sangue e vida em mim E dizê-lo cantando a toda gente! *Florbela Espanca

Reflexões, apontamentos, poéticas*

Quando julgamos o outro a partir das nossas próprias fragilidades, nos afastamos muito de quem a pessoa é realmente e passamos a crer em mais um preconceito. Pode surgir desse fenômeno hábitos traduzidos em sofisticadas formas de mentir para nós mesmos e quanto mais mentiras construímos e acumulamos mais nos enganamos, nos iludimos e adiamos ou anulamos conquistas capazes de nos tornar realmente felizes. É mais fácil perceber e se encantar com a estética das formas ou da retórica do que captar as verdades, a essência dos conteúdos, das intimidades das coisas e da vida. Porventura, esse talvez seja o grande desafio e desafeto da linguagem, da poética e de toda a arte. O poeta e todo artista pode até dominar a estética, mas no fundo, visa mesmo é tocar a essência da sua arte na essência do outro, na essência da vida. É surpreendente como em tempos de cólera se torna cada vez mais difícil captar as verdades presentes nas essências dos discursos e dos gestos até mesmo por quem já nasc

Apontamentos de Estética Helênica II*

Toda arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa. Há duas formas de dizer – falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as projeções de um silêncio expressivo. Há que procurar em toda a arte que não é a literatura a frase silenciosa que ela contém, ou o poema, ou o romance, ou o drama. (...) A palavra é, numa só unidade, três coisas distintas – o sentido que tem, os sentidos que evoca, e o ritmo que envolve esse sentido e estes sentidos. (...) É por isto que o mais claro dostextos começa, quando é aprofundado ou meditado por este ou aquele, a abrir-se em divergência de íntimo sentido de um para outro; é que, havendo acordo, em geral, quanto ao sentido direto ou primário da palavra, começa a o não haver quanto aos sentidos indiretos ou secundários. (...) A arte que vive primordialmente do sentido direto da palavra chamar-se-á propriamente prosa, sem mais nada; a que vive primordialmente dos sentidos indiretos da palavra – do

Infância*

Passa lento o tempo da escola e a sua angústia com esperas, com infinitas e monótonas matérias. Oh solidão, oh perda de tempo tão pesada... E então, à saída, as ruas cintilam e ressoam e nas praças as fontes jorram, e nos jardins é tão vasto o mundo —. E atravessar tudo isto em calções, diferente de como os outros vão e foram —: Oh tempo estranho, oh perda de tempo, oh solidão. E olhar tudo isto à distância: homens e mulheres; homens, homens, mulheres e crianças, tão diferentes e coloridas —; e então uma casa, e de vez em quando um cão e o medo surdo trocando-se pela confiança: Oh tristeza sem sentido, oh sonho, oh medo, Oh infindável abismo. E então jogar: à bola e ao arco, num jardim que manso se desvanece e por vezes tropeçar nos crescidos, cego e embrutecido na pressa de correr e agarrar, mas ao entardecer, com pequenos passos tímidos, voltar silencioso a casa, a mão agarrada com força —: Oh compreensão cada vez mais fugaz, O

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