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Gente que eu gosto*

Antes de mais nada gosto da gente que vibra, que não é necessário empurrar, que não se tem que dizer que faça as coisas e que sabem o que tem que ser feito e o fazem em menos tempo que o esperado. Gosto da gente com capacidade de medir as conseqüências de suas ações. A gente que não deixa as soluções para a sorte decidir. Gosto da gente exigente com seu pessoal e consigo mesma, mas que não perde de vista que somos humanos e que podemos nos equivocar. Gosto da gente que pensa que o trabalho em equipe, entre amigos, produz às vezes mais que os caóticos esforços individuais. Gosto da gente que sabe da importância da alegria. Gosto da gente sincera e franca, capaz de opor-se com argumentos serenos e racionais às decisões de seus superiores. Gosto da gente de critério, a que não sente vergonha de reconhecer que não conhece algo ou que se enganou. Gosto da gente que ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê

Confiança...*

Há momentos de fragilidade de alma que a única alternativa para continuar caminhando é confiar. São nesses momentos que nos conectamos com o mais profundo que há em nosso "EU". Momentos de muitos desafios, dores por reconhecermos nossas sombras e hiatos de fé por um amanhã mais confortante. Se mantivermos nossos pés no chão da razão e nossos corações no divino que existe em nós, esses momentos poderão servir para um aprimoramento pessoal de grande valia. A reforma íntima tão pregada por muitas crenças se inicia a partir de nossas dores pessoais, entretanto, se faz necessário uma reflexão e um alargamento de consciência. Eu, particularmente acredito, que nada, absolutamente nada nessa existência é por acaso! Acredito que uma dor tenha um significado tão importante quanto a lucidez de uma vida saudável. Se aprendermos a significar de forma imparcial os acontecimentos diários, conosco ou com um próximo, perceberemos que a própria vida com sua habilidade de ensinar nos e

Despalavra*

Hoje eu atingi o reino das imagens, o reino da despalavra. Daqui vem que todas as coisas podem ter qualidades humanas. Daqui vem que todas as coisas podem ter qualidades de pássaros. Daqui vem que todas as pedras podem ter qualidades de sapos. Daqui vem que todos os poetas podem ter qualidades de árvores. Daqui vem que os poetas podem arborizar os pássaros. Daqui vem que todos os poetas podem humanizar as águas. Daqui vem que os poetas devem aumentar o mundo com suas metáforas. Que os poetas podem ser pré-coisas, pré-vermes, podem ser pré-musgos. Daqui vem que os poetas podem compreender o mundo sem conceitos. Que os poetas podem refazer o mundo por imagens, por eflúvios, por afeto. *Manoel de Barros

Espaços vazios*

Não vem a poesia Quando a alma entristece Ou vem triste A dor é dor mesmo Fria como este inverno Pedra áspera... O que deveria acontecer Não acontece Consome O que deveria ser consumado E se sofre Tudo sofre Sofre ele E sofre ela... Falta alguma coisa Para ele Ele sabe: É ela E falta alguma coisa Para ela: É ele E ela não sabe Ou não quer saber. Perambulam por aí Ele e ela Fazendo coisas erradas... *José Mayer Filósofo, Livreiro, Poeta, Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

O Existencialismo da Imagem Nua*

“O olhar do outro afeta o meu de um índice de cegueira. Mas a cegueira provoca a imaginação.” José Gil Eis a questão que me envolve às vezes na reflexão, se existe existencialista pós-moderno, depois, em outra linha do pensar, digo a mim com a convicção própria de um homem do século XXI, se é que existe mesmo, é o pós-moderno existencialista. Se existisse ainda existencialista, certamente não seria pós-moderno, seria um herdeiro do marxismo, seria um saudoso homem diante de questões pós-cartesianas, dentro de um embate profundo sobre a objetivação do sujeito. Só que isso passou. Se hoje se fala de existencialismo porque existe um resquício sartreano na linguagem que atravessou o século XX, e permanece no corpo de muito pós-moderno existencialista a extensão do tempo que se metamorfoseou, deixou de ter um único ideal. Tenho o pensamento no pêndulo do tempo, nas ruas de Paris, assim como tenho o olhar na imagem da história e disso posso ter uma certeza ‒ não a verd

Viver o Hoje*

Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro. Tempo para mim significa a desagregação da matéria. O apodrecimento do que é orgânico como se o tempo tivesse como um verme dentro de um fruto e fosse roubando a este fruto toda a sua polpa. O tempo não existe. O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas, mas o tempo em si não existe. Ou existe imutável e nele nos transladamos. O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então — para que eu não seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa — eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável minuto. E cultivo também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto. Quero me multiplicar para poder abranger até áreas desérticas que dão a ideia de imobilidade eterna. Na eternidade não existe o tempo. Noite e dia são contrários porque são o tempo e o tempo não se divide. De agora em diante o te

Instinto de Rebanho*

Em toda a parte onde encontramos uma moral encontramos uma avaliação e uma classificação hierárquica dos instintos e dos atos humanos.  Essas classificações e essas avaliações são sempre a expressão das necessidades de uma comunidade, de um rebanho: é aquilo que aproveita ao rebanho, aquilo que lhe é útil em primeiro lugar - e em segundo e em terceiro -, que serve também de medida suprema do valor de qualquer indivíduo.  A moral ensina a este a ser função do rebanho, a só atribuir valor em função deste rebanho. Variando muito as condições de conservação de uma comunidade para outra, daí resultam morais muito diferentes; e, se considerarmos todas as transformações essenciais que os rebanhos e as comunidades, os Estados e as sociedades são ainda chamados a sofrer, pode-se profetizar que haverá ainda morais muito divergentes. A moralidade é o instinto gregário no indivíduo. *Friedrich Nietzsche

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