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Reflexão n°.1*

Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio Nem ama duas vezes a mesma mulher. Deus de onde tudo deriva E a circulação e o movimento infinito.     Ainda não estamos habituados com o mundo Nascer é muito comprido. *Murilo Mendes

Versos e prosas*

Ser escritor... Ser poeta... Um exercício das almas livres. Rosângela Rossi O que nos leva a colocar para fora nossas dores e amores? Nossa lucidez ou nossa loucura? Nosso desejo altruísta ou nosso egoísmo? O que nos faz usar a linguagem escrita com tanta avidez? Lacan explica que inconsciente se estrutura pela linguagem. Será só pelo desejo de "nos fazer" que escrevemos?  Que deuses nos habitam e nos clamam a esta tão nobre ação? Somos mais sensíveis? Somos mais apaixonados? O que nos diferencia? F. Scott Fitzgerald (O Grande Gatsby) escreveu: "Você não escreve porque quer dizer alguma coisa. Você escreve porque tem algo a dizer" Truman Capote (A Sangue Frio) explicou: "Para mim, o maior prazer em escrever não está no assunto sobre o qual escrevo, mas na música interior em que essas palavras soam." Lord Byron (Don Juan) declarou: "Se eu não escrever para esvaziar minha mente, eu fico louco." Gustave F

A Necessidade da Filosofia*

A filosofia não brota por ser útil, mas tão pouco pela ação irracional de um desejo veemente. É constitutivamente necessária ao intelectual. Por quê? A sua nota radical era buscar o todo como um tal todo, capturar o Universo, caçar o Unicórnio.  Mas por quê esse profundo anseio? Por que não nos contentamos com o que, sem filosofar, achamos no mundo, com o que já é e aí está patente diante de nós? Por esta simples razão: tudo o que é e está aí, quanto nos é dado, presente, patente, é por sua essência um mero bocado, pedaço, fragmento, coto.  E não podemos vê-lo sem prever e verificar que está a menos a porção que falta. Em todo o ser que é dado, em todo o dado do mundo encontramos a sua essencial linha de fratura, o seu carácter de parte e só parte - vemos a ferida da sua mutilação ontológica, grita-nos a sua dor de amputado, a sua nostalgia do bocado que lhe falta para ser completo, o seu divino descontentamento.  Há doze anos, quando eu falava em Buenos Aires, definia

O que sente o elefante?*

                                        Verdades sociais estabelecem ligações entre as pessoas e os animais. João é forte como um touro! Covarde como um rato! Perigoso como uma cobra! Na observação contemporânea, fugaz e exterior pode ocorrer a tradução nesse sentido e bem qualificar a virtude ou vicissitude. O elemento temporal é importante para se perceber perdurar ou outro roteiro é traçado nas andanças existenciais do ser. Ao poderoso elefante se concebe a lembrança, a memória, o sentimento de que o tempo transcorrido guarda qualidades. Talvez a observação de que o animal elefante percorra longas caminhadas na sua trajetória de vida, perseguindo condições alimentares adequadas e sempre retornando ao mesmo local originário, mesmo diante dos obstáculos que se oponham, em uma vivência desafiadora, perfilou cemitérios para que seus iguais, naturalmente o próprio, venha a observar seus últimos dias, desta feita longe da manada, em vivência isolada e co

Gente que eu gosto*

Antes de mais nada gosto da gente que vibra, que não é necessário empurrar, que não se tem que dizer que faça as coisas e que sabem o que tem que ser feito e o fazem em menos tempo que o esperado. Gosto da gente com capacidade de medir as conseqüências de suas ações. A gente que não deixa as soluções para a sorte decidir. Gosto da gente exigente com seu pessoal e consigo mesma, mas que não perde de vista que somos humanos e que podemos nos equivocar. Gosto da gente que pensa que o trabalho em equipe, entre amigos, produz às vezes mais que os caóticos esforços individuais. Gosto da gente que sabe da importância da alegria. Gosto da gente sincera e franca, capaz de opor-se com argumentos serenos e racionais às decisões de seus superiores. Gosto da gente de critério, a que não sente vergonha de reconhecer que não conhece algo ou que se enganou. Gosto da gente que ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê

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