Escrever poesias é um ofício solitário. Mas de onde tira o poeta aquilo que escreve? De onde tira as cores para pintar suas flores? De onde tira a música para melodiar seus versinhos? O que faz o poeta ver belezas em qualquer cantinho, onde muitos nada vêem? O poeta é um solitário no seu ofício de escrever. Precisa acontecer, contudo, alguma coisa antes da escrita. Sua alma precisa ser tocada. Seu coração enternecido. Precisa ver um olhar que brilha. Escutar uma voz amável. Ouvir um sorriso infantil. Precisa sentir.... Não se comanda um poeta. Não se deve esperar nada do poeta em hora marcada. Poeta não é casa de doces e salgados para fazer encomendas. Aconteceu assim: Tinha um espelho velho que coloquei no meu jardim atrás de umas flores. Ficou lá um ano. Um dia ela me visitou. Mostrei-lhe o espelho e disse-lhe que era para as flores se olharem no espelho. Ela sorriu. Eu sorri. E a poesia nasceu: Eu tinha um espelho Muito velhinho Que coloquei no meu jardim
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