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O que torna uma pessoa feliz jamais dependerá da quantidade e da qualidade das coisas que ela possui ou acumula; felicidade de fato não depende de ter o melhor de tudo. Fundamentalmente, ser feliz depende de poder ser o melhor que pudermos agora. E quanto mais despertarmos a capacidade de ser, mais plenos de paz e amor seremos. Em outras palavras, a grande sacada mesmo consiste em aprender cada vez mais a fazer o melhor que pudermos com tudo aquilo que temos nas mãos. Ou seja, felicidade é diretamente proporcional à sabedoria e nem mesmo desenhando didaticamente conseguiremos conscientizar pessoas ainda indispostas a transcender. Mas é preciso seguir com ternura tentando até conseguirmos fazer a nossa luz crescer ao ponto de iluminar também escuridões alheias. Até mesmo os solos mais férteis precisam de gestos de cuidado para fecundar qualquer semente. Afinal, felicidade e paz dependem demais de escolha própria, amor e autoconhecimento. Musa! *Prof. Dr. Pablo Mendes

Valéry angustiado*

Leio em "Monsieur Teste", livro do genial Paul Valéry relançado, em edição ampliada, no ano de 1946, um ano após a morte do escritor: "Enfastiado de ter razão, de fazer o que tem sucesso, da eficiência dos procedimentos, tentar outra coisa". Na metade do século passado, Valéry ataca, assim, alguns dos valores mais divinizados em nosso século 21: o império da razão, a necessidade do sucesso a qualquer preço, o endeusamento da eficiência e do desempenho. A idolatria da vitória. Não vacila: diz. Não se poupa: expõe-se. Foi também um crítico de grande coragem intelectual. Em "Monsieur Teste", um dos livros mais importantes de Valéry (1871-1945), o filósofo se dedica a pensar o pensamento. Seu objeto não é o mundo, não está interessado em refletir a respeito das coisas a seu redor. Interessa-se, apenas, por sua própria maneira de pensar. Na edição ampliada que tenho nas mãos, estão incluídos fragmentos e anotações que Valéry pretendia acrescentar a seu

O que há para além dos portões da nossa vida ? *

Quantas vezes nos deparamos com limites, com muros que nos cercam e que não nos permitem ver para além da estrada histórica para a qual nos encaminhamos ao longo da vida? No nosso patamar existencial esse fenômeno costuma ser muito comum, o fato de não podermos ver para além da nossa trajetória, um horizonte fechado, limitado, onde o futuro se torna apenas duas ou três possibilidades, nos dando concomitantemente a impressão de um frágil controle regado à limitação. Às vezes ouvimos boas novas que parecem ser mágicas, distantes da nossa existência. Coisas como um horizonte infinito, como uma vida, vasta por onde possamos transitar e com seletividade vivenciar aquilo que verdadeiramente tem a ver conosco, deixando o restante para trás. Uma existência considerada utópica para a maioria. Para muitas pessoas o horizonte da vida é murado, é fechado, não há luz para além dele, não há nada... São cegos existenciais que somente enxergam aquilo que está ao seu limiar, sua periferia

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"Escrever é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida." "Não há linha reta, nem nas coisas nem na linguagem. A sintaxe é o conjunto dos desvios necessários criados a cada vez para revelar a vida nas coisas." "A interioridade não pára de nos escavar a nós mesmos, de nos cindir a nós mesmos, de nos duplicar, ainda que nossa unidade permaneça." "(...) a mentira não pode ser pensada como universal, visto implicar pelo menos algumas pessoas, que nela acreditam e que não mentem ao acreditar." "Félix Guattari definiu bem, a esse respeito, uma esquizoanálise que se opõe à psicanálise: 'Os lapsos, os atos falhos, os sintomas são como pássaros que batem com o bico na janela. Não se trata de interpretá-los. Trata-se antes de detectar sua trajetória para ver se podem servir de indicadores de novos universos de referência suscetíveis de adquirirem uma consciênc

Epifania*

Epifania (é uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo) Com a chegada da maturidade  e o nascimento da minha netinha, chegou também uma nova nota de amor pela vida. Tão  silenciosa quanto poderosa. Um verdadeiro reset na alma. Veio colocando os problemas no exato tamanho de sua realidade. Tudo ficou pequeno e o sentido da coisas se refaz a cada descoberta a cada espanto a cada sorriso da doce Tetê . Com ela estou vivendo doces momentos de epifania, me sentindo como a Clarice Lispector que inúmeras vezes redescobre as coisas e os acontecimentos mais simples como uma criança que se depara com algo pela primeira vez e vive o encantamento. da descoberta.                   A pequena  está  com 7 meses e a vovó está  a 4 meses sem fumar, depois de ter fumado mais de 30 anos.  Quando paro pra pensar,  tenho uma sensação estranha, afinal por muitos anos  acreditei que eu jamais conseguiria abondar este vício, mas consegui e a verdade é que sinto ter

Fragmentos filosóficos, delirantes***

"A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior." "Cada leitor procura alguma coisa no pema. E não é nada estranho que a encontre: já a tinha dentro de si." "Cada palavra ou grupo de palavras é uma metáfora. E desse modo é um instrumento mágico, ou seja, algo suscetível de tornar-se outra coisa e de transmutar aquilo em que toca." "Sim, a linguagem é poesia e cada palavra esconde certa carga metafórica disposta a explodir no momento em que se toque na mola secreta, mas a força criadora da palavra reside no homem que a pronuncia." "(...) um poema só se realiza plenamente na participação: sem leitor, a obra só existe pela metade" "A palavra, em si mesma, é uma pluralidade de sentidos" "(...) toda magia que não se transcende - isto é, que não se transfo

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