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Fragmentos filosóficos, delirantes*

"Aliás, uma intuição não se prova, se vivencia." "(...) o tempo é uma realidade encerrada no instante e suspensa entre dois nadas." "Veremos então que a vida não pode ser compreendida numa contemplação passiva; compreendê-la é mais que vivê-la, é efetivamente impulsioná-la." "O que pode haver de permanente no ser é a expressão não de uma causa imóvel e constante, mas de uma justaposição de resultados fugidios e incessantes, (...)" "Roupnel, como historiador minucioso, não podia ignorar que cada ação, por simples que seja, rompe necessariamente a continuidade do devir vital." "(...) ela leva em conta não apenas os fatos, mas também, e sobretudo, as ilusões - o que, psicologicamente falando, é de uma importância decisiva, porque a vida do espírito é ilusão antes de ser pensamento."  "No fundo, o indivíduo já não é mais que uma soma de acidentes - mas, além disso, essa soma é, ela própria, acident

Compreensão*

“O que seria a vida sem esquecimento.” Hans-Georg Gadamer Que bom envelhecer e esquecer, e que não devemos esquecer de viver, e que todo esquecimento é viver mais um pouco, é lembrar viver mais um tanto outro muito de vida. Porque viver é esquecer um pouco de tudo, é viver um tudo de nada dos poucos instantes vividos.  Viver e não deixar de sentir as imagens, de não deixar de provar o vento como se o olfato fosse um som a cruzar um eterno campo de vida, e nosso voltar para o tempo é cheirar mais um pouco do esquecido, do ar que passa sobre a cabeça. E um vasto oceano e todo movimento a desaguar na vida. E morder a vida com aquilo que o esquecer nos deixou sentir: Viver os últimos dias como se vivesse os primeiro anos de vida, viver por viver sem deixar de cuidar da vida. Viver sem as certezas da exatidão, das verdades, e sentir todas as verdades vividas nesse caminho de vida intensa. *Dr. Luis Antônio Paim Gomes Filósofo. Editor. Professor. Livre pensador. Po

Dá-me a tua mão*

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta.   De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia.   Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio. *Clarice Lispector

Sobre diminutivos*

Falo: -Vamos fazer um chimarrão? -Vamos.. -Só se você me pedir. - "Josezinho', vamos fazer um chimarrão...? Nunca pegou um apelido em mim... Já me chamaram de "Zezinho". Parece pequeno demais. Eu já me sinto no diminutivo. Zezinho me reduz a quase nada. Abraço a minha fumaça. Desenho sobre o meu nevoeiro. Toco-me para ver se ainda existo... Já me chamaram de "Zé". Zé é todo mundo e cada um. Parece uma bolinha de pingue-pongue na boca do povo. Sinto-me em praça publica... Já me chamaram de "José". Percebo-me duro e áspero. Me carrega ao mundo dos compromissos e responsabilidades. Lembra-me São José, Virgem Maria e Jesus... desculpa... é muito peso para carregar.... Já me chamaram de "Josezinho". Gosto. Me sinto um pouco mais comprido. Consigo olhar por cima do muro. Para espiar as flores do outro lado. E ela brincando no meio delas. Me espicho e consigo ver o horizonte, e além dele. E vejo ela retornando b

Antes do nome*

Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível muleta que me apoia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror. Adélia Prado*

Fronteiras do pensar!*

O que penso? É certo? Ou será errado? O que será que penso? E porque penso? Ou melhor, será que penso? Quantas vezes penso em um dia? Penso com razão? Fico a pensar! Sofro por pensar? Penso e me lembro do que penso? E será certo pensar? Pensei hoje? Pensarei amanhã? Será que pensei ontem? Serei um falso pensante? Seria possível pensar em etapas? Início, meio e fim! Que de alguma forma: seria o ontem, o hoje e o amanhã! Indiferente do que pensar só você manda nos seus pensamentos e mais ninguém! E acima de tudo! Você pensa o quê! Quando! E o quanto quiser pensar! *Marcelo Ávila Franco Psicólogo. Especialista em Educação. Estudante na Casa da Filosofia Clínica. Porto Alegre/RS

Receita de ano novo *

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto

Te convido*

À ouvir as ondas, Ouvir seu coração, ouvir o meu, ouvir o que o vento nos diz. Te convido: Aquietar os pensamentos, perceber o aqui e agora, respirar profundamente, depois suavemente. Te convido: sentir-se vivo, perceber-se como integrante desta cena, como natureza que és. Apenas, te convido... *Adriana Miranda Filósofa. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Seiscentos e Sessenta e Seis*

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… Quando se vê, já é 6ª-feira… Quando se vê, passaram 60 anos… Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio seguia sempre, sempre em frente… E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. *Mário Quintana

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