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Indiferença*

Características sutis Já não fazem diferença Salvo para os gentis O ser humano cultiva indiferença. Crendo ser 'sabido' Mas um tanto perdido Aprofundou-se na loucura Da correria sem ternura! *Dionéia Gaiardo Administradora de Empresas. Poetisa. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Prefácio*

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) — sem nome. Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé. Insetos errados de cor caíam no mar. A voz se estendeu na direção da boca. Caranguejos apertavam mangues. Vendo que havia na terra Dependimentos demais E tarefas muitas — Os homens começaram a roer unhas. Ficou certo pois não Que as moscas iriam iluminar O silêncio das coisas anônimas. Porém, vendo o Homem Que as moscas não davam conta de iluminar o Silêncio das coisas anônimas — Passaram essa tarefa para os poetas. *Manoel de Barros

A palavra interminável*

Existe uma suspeita, de caráter duradouro, sobre a essência da escrita pessoal. Essa trama de eventos cotidianos inscritos na historicidade de cada um. Pode ser uma mescla de lugares, recordações, períodos, épocas, relações, cultura. Um conjunto de momentos por onde a vida se irrealiza. Quase nunca considerada eficiente enquanto acontece, muitas vezes recuperada, quanto a importância e significado pessoal, bem depois, nalguma terapia, autobiografia ou menção por alunos, familiares, amigos. O ser interminável em cada um parece proclamar-se na forma ilimitada dos recomeços, enquanto duradouros. Um processo existencial que se desdobra em meio aos afazeres da vida prática, ela mesma integrante dessa eternidade efêmera que se move pelos dias. Uma fonte de aspecto inesgotável parece querer dizer sobre as possibilidades de ser e não-ser em cada um, na diversidade dos instantes, na superação daquilo feito para perdurar, para além de uma só forma. A natureza do que permanec

O homem, a luta e a eternidade*

Adivinho nos planos da consciência dois arcanjos lutando com esferas e pensamentos mundo de planetas em fogo vertigem desequilíbrio de forças, matéria em convulsão ardendo pra se definir. Ó alma que não conhece todas as suas possibilidades, o mundo ainda é pequeno pra te encher. Abala as colunas da realidade, desperta os ritmos que estão dormindo. À guerra! Olha os arcanjos se esfacelando! Um dia a morte devolverá meu corpo, minha cabeça devolverá meus pensamentos ruins meus olhos verão a luz da perfeição e não haverá mais tempo. *Murilo Mendes

Mudança de ar*

“...Um e Infindo, destruído, eu-truído. Luz havia. Salvação.” Paul Celan Isto não é um poema. A poesia é para lembrar o tempo difícil que está para começar, o tempo em que o livro deixará de ser o livro que ilumina. O livro é que clareia ideias, que faz viajar os corações dos leitores a outros mundos.  Estaremos em outro tempo? A escuridão das ideias me assusta, temo pelo fim do espaço em que tudo pode ser dito, lido e compreendido, em que o que valerá são os restos de pensamento. Quase nada! Apenas por ser lei.  Lei da exclusão, é que terá legitimidade. O mundo é esse eterno queimar, esse esquecimento do que é estranho ao Outro, o que não faz parte do meu pensamento, para os inquisidores faz parte do mundo.  Eu preciso de todos os pensamentos para poder escolher meu livro preferido, meu filme, a minha música. É preciso existir a distância para poder ver o que está por perto. *Prof. Dr. Luis Antônio Paim Gomes Filósofo. Editor. Escritor. Livre Pensador.

Bem no fundo*

No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela — silêncio perpétuo extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas. *Paulo Leminski

O menino que escrevia poesias*

Não era de flutuar nas superfícies. Primeiro mergulhava, para depois dar-se conta do perigo. Era do tipo que não conseguia não afundar. Vislumbrava as belezas nas profundezas. Sempre haveria uma salvação. Iludia-se, achando que seria acolhido nos braços das sereias. E sempre se salvara. Então, que fosse !!!! Decidia o que deveria ser. E morria abraçado. Até se convencer do contrário, o que nem sempre era fácil. Pois achava que só se metia em coisas que valiam a pena. Sendo passarinho, virava elefante e se afastava do bando para sofrer. Doía muitas vezes, como não!! Em verdade para ele doía sempre. Então que fosse, já que tinha que ser... Sabiam os mais próximos. Era torto das ideias. E perdido por natureza. Diziam que tinha um parafuso solto. Não sabiam que a linha de montagem ficara maluca e trocara as peças. Sua mãe que o diga. Não o teve. Achou-o encolhido num barco no meio do mar. E sorrindo, pensando no que viria.... Apegava-se as coisinhas pequeninas que os outro

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