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Vira e mexe*

Vira e mexe Ela ficava assim Mexia bem fundo Mexia com a vida Mexia a sopa Chutava o balde Mexia o vespeiro Com vara bem curta Mexia com a onça De peito aberto. Vira e mexe Ela assim ficava Virava a vida De ponta cabeça Virava uma fera Quebrava os copos Virava maluca De tanto certinha Virava-se em outra Virava santinha. Mexe e vira Mexia as cartas Virava-se do avesso Mexia os pauzinhos Virava a página Virava a mesa Mexia com todos Mexia em tudo Virava o jogo Virava silêncio Volta e meia Sem mais Nem menos... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Nas horas de grandes achados, uma imagem poética pode ser o germe de um mundo, o germe de um universo imaginado diante do devaneio de um poeta. A consciência de maravilhamento diante desse mundo criado pelo poeta abre-se com toda ingenuidade." "(...) como pode um homem, apesar da vida, tornar-se poeta ?" "(...) o devaneio nos dá o mundo de uma alma, que uma imagem poética testemunha uma alma que descobre o seu mundo, o mundo onde ela gostaria de viver, onde ela é digna de viver." "Que benefícios nos proporcionam os novos livros! Gostaria que cada dia me caíssem do céu, a cântaros, os livros que exprimem a juventude das imagens. Esse desejo é natural. Esse prodígio, fácil. Pois lá em cima, no céu, não será o paraíso uma imensa biblioteca ?" "Em seu ser atual, as palavras, acumulando sonhos, fazem-se realidades." "(...) ouvindo certas palavras, como a criança ouve o mar numa concha, um sonhador de palavras e

O Filósofo Clínico e a Misericórdia*

Para os católicos este é um ano em que a misericórdia deve ser vivenciada de um modo mais concreto. O Papa Francisco proclamou 2016 como o Ano Santo da Misericórdia. Mas você filósofo clínico que não é católico, nem mesmo cristão, deve estar se perguntando: “O que a misericórdia tem haver com a Filosofia Clínica?”. O termo “misericórdia” é formado pela junção de duas palavras em latim: miseratio (compaixão) + cordis (coração). Assim podemos dizer que misericordioso é todo aquele que tem um coração compassivo. Isto significa que você filósofo clínico que tem um coração compassivo é misericordioso, e isto independe se você professa alguma religião ou não. Até mesmo você que é ateu não deixa de ser misericordioso se cultiva na vida a misericórdia. A Filosofia Clínica é a arte do cuidado. Quem cuida ama e quem ama é misericordioso. A Filosofia Clínica não é dogmática e nela há espaço para reflexões de todas as ciências, inclusive a teológica. Santo Tomás de Aquino, cujas obras

Fragmentos Filosóficos Delirantes*

"Não existe nenhum organismo individual que viva em isolamento. Os animais dependem da fotossíntese das plantas para ter atendidas as suas necessidades energéticas; as plantas dependem do dióxido de carbono produzido pelos animais, bem como do nitrogênio fixado pelas bactérias em suas raízes; e todos juntos, vegetais, animais e microorganismos, regulam toda a biosfera e mantêm as condições propícias à preservação da vida." "A dinâmica dessas estruturas dissipativas caracteriza-se, em específico, pelo surgimento espontâneo de novas formas de ordem. Quando o fluxo de energia aumenta, o sistema pode chegar a um ponto de instabilidade, chamado de 'ponto de bifurcação', no qual tem a possibilidade de derivar para um estado totalmente novo, em que podem surgir novas estruturas e novas formas de ordem." "Na evolução, portanto, as bactérias são capazes de acumular rapidamente suas mutações ocasionais, bem como grandes porções de DNA, através da tro

Compreensão e Interpretação*

    “Não pretendo convencer ninguém, nem sequer ser convencido.” Paul Valéry (parte 2) Interpretar um acontecimento passa pela forma de como compreender um pouco do mundo, diria a voz no cotidiano. E que toda “interpretação se funda na compreensão” daquilo que pensamos como algo parte de nós, do que está no lado externo, no cotidiano a percorrer a significância de que o que se é compreendido se é projetado à interpretação. Existe a abertura ao mundo a partir da compreensão, o ser está presente no que está pensado. As circunstâncias movem o que está em curso, “o mundo já compreendido se interpreta”[1]. Não estou aqui a pensar a interpretação na esteira lógica do uso da linguagem, mas não posso deixar de lado as tentativas da hermenêutica na contribuição de como a interpretação poderá ser a via por onde os caminhos do olhar direciona-se em busca do compreendido. Poderia estar neste terreno seguro e verdadeiro, porém, demasiado superficial, para o curso das águas deste ri

O livro sobre nada*

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez. Tudo que não invento é falso. Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira. Tem mais presença em mim o que me falta. Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário. Sou muito preparado de conflitos. Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou. O meu amanhecer vai ser de noite. Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção. O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo. Meu avesso é mais visível do que um poste. Sábio é o que adivinha. Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições. A inércia é meu ato principal. Não saio de dentro de mim nem pra pescar. Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore. Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma. Peixe não tem honras nem horizontes. Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando nã

Beija Flor***

Nem sei se posso dizer isto. Há no ar uma interrogação. Faz-se no ar silêncio. No entre, uma pausa. Desamor pulula no egoísmo. Vaidades tomam o poder. Comparações criam complexos. Julgamentos são revólveres de projeções. Críticas se tornam jogos de saber/poder. Fofocas exaltam a inveja dos impotentes. Ressentimento alimentam mágoas. E, os ventos sopram... Os raios rasgam horizontes. Outono queima as matas. Num ato intenso de amor, Chega o Beija-flor. Em seu bico uma gota de amor. Treme beijando o orvalho. Seduz encantando e despertando. Analisa e se desfaz em graça. O mínimo se torna mais. Como mágica acende a lua. Distribui amor sem nada esperar. Entrega-se às flores e goza Na dança de SerAmor! *Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG ** do livro: Ser Amor que está no prelo

Valéry angustiado*

Leio em "Monsieur Teste", livro do genial Paul Valéry relançado, em edição ampliada, no ano de 1946, um ano após a morte do escritor: "Enfastiado de ter razão, de fazer o que tem sucesso, da eficiência dos procedimentos, tentar outra coisa". Na metade do século passado, Valéry ataca, assim, alguns dos valores mais divinizados em nosso século 21: o império da razão, a necessidade do sucesso a qualquer preço, o endeusamento da eficiência e do desempenho. A idolatria da vitória. Não vacila: diz. Não se poupa: expõe-se. Foi também um crítico de grande coragem intelectual. Em "Monsieur Teste", um dos livros mais importantes de Valéry (1871-1945), o filósofo se dedica a pensar o pensamento. Seu objeto não é o mundo, não está interessado em refletir a respeito das coisas a seu redor. Interessa-se, apenas, por sua própria maneira de pensar. Na edição ampliada que tenho nas mãos, estão incluídos fragmentos e anotações que Valéry pretendia acrescentar a seu

Jardim dos Amores*

A rosa há muito se desentendeu com a margarida, que sonhava com o amor do girassol que olhos tinha somente para o sol, e abandonou a acácia que de triste ficou só, mas um dia decidiu recomeçar e foi em busca do cravo, que sem nenhuma cerimônia disse estar comprometido com a tulipa. O gerânio ouviu a conversa e contou para a hortênsia, que apaixonada pelo cravo chorou noites e dias sem fim. Vendo as lágrimas da hortênsia a açucena foi consolar, que de nada conseguiu ajudar. Desesperada de tantos conselhos ouvir, foi em busca dos aromas da alfazema, que naquele dia estava em viagem, pois fora encontrar-se com a tulipa, que nos braços do cravo prometia juras de amor. Mas seu ardor mesmo em meio as juras de amor ainda germinava secretamente na esperança de um dia encontrar com a margarida, que abandonada foi pelo girassol. *Pe. Flávio Sobreiro Filósofo. Teólogo. Poeta. Estudante de Filosofia Clínica Cambuí/MG

Sonhos de singularidade*

Sonhei que havia um rio chorando em mim e nesse sonho, escolhi seguir o seu curso navegando no desconhecido rumo ao autoconhecimento da minha própria jornada. E foi assim até desaguar num mar de emoções e sensações profundas demais. E quando cheguei lá tive que continuar porque o mar não bastou em mim.  E prosseguindo cheguei no oceano que margeava o meu próprio continente chamado pessoa e lá, dentro de um instante estavam todos os outros, sim; percebi ali todos os continentes do mundo.  Ora, o mar não era meu, nem o oceano também; eu apenas os compartilhava doando tudo do melhor de mim. É incrível perceber o quão podemos ser plenos e unidos respeitando as singularidades de cada um que sempre são riquezas necessárias para a soma de qualquer totalidade que nos contempla e completa.  Mas o rio que outrora acreditei chorar em mim, na verdade, sempre verteu sorrisos convidando-me para navegar em seu curso afora. Ora pois, é quando o rio sorri que ele supera qualquer seca

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) não se trata de maneiras diferentes pelas quais algo real em si se revela ao espírito, e sim de caminhos que o espírito segue em direção à sua objetivação, isto é, à sua auto-revelação." "(...) o processo da formação da linguagem mostra como, para nós, o caos das impressões imediatas somente passa a se aclarar e articular no momento em que lhe 'damos nome', permeando-o, assim, com a função do pensamento linguístico e a expressão linguística." "Não apenas a ciência, mas também a linguagem, o mito, a arte e a religião caracterizam-se pelo fato de nos fornecerem os materiais com os quais se constrói, para nós, o mundo do 'real' e do espiritual, o mundo do Eu." "(...) o conteúdo que designamos como o 'agora' nada mais é do que a fronteira eternamente fluida que separa o passado do futuro." "(...) Somente assim se obtém uma solução crítica geral para a questão proposta por Kant, que buscava entend

Partilha*

Uma máscara aparece aleatoriamente no meio da multidão é o "V" de vingança, resta saber: que vingança é essa? São estarrecedoras as  razões distorcidas, que muitas vezes, ignoram  completamente a raiz de sua determinação. A politica sempre foi um prato cheio para projeções, quando alguém se enche de ódio para falar de um determinado politico  ou partido, o exagero e a exacerbação pode estar  denunciando algo inversamente oposto ao discurso,  aproveitando o personagem como um veiculo para desaguar frustrações de outra ordem. Algumas represas afetivas podem dar conta de justificar silenciosamente tais respostas comportamentais,   quando se trata por exemplo, de sentimentos antagônicos ligados a uma figura de  laço afetivo profundo, com  a proximidade de tal evidência, que não permitiria nem um tipo de sentimento se quer parecido com ódio.  A hera tecnológica sistematizou  a coisa da infestação humana excluindo o isolamento por percepção cognitiva, este a quem da no

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