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Ilusão*

“Ouvir meras fábulas talvez não seja o programa favorito de vocês – talvez queiram ouvir A VERDADE. Bom, se é isso que vocês querem, então é melhor procurarem outro lugar – mas juro pela minha vida que não posso dizer exatamente que lugar é esse.”  Paul K. Feyerabend O momento em que começamos a pensar mais e mais sobre o mundo, sobre os mistérios que envolvem um mundo coerente e a incoerência que temos em vivenciá-lo. Todos vivem no mesmo barco, a nau do mundo é a mesma no plano teórico no que concerne ao corpo, na relação do corpo com o mundo. Como proferiu Feyerabend em uma de suas últimas conferências, “Ademais, os cientistas, os senhores da guerra, os esfomeados e os abastados são todos seres humanos”. Existe uma ponte imaginária nesta minha perspectiva, pois, se estou a pensar em português (ironia da reflexão), é a busca cotidiana de conhecer a natureza do mundo. Não há pretensão nisso, a pior arrogância e delimitar o pensamento em uma representação do pensamento

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Como se visse alguém beber água e descobrisse que tinha sede, sede profunda e velha. Talvez fosse apenas falta de vida: estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedisse inundações." "(...) encontro a maior serenidade na alucinação" "Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois? - repetiu a menina com obstinação" "E havia um meio de ter as coisas sem que as coisas a possuíssem?" "(...) para nascer as coisas precisam ter vida"  "Já agora nem sabia se vira o céu por si mesma como quem vê o que existe ou se pensara em céu e conseguira inventá-lo" "(...) a praça de pedra se perdeu entre os gritos com que os carroceiros imitavam os animais para falar com eles" "(...) a vida que se leva por dentro não é a vida terrena" "Toda a parte mais inatingível de minha alma e que não me pertence - é aquela que toca na minha  fronteira com o

Conjugações existenciais*

Existe um lugar onde é possível reinventar-se em vida. Nesse refúgio intersubjetivo é crível desfazer e refazer as coisas, segredar vontades, qualificar ensaios existenciais, traduzir sonhos. Num contexto de significação flutuante, ampliam-se horizontes numa arte do encontro. Em um espaço de acolhimento, cultivo, reciprocidade, as narrativas compartilhadas sugerem uma hermenêutica do estar junto. Atiça expressividades na integração das incompletudes. Em busca de fluência discursiva, ao instituir um novo território, aponta originais no ângulo fugaz do instante. Algo mais acontece quando duas ou mais pessoas se encontram. Seu teor de abrigo é um farol na solidão dos exílios. Sua matéria-prima é a afinidade das palavras, por onde um extraordinário encontro se realiza. Com essa integração provisória da malha intelectiva, institui-se um chão para se ousar o não pensado, cogitado, tentado.  Nessa reunião de vontades, acessada numa determinada sintonia

Onde anda você ?*

Às vezes escrevo para te lembrar Por onde tu andas ,agora, Minha pequena amada? Seus passos por onde passam Que não cruzam mais com os meus? Minh'alma sabia desde sempre Então te pintei na ponta Da estrela da manhã Pendurei teu nome Na ponta da lua crescente. Quando de longe te vi Logo de saída percebi Que em mim também pensavas A harmonia da natureza Perdeu com o fim do nosso amor. Bateu mais forte meu coração Meu corpo sentiu uma vertigem Ah, teu canto, tua dança Teus lábios se abrindo Neste teu riso tão limpo. Ah, traga-me de volta o teu abraço Compramos uma charrete cheia de flores Com dois cavalos alados brancos E andamos pela Rua da Praia... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica. Porto Alegre/RS

Do bom, belo e aparentemente justo*

Maria tanto amava que ardia.. Mas até o último suspiro negaria... Era direita, a Maria. Só que todo santo dia numa saída ela pensava Bolava, rebolava, revirava. Nem mais dormia, a Maria. Ainda honesta, enlouquecida, definhava.. (nada bom)   Foi então que conheceu Teresa. Era bem puta, a vadia. (faria o que o Zé gostava que era também o que queria) (o duplamente bom)   Maria deu ao Zé , de presente, a Teresa E a si própria, deu João e deu ao João... Zé ficou alegre de repente. Cantarolava. Assobiava. Até sorria! Trazia flor pra Maria. Comprava carne de primeira. Vestido novo de chitão... Nem cogitava um João!!! (mas era justo, justíssimo!) Enquanto isso a Maria Agradecida ( e direita ) Trabalhava à tarde E à noite dormia. Cansada e feliz Com o seu Zé, a Teresa E com João., a Maria! (bonito, muito bonito, dona Maria!) "Quem em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez a si próprio?" (Niet

Leitor anarquista da Filosofia Cristã*

        “Quer dizer, no momento em que adentramos o espaço da memória, entramos no mundo.”** Paul Auster Gosto de ler os filósofos cristãos, principalmente os dos séculos XIX e alguns do XX. Assim, ao lê-los aprendo mais do que muita ironia vã da ignorância religiosa e fanática sobre Deus. Sou de fato um ser em movimento, mas o que nunca deixou-me impressionar é a latência reflexiva dos moralistas ao tratar da vida como se ela tivesse uma base sólida para todas os questionamentos.  Escamotear a existência em nome de um ser superior. De fato, a vida é onde tudo se inicia e tudo se perde no fim. O acontecimento tem seu apogeu. Os observadores mais atentos, os desavisados e dispersos, porém atentos, a todos que param um pouco para apenas sentir e deixar o tempo passar ou ficar parado no ato de pensar. Éttienne Gilson escreveu: O pânico que parece se apoderar dos apologistas sempre preocupados em não perder o último navio, é algo que lhes é natural, mas não deixa de ser

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O excesso é simplesmente revelador de um estado de espírito latente" "(...) existe uma interação entre a 'força vital própria' de um determinado indivíduo e as 'circunstâncias exteriores', ou seja, as determinações impostas pelo destino" "(...) da relação entre a subjetividade individual e a importância do meio, de qualquer ordem que seja" "Acrescentarei que o redobramento é a marca simbólicas do plural. Por isso, cada um torna-se um outro. Comunga com o outro e com a alteridade em geral" "(...) nenhum problema é definitivamente resolvido, mas que encontramos, pontual e empiricamente, respostas aproximadas, pequenas verdades provisórias, postas em prática no cotidiano, sem que se acorde um estatuto universal, oralmente válido em todo lugar, em todo tempo, e para cada um" "Há aqui uma antinomia de valores que merece ser pensada: a morosidade do instituído, a alegria do instituinte. Antinomia

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