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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O sonhador inventa a sua própria gramática" "O bricoleur , diz Lévi-Strauss, é aquele que utiliza 'os meios à mão', isto é, os instrumentos que encontra à sua disposição em torno de si, que já estão ali, que não foram especialmente concebidos para a operação na qual vão servir e à qual procuramos, por tentativas várias, adaptá-los, não hesitando em trocá-los cada vez que isso parece necessário, em experimentar vários ao mesmo tempo, mesmo se a sua origem e a sua forma são heterogêneos, etc." "Um sujeito que fosse a origem absoluta do seu próprio discurso e o construísse 'com todas as peças' seria o criador do verbo, o próprio verbo" "Não existe um verdadeiro termo para a análise mítica, nem unidade secreta que se possa apreender no fim do trabalho de decomposição. Os temas multiplicam-se ao infinito. Quando julgamos tê-los destrinçado uns dos outros e poder mantê-los separados, apenas constatamos que eles voltam a uni

A palavra devaneio***

É incomum notar a existência de algo que restaria silenciado, não fosse um olhar absorto, indeterminado. Sentir improvável de sonhar acordado. Esse lugar de refúgio à esteticidade acolhe um viajante das quimeras. Nessa região, onde eventos sem nome rascunham invisibilidades, é possível descobrir vias de acesso de essência não epistemológica. Seu teor de matriz intuitiva, ao pluralizar versões desconsideradas, faz acordar aquilo que dormia. Ao desalojar esses fenômenos, desconstrói o aspecto irrealizável das promessas. Esses momentos reivindicam a singularidade alterada para se mostrar. Assim a pessoa, deslocando-se por esses labirintos da interseção, ao ser ela mesma, já é outra. As estéticas do devaneio convidam ao exercício de ficção. Um desses lugares onde o inesperado atua. Inicialmente desconfortável nesse chão desconhecido, o sujeito pode vivenciar insegurança, dúvida, receio. No entanto, ao persistirem as visitas por esse ambiente especulativo,

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O povo só lê, só apóia, só populariza a quem escreve a língua que ele fala" "(...) a literatura no Brasil é mero diletantismo, a que só por irresistível pendor natural se entregam sonhadores, os quais mais naturalmente propendem para o verso, propício aos sonhos e fantasias, que para a prosa, mais amigas das realidades" "Não há prazer que valha o prazer mental. Todos os mais são passageiros, e deixam borras amargas" "(...) a alma da palavra é o sentido, e a sua forma apenas matéria perecível" "E a ideia que se pretende inocular na criança é mister que vá para o livro medida e pesada com o rigor do químico, sementes que vão germinar, para o resto da vida, em terreno virgem" "O prazer mental, porém, perfuma-nos o cérebro, irisa-o, e reconcilia-nos com a vida. Ora, é Machado de Assis o maior mestre que temos na arte sutilíssima de nos proporcionar ao espírito este prazer dos deuses. Lê-lo é arejarmos o cérebr

O equilíbrio e a harmonia

No lugar de equilíbrio, devemos buscar harmonia. Porque a ideia de se manter em equilíbrio perpétuo ou duradouro é muito frágil quando aplicada. Já tentou viver sempre se equilibrando numa corda bamba?  Nem mesmo o maior de todos os equilibristas lograria êxito dessa forma. Pois, equilíbrio serve somente para espetáculos ou para exibir-se em alguns momentos muito bem delineados. Mas viver em harmonia é uma medida ousada, provável e possível.  E bastaria buscar aprender cada vez mais sobre nós mesmos vivendo num caminho de descobertas de modos cada vez mais qualificados para lidar tanto com os momentos de adversidades quanto com os momentos de glória. Afinal, a vida é uma rica somatória de momentos que sempre valem a pena estar presente. Musa! *Prof. Dr. Pablo Mendes Filósofo. Educador. Escritor. Filósofo Clínico Uberlândia/MG – Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio, porque, já em sua profundidade, o ser humano tem o destino da água que corre" "A imaginação inventa mais que coisas e dramas; inventa vida nova, inventa mente nova; abre olhos que têm novos tipos de visão. Verá se tiver 'visões'. Terá visões se se educar com devaneios antes de educar-se com experiências, se as experiências vierem depois como provas de seus devaneios" "A vida real caminha melhor se lhe dermos suas justas férias de irrealidade" "Um instante de sonho contém uma alma inteira" "Os mitólogos amadores algumas vezes são úteis. Trabalham de boa fé na zona de primeira racionalização. Deixam pois inexplicado o que 'explicam', porquanto a razão não explica os sonhos. Também classificam e sistematizam um tanto depressa as fábulas" "Os sonhos que viveram numa alma continuam a viver em suas obras" "(...) uma valorização dos devaneios

Você fala como um livro*

Jogou o balde na cisterna Girou a roldana de volta E o balde voltou seco. O firmamento escureceu Veio um vento forte Inevitável vento norte. Sentou na terra seca Da livraria lá fora Pensativa olhou o céu. Livraria é um para-raios De atrair malucos Você fala como um livro! *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

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