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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"O espanto certamente foi, no passado, aquele espelho, de que tanto nos agrada falar, que trazia os fenômenos para uma superfície mais lisa e tranquila. Hoje, esse espelho está despedaçado, e os estilhaços do espanto tornaram-se pequenos. Porém, mesmo no mais minúsculo estilhaço, já não se reflete apenas um fenômeno isolado: impiedosamente, este arrasta consigo o seu reverso - o que quer que você veja, e por menos que veja, transcende a si próprio a partir do momento em que é visto" 

"Um poeta é original, ou não é poeta"

"Saber que não há nada depois da morte, algo terrível e que jamais poderá ser inteiramente compreendido, lançou sobre a vida um novo e desesperado caráter sagrado"

"Não se detém por muito tempo em lugar algum: parte tão rápido quanto chegou. Foge dos verdadeiros senhores e habitantes das gaiolas"

"(...) quando se recolhe com as palavras (...) a possibilidade de exprimir algo de outro modo inexprimível (...) a multiplicidade de nosso mundo também consiste, em boa parte na multiplicidade de nossos espaços de respiração" 

"Possuímos uma acentuada tendência a nos lançarmos sempre ao longínquo, indo constantemente de encontro a tudo aquilo que, estando imediatamente à nossa frente, deixamos de ver"

"(...) comecei a compreender que cada indivíduo tem uma configuração linguística própria, que o distingue de todos os demais. Compreendi que embora os homens falem uns com os outros, não se entendem; que suas palavras são golpes que ricocheteiam nas palavras dos outros; que não existe ilusão maior do que a opinião de que a língua é um meio de comunicação entre seres humanos"

"Um ser humano possui muitas facetas, milhares delas, e só por algum tempo pode viver como se não as possuísse"

"Cada indivíduo é o centro do universo, e é apenas porque o universo está repleto de tais centros que ele é precioso. Este é o sentido da palavra 'homem': cada indivíduo é um centro ao lado de incontáveis outros que são tão centros do universo quanto ele próprio"

"(...) os nomes das poucas pessoas que nos possibilitaram respirar, e sem as quais jamais teríamos suportado todos os outros dias (...)"

*Elias Canetti in "A consciência das palavras". Ed. Cia de Bolso. SP. 2011.

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