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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Escrever é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida"

"Não há linha reta, nem nas coisas nem na linguagem. A sintaxe é o conjunto dos desvios necessários criados a cada vez para revelar a vida nas coisas"

"(...) Nesse sentido as coisas são mais perigosas que os seres humanos: eu não as percebo sem que elas me percebam; toda percepção como tal é percepção de percepção"

"A interioridade não pára de nos escavar a nós mesmos, de nos cindir a nós mesmos, de nos duplicar, ainda que nossa unidade permaneça"

"A questão não é a dos dois indivíduos, os dois autores, mas de dois tipos de homem, ou de duas regiões da alma, de dois conjuntos inteiramente diferentes"

"(...) explorar os meios, por trajetos dinâmicos, e traçar o mapa correspondente. Os mapas dos trajetos são essenciais à atividade psíquica"

"O trajeto se confunde não só com a subjetividade dos que percorrem um meio mas com a subjetividade do próprio meio, uma vez que este se reflete naqueles que o percorrem"

"Félix Guattari definiu bem, a esse respeito, uma esquizoanálise que se opõe à psicanálise. "Os lapsos, os atos falhos, os sintomas são como pássaros que batem com o bico na janela. Não se trata de interpretá-los. Trata-se antes de detectar sua trajetória para ver se podem servir de indicadores de novos universos de referência suscetíveis de adquirirem uma consistência suficiente para revirar uma situação"

"(...) É como se alguns caminhos virtuais se colassem ao caminho real, que assim recebe deles novos traçados, novas trajetórias. Um mapa de virtualidades, traçado pela arte, se superpõe ao mapa real cujos percursos ela transforma"

"(...) a língua não dispõe de signos, mas adquire-os criando-os, quando uma língua age no interior de uma língua para nela produzir uma língua, língua insólita, quase estrangeira. A primeira injeta, a segunda gagueja, a terceira sobressalta (...)"

*Gilles Deleuze in "Crítica e clínica". Ed. 34. SP. 1997. 

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