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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) a ideia de verdade continua sendo o lugar por excelência do dogmatismo, pedra angular de todas as ortodoxias, sejam religiosas, filosóficas ou científicas" 

"Para pensar essa efervescência, talvez devamos voltar aos autores intempestivos, poetas, filósofos ou pensadores anômicos que, como Nietzsche, exortam a 'trazer à tona o contra-senso nas coisas humanas, sem se assustar (...) com isto fazendo avançar o conhecimento humano"

"É aí que tropeça o pensamento moderno. Obnubilado pela busca das causalidades e finalidades mecânicas, ele se mostra incapaz de apreender uma vida social sem projeto. A volta do nômade e outra formas do homem selvagem"

"Devo frisar que, desde sempre, o ato de pensamento esteve voltado para os que se fazem perguntas, e não para os que já têm as respostas"

"O sentido para a pessoa é fornecido pela pluralidade das máscaras que a constituem, e pelo contexto no qual suas diversas máscaras poderão expressar-se"

"Fazer o pensamento reverdecer. Tratar de reanimá-lo, com constância, e também com audácia, mantendo o contato com a vida. O que leva a relativizar a ciência. A fazer com que ela não se leve a sério. Pois a ciência não deixa de ser ciência a partir do momento em que se torna uma regra dogmática que não podemos transgredir ?"

"É instrutivo observar que, além da 'língua oficial', a do pensamento conforme, existe uma multiplicação de idiomas, discursos tipicamente tribais, enraizados nas práticas cotidianas, de qualquer ordem que sejam: musicais, esportivas, sexuais, culturais e até políticas ou mesmo intelectuais"

"Nascer com o mundo sem passar pelas palavras, eis efetivamente o que parece estar em jogo em toda as práticas tribais e em seus excessos"

"(...) a conexão social é feita mais de 'afinidades eletivas' que de contratos racionais. Ter ou não o 'feeling', será o critério essencial para julgar a qualidade de uma relação. E é nesse aspecto no mínimo evanescente que repousará sua durabilidade"

"A escolástica tem medo da vida. E toma a si a missão de inculcar por todos os meios esse temor"

"(...) o não-substancial, o vácuo é necessário para compreender o que está continuamente em devir"

"O imaginário societal tem uma autonomia específica. É móvel, fugidio, polimorfo, mas não menos eficaz. E somente um politeísmo epistemológico pode levar a entender o advento das figuras em torno das quais se estrutura a ligação social"

*Michel Maffesoli in "O ritmo da vida - Variações sobre o imaginário pós-moderno". Ed. Record. RJ. 2007.

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