Quis ser um dia,
jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada
colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.
Quis ser um dia,
jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.
Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão
cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão
Coração é terra que
ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada
deu, não.
Terra de lagedo, de
pedregulho,
- teu coração. Bati na
porta de um coração.
Bati. Bati. Nada
escutei.
Casa vazia. Porta
fechada,
foi que encontrei...
*Cora Coralina
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