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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*



"(...) é preciso ler um grande livro duas vezes: uma 'pensando', como Taine, outra sonhando, num convívio de devaneio, com o sonhador que o escreveu"

"(...) nos conduz para além de nós mesmos, para um outro nós mesmos"

"Uma das funções do devaneio é libertar-nos dos fardos da vida. Um verdadeiro instinto de devaneio é ativo na nossa anima; é esse instinto de devaneio que dá à psique a continuidade do seu repouso"

"Para as coisas, como para as almas, o mistério reside no interior"

"De todas as escolas da psicanálise contemporânea, a d C.G. Jung é a que mais claramente demonstrou ser o psiquismo humano, na sua primitividade, andrógino"

"Os poetas sempre imaginarão mais rápido que aqueles que os observam imaginar"

"O devaneio nos põe em estado de alma nascente"

"Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios. O romance por cartas exprime o amor numa bela emulação das imagens e das metáforas. Para dizer um amor é preciso escrever. Nunca se escreve demais. Quantos amantes não correm a abrir o tinteiro mal chegam de seus encontros amorosos! O amor nunca termina de exprimir-se e se exprime tanto melhor quanto mais poeticamente é sonhado"

"Mas não é menos verdade que as grandes paixões se preparam em grandes devaneios. Mutilamos a realidade do amor quando a separamos de toda a sua irrealidade"

"Nas horas de grandes achados, uma imagem poética pode ser o germe de um mundo, o germe de um universo imaginado diante do devaneio de um poeta. A consciência de maravilhamento diante desse mundo criado pelo poeta abre-se com toda ingenuidade"

"(...) as vidas imemoriais que dormitam para além das mais velhas lembranças despertam em nós sob o influxo de sua chama e nos revelam as regiões mais profundas da nossa alma secreta"

"Queremos estudar não o devaneio que faz dormir, mas o devaneio operante, o devaneio que prepara obras. Os livros, e não os homens, são assim os nossos documentos, e todo o nosso esforço ao reviver o devaneio do poeta consiste em experimentar o caráter operante"

*Gaston Bachelard in "A poética do devaneio". Ed. Martins Fontes. SP. 2001.

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