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Postagens

Sobre Singularidades*

Com licença, amigos. Eu enxergo "coisas". "Coisas" , assim meio malucas. E que os outros não enxergam. Mas, você diria: - Ah, mas todos nós enxergamos "coisas", que os outros não enxergam. Sim. sim. assim realmente é. Gosto de pensar "coisas" complexas e complicadas. Para depois simplificá-las. Sou um privilegiado: é que eu convivi dia e noite, com uma pessoa querida, e que pela medicina tradicional apresentava sintomas de esquizofrenia. Creiam-me: como aprendi com a minha amada!!! Desde momentos de desespero, no início, quando não sabia o que fazer. Até momentos que conseguíamos compartilhar nossas fantasias. As dela e as minhas.Umas mais significativas que as outras. E conversávamos e ríamos sobre nossos mundos encantados. Aprendemos, eu e ela, a visitar o mundinho um do outro.... Creiam-me, uma vez mais: Como aprendi "coisas" com a minha amada!!! Agora compreendo um pouquinho melhor. Acompanho aulas de Filosofia

Felicidade Neurótica*

(...) - Não te assustes, continuo a ser a mesma velha Madeline.  Ouve o que encontrei hoje na biblioteca, quando estava a ler os jornais.  Escuta. - Tirou um pedaço de papel da algibeira do jeans. - Copiei de um jornal. Palavra por palavra. Journal of Medical Ethics. «Propõe-se que a felicidade » - levantou os olhos do papel e esclareceu: - o itálico na felicidade é deles - «Propõe-se que a felicidade seja classificada como perturbação psiquiátrica e incluída em futuras edições dos manuais de diagnóstico especializados sob a nova designação de importante perturbação afetiva, do tipo agradável.  Numa resenha da literatura relevante está demonstrado que a felicidade é estatisticamente anormal, consiste num discreto aglomerado de sintomas. Está associada a uma ordem de anomalias cognitivas e provavelmente reflete o funcionamento anormal do sistema nervoso central. Persiste uma possível objeção a esta proposta: a de que a felicidade não é avaliada negativamente. No entanto,

Magia, loucura, poesia*

Nem sei o que pensar somos todos dementes e nossa loucura tem suas magias. há um mundo de possibilidades ah! nadar no oceano de livros decifrar Enigmas mil portas abertas mistérios a serem desvelados matemáticas e filosofias psicanálise e alquimias herméticos construímos caminhos de pedras é possível jogar xadrez no túnel do kairos E,enlouquecer em Roma de amor *Rosangela Rossi Psicoterapeuta Analítica, Escritora, Poetisa, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Aprender a Ver*

Aprender a ver - habituar os olhos à calma, à paciência, ao deixar-que-as-coisas-se-aproximem-de-nós; aprender a adiar o juízo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados. Este é o primeiro ensino preliminar para o espírito: não reagir imediatamente a um estímulo, mas sim controlar os instintos que põem obstáculos, que isolam.  Aprender a ver, tal como eu o entendo, é já quase o que o modo a-filosófico de falar denomina vontade forte: o essencial nisto é, precisamente, o poder não «querer», o poder diferir a decisão. Toda a não-espiritualidade, toda a vulgaridade descansa na incapacidade de opor resistência a um estímulo — tem que se reagir, seguem-se todos os impulsos.  Em muitos casos esse ter que é já doença, decadência, sintoma de esgotamento, — quase tudo o que a rudeza a-filosófica designa com o nome de «vício» é apenas essa incapacidade fisiológica de não reagir. — Uma aplicação prática do ter-aprendido-a-ver: enquanto discente em geral, chega

Médicos e detetives***

O diagnóstico de uma doença é como uma tarefa sherlockiana. Cada paciente fornece uma série de sinais e sintomas exclusivos, que precisam ser interpretados para se chegar a um diagnóstico.  O paciente vai contando uma história, mostrando algumas pistas, deixando alguns sinais, para que sejam investigados. Cada caso é um caso.   O médico vai sendo desafiado todo instante a entrar no mundo do paciente e conhecê-lo. Pode perceber, por exemplo, que a dor referida não coincide com o local da lesão, que não existe ferida alguma que justifique aquele pranto ou dor, que a chaga se apossou do paciente, mas a causa está na família, que os sinais e sintomas direcionam para o lado oposto da história relatada, que não é a morte o maior medo do paciente, que não é a doença o motivo do sofrimento. Como decifrar estes enigmas? Ao entrar realmente no mundo do outro, identificando-se com seu modo singular de viver, não se volta o mesmo. Volta-se com todas as experiências adquiridas. Alguns

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