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Texto de consulta*

1   A página branca indicará o discurso Ou a supressão o discurso?   A página branca aumenta a coisa Ou ainda diminui o mínimo?   O poema é o texto? O poeta? O poema é o texto + o poeta? O poema é o poeta - o texto?   O texto é o contexto do poeta Ou o poeta o contexto do texto?   O texto visível é o texto total O antetexto o antitexto Ou as ruínas do texto? O texto abole Cria Ou restaura?     2   O texto deriva do operador do texto Ou da coletividade — texto?   O texto é manipulado Pelo operador (ótico) Pelo operador (cirurgião) Ou pelo ótico-cirurgião?   O texto é dado Ou dador? O texto é objeto concreto Abstrato Ou concretoabstrato?   O texto quando escreve Escreve Ou foi escrito Reescrito?   O texto será reescrito Pelo tipógrafo / o leitor / o crítico; Pela roda do tempo?   Sofre o operador: O tipógrafo trunca o texto. Melhor mandar à oficina O texto já truncado.     (...)

Atuar ou ser você mesmo? Dualismos da vida!*

Em nossa última coluna sobre os papéis existenciais abordaremos dois aspectos importantes e dilemáticos. PERGUNTA: Seria possível perde-se de si mesmo enquanto atua em determinado papel existencial ou função social? Seria possível que você usasse por tanto tempo um rótulo, uma roupagem, um papel profissional que, sem perceber, você tenha se tornado ele? Semelhante ao ator que ao perder-e de si mesmo passa a agir e a acreditar constantemente que é um dos personagens que representava? Sim! É possível nos perdermos de nós mesmos e nos tornarmos aquilo que durante muito tempo assumimos como identidade. Muitas pessoas tornam-se seus rótulos, seus papéis sociais de forma tão profunda que o sujeito já não mais existe, o que existe é pai, o empresário, o doente, o médico, o terapeuta... E aquilo que deveria ser apenas uma roupagem, um rótulo, uma forma de agir em determinada circunstância, passa a ser a própria pessoa. Muitas assumindo papéis que em nada lhes diz respeito. PER

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Os resultados da investigação de homens que despertam só tocam a despertos. O método é revolucionário: em lugar do passado, o presente, investigação em lugar de cantos conclusivos, tarefa em andamento de que se ignora o fim." "O filósofo, como os heróis legendários, afronta as portas vedadas aos viventes." "Heráclito suspeita do que se expõe à observação. Prefere as sombras, porque é aí que a vida se esconde." "(...) A noite sustenta o dia na contradição." "Há sabedoria em conviver com o raio. Apanhar o momento único em que o raio luz: uma ideia, um som, momento que não se repete nunca mais, capaz de gerar ideias e palavras e sons." "A poesia só germina nos golpes que afrontam a inércia e abrem caminho ao desconhecido." "Heráclito vê, entretanto, na linha traçada sobre a curvatura do vaso, a convergência dos contrários, pois aí a linha reta se dobra." "Na procura de si mesmo eme

Pensar sem Mitos*

“Quando dois filósofos não concordam em relação ao ser, eles não concordam em nada.” Étienne Gilson Havia muito tempo que eu só pensava, passei alguns anos, dias em pensamentos, totalmente absorto. Era uma disputa entre o que eu estava a pensar e o que externamente me cercava. Acordo sob a égide do panegírico dos homens engravatados que discursavam, mostravam uma tecnologia do século XX, depois disso pensei: realmente, o mundo é feito apenas de convicções. Voltei aos pensamentos. No outro dia o líder maior das minorias e maiorias desanda a desvendar a realidade vazia e a perplexidade em que as pessoas se encontram. Mais uma vez sem convicções, me tornei mais cético do que já sou. Não a ponto de cometer uma asneira existencial e me agarrar a uma promessa prometeica. Tenho respeito ao mito, mas àqueles que foram forjados, e ninguém com mais de cinco anos leva a sério esses mitos. Errado. Todos se agarram a mitos. Ao homem cabe o argumento, aos deuses não cabe nada, aliás

Sobre a origem da poesia*

A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não-poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas. Como se ela restituísse, através de um uso específico da língua, a integridade entre nome e coisa — que o tempo e as culturas do homem civilizado trataram de separar no decorrer da história. A manifestação do que chamamos de poesia hoje nos sugere mínimos flashbacks de uma possível infância da linguagem, antes que a representação rompesse seu cordão umbilical, gerando essas duas metades — significante e significado. Houve esse tempo? Quando não havia poesia porque a poesia estava em tudo

Papéis Existenciais*

Fiz mímicas Fiz-me de ator Personagem de mim mesmo Representei o teatro Da minha vida Para que você entendesse. Mas, outra vez, você riu Você riu, uma vez mais Ah!!! porque você riu? Espere um pouquinho mais Não te contaram ainda Que você não deveria rir? Ah!!! porque você riu, assim? Quem deveria rir era eu... Não rio por pouco. Então chorei Tava no "script", assim Promete para mim, vai Rirmos juntos, só no final? Ainda não te contaram Que não deverias rir? Ah!!! Não te contaram ainda O que você não pode fazer Para me deixar triste? O que te faz rir Por vezes me faz chorar.... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Filósofo Clínico da Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Os Poemas*

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti… *Mário Quintana

O menino que carregava água na peneira*

Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso. O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio, do que do cheio. Falava que vazios são maiores e até infinitos. Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito, porque gostava de carregar água na peneira. Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de modificar a tar

Conjugações existenciais*

Existe um lugar onde é possível reinventar-se em vida. Nesse refúgio intersubjetivo é crível desfazer e refazer as coisas, segredar vontades, qualificar ensaios existenciais, traduzir sonhos. Num contexto de significação flutuante, se ampliam horizontes numa arte do encontro.   Em um espaço de acolhimento, cultivo, reciprocidade, as narrativas compartilhadas sugerem uma hermenêutica do estar junto. Atiça expressividades na integração das incompletudes. Em busca de fluência discursiva, ao instituir um novo território, aponta originais no ângulo fugaz do instante.   Algo mais acontece quando duas ou mais pessoas se encontram. Seu teor de abrigo é um farol na solidão dos exílios. Sua matéria-prima é a afinidade das palavras, por onde um extraordinário encontro se realiza. Com essa integração provisória da malha intelectiva, se institui um chão para se ousar o não pensado, cogitado, tentado.  Nessa reunião de vontades, acessada numa determinada sintonia, é possível transce

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